Aos 35 de carreira, Marcos Palmeira acumula os mais diversos trabalhos

Aos cinco anos, Marcos Palmeira já estava em um set de filmagem. Ele estreou em Copacabana Me Aterra, em 1969, dando trabalho para a equipe do longa-metragem, pois o ator mirim insistia em olhar para a câmara. “Pensava que não podiam ver que era eu que estava olhando”, diverte-se. Hoje aos 40 anos, o ator carioca que vive o badalado produtor de cinema Fernando Amorim de Celebridade ainda sente a tentação de olhar para a câmara. “Às vezes dá vontade sim”, confessa Marcos.

O carioca de sorriso sincero jamais imaginou que teria o glamour necessário para ocupar o posto de galã da novela das oito. À vontade em seu amplo apartamento na Zona Sul do Rio de Janeiro, Marcos vibra com o momento que passa na carreira. “Evolui como ator e trilhei o meu caminho de forma natural”, acredita.

Filho do produtor e cineasta Zelito Viana e sobrinho de Chico Anysio, Marcos tem uma carreira marcada pelo trânsito entre o cinema, a tevê e o teatro. Atualmente, pode ser visto no filme Dom, de Moacyr Góes, o 27.º longa de sua carreira. Também está em cartaz em Niterói, no Rio de Janeiro, com a peça Mais Uma Vez Amor, ao lado de Guta Stresser, e chega à 13.ª novela com um personagem que é pai de dois rapazes. “Isso mostra que estou amadurecendo como homem”, valoriza. Marcos admite que quando se deparou com os “marmanjões” Bruno Ferrari e Bruno Gagliasso, ficou inseguro se iriam acreditar que seriam seus filhos. “Mas estamos investindo no afeto de pai e filho e não vou me preocupar com isso”, garante.

P – Você iria para uma dessas “ilhas de Caras” da vida?

R – Provavelmente não. Porque se vou para a Ilha de Caras, se chamo a Caras para ir no meu casamento, a Quem para fotografar o meu aniversário, dou uma coletiva para o TV Fama, vou abrir espaço para falarem da minha vida. Se começo a expor a minha vida pessoal, ela passa a ser uma ficção. Vira história de novela. E dizer que é o leitor que só quer saber das fofocas é menosprezar o público. Está na hora da mídia também se questionar eticamente. O que é venda de matéria e notícia. É preciso respeitar o leitor e considerar ele como um ser inteligente, interessado em coisas novas. E não só no lixo, porque muitos só oferecem o lixo ao público, que não é burro e sabe que está consumindo lixo. É como comer um sanduíche do McDonalds. Você sabe que naquele dia fez um rango junk.

Vivendo no ritmo da natureza

Marcos Palmeira tem orgulho em utilizar a própria fama para desenvolver o projeto que considera o mais importante da sua vida. É a fazenda Vale das Palmeiras, que ele comanda há sete anos em Teresópolis, região serrana do Rio. O local tem 200 hectares, 30 funcionários, produz mensalmente 10 toneladas de alimentos orgânicos e 200 litros de leite por dia e já tem até um site na internet – www.valedaspalmeiras.com.br. A fazenda não utiliza nenhum tipo de pesticida, fungicida ou hormônio na produção de legumes e verduras, como agrião, brócolis, espinafre, beterraba e cenoura.

Com planos para fazer as primeiras exportações para Portugal, o ator está empenhado em levar o modelo de sua fazenda para outros estados do País. Um dos projetos que a Vale das Palmeiras está participando é da revitalização da região semiárida do Xingó, entre Bahia, Alagoas e Sergipe. “Também já estamos em contato com agricultores da região Sul”, adianta. O ator também trata os seus animais de forma natural. “Eles são criados soltos, sem uso de antibióticos e são tratados com homeopatia”, ressalta. A ligação de Marcos com o campo vem desde a infância. “Passei a infância com meu avô na fazenda no interior da Bahia, em Itororó”, explica.

Aliás, Marcos já fez aventuras bem distantes da cidade grande. Em 1979, por exemplo, morou dois meses em uma aldeia Xavante no Mato Grosso. Marcos adora ter sua imagem vinculada a produção de alimentos sem agrotóxicos. E deixa escapar um ligeiro constrangimento por aparecer em propaganda de cerveja. O ator garante que só topa esse tipo de publicidade porque tem a ver com ele, que se diz um bebedor de cerveja como qualquer “peladeiro”. “Juntei o útil ao agradável. Ganhei um dinheiro vendendo um produto que eu mesmo consumo”, minimiza o ator.

Entre as novelas e o cinema

Marcos Palmeira aponta com certa dificuldade os dois trabalhos televisivos que considera o ponto alto e baixo de sua carreira. O ator acredita que Renascer, em que viveu o peão João Pedro, foi a novela que impulsionou a sua trajetória na tevê. “Depois de Renascer é que consegui me firmar na profissão de alguma maneira, pondera Marcos sobre a novela de Benedito Ruy Barbosa dirigida por Luiz Fernando Carvalho em 1993 na Globo. Já Salsa e Merengue, de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa, é a produção que ele menos gostou de sua performance. Ele interpretou Valentim, um conquistador que descobre que é filho de uma família endinheirada e ainda tem de doar a medula para um irmão. “Não acertei muito a mão nesta novela porque o personagem deixou de ser o que era”, afirma.

Com 32 filmes entre longas e curtas-metragens, Marcos tem orgulho do seu vasto currículo no cinema. O ator garante que em breve pretende se aventurar na direção de filmes. “Ando muito palpiteiro e com uma bagagem que está aflorando. Estou próximo de dirigir um curta”, avisa. O seu mais recente trabalho na área foi o filme Dom, de Moacyr Góes, e o próximo personagem nas telas deve ser o ex-presidente Juscelino Kubitschek. O ator, aliás, já viveu o maestro Heitor Vila Lobos em filme homônimo, D. Pedro I em Carlota Joaquina e o médico Oswaldo Cruz em Oswaldo Cruz – O Médico do Brasil.

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