Ano vai e ano vem e Sílvio Santo continua sem substituto

Alguém que, por algum motivo, deixasse de ligar a tevê por 20 anos e sintonizasse hoje o SBT pensaria que nada mudou. Afinal, Sílvio Santos continua vindo aí, incólume à passagem do tempo. O carismático apresentador do SBT volta a aumentar sua presença no vídeo, comandando atualmente três programas: Family Feud e Roda a Roda, de segunda a sexta; além do eterno Qual é a Música?, agora nas noites de domingo. Na prática, Sílvio Santos nunca saiu totalmente do ar. Antes de assumir os novos programas, em maio, ele se dividia entre a apresentação do "reality show" O Grande Perdedor e as inserções de sorteios do Baú da Felicidade. A volta de Sílvio aos programas de auditório, contudo, evidencia sua maior vocação para o palco e a dificuldade de se encontrar um comunicador à sua altura.

Da mesma forma que Sílvio Santos preserva o estilo inconfundível e intransferível, tanto em Family Feud, quanto em Roda a Roda e em Qual é a Música?. Lá estão os cenários coloridos, estrelados e com excesso de neon. Lá está o anacrônico microfone no velho suporte que mais parece um aparelho para a correção de algum problema de coluna. Lá estão os cabelos impecavelmente negros e gomalinados. Lá estão as caretas e os trejeitos característicos do Sílvio Santos de sempre. E talvez seja justamente o conjunto desses elementos o responsável por forjar um estilo que é a assinatura do apresentador.

Sílvio Santos, no entanto, tem mais do que esses elementos marcantes que compõem sua figura. A despeito do indiscutível magnetismo pessoal, ele é dono, através de suas "tiradas" e comentários quase pueris, de um humor ingênuo, acessível a todas as pessoas. De tal forma que os programas por ele apresentados são patrocinados tanto por montadoras de automóveis quanto por produtos infantis. E o simples fato de caber a Sílvio Santos a apresentação de determinado programa é motivo para atrair anunciantes. Afinal, são dele alguns dos melhores índices de audiência da emissora: enquanto os dois programas diários mantêm média de 16 pontos com 20 de pico, o Qual é a Música?, exibido aos domingos, das 20h55 às 22h20 e, portanto, em confronto direto com o Fantástico, da Globo, por exemplo tem média de 17 pontos com picos de 23.

Não à toa, Silvio Santos é, ainda hoje, uma das maiores referências da televisão brasileira, plagiado por inúmeros apresentadores e imitado por humoristas profissionais e amadores. É raro um programa humorístico ou uma festa que não tenha um "Sílvio" de plantão. Assim sendo, já que imitar Sílvio Santos dá tanto ibope, por que não lançar mão do original na busca por esse ibope? Isto feito, não há muito o que inventar para que se chegue a uma fórmula bem-sucedida.

Junto da espontaneidade e da presença de espírito do apresentador estão o mesmo auditório participativo de sempre, auxílio valioso a quem ele chama carinhosamente de "minhas colegas de trabalho". Da mesma forma, o indefectível Lombardi continua fiel ao patrão e sua voz anuncia algum ganhador do Baú ou algum anunciante tão logo o apresentador requisita seus préstimos: "Lombardi, sua vez Lombardi…", e lá está o mesmo vozeirão de décadas atrás.

Mas é de Sílvio Santos todo o mérito. Afinal, não dá para imaginar nenhum outro apresentador pedindo a algum "felizardo" em posse de um carnê do baú com as mensalidades rigorosamente em dia que rode o pião da casa própria.

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