Ancine mostra relação de custos e arrecadação

São Paulo – Relatório da Agência Nacional do Cinema (Ancine), divulgado na semana passada, mostra os valores captados pelos filmes de longa-metragem brasileiros entre 1995 e 2000, constituindo-se num dos mais amplos estudos sobre o mercado brasileiro até agora. O estudo informa os valores captados nesse período por 207 filmes de ficção e animação, além do público e da renda obtidos.

Pelo levantamento, é possível concluir que o cinema brasileiro já tem uma indústria cinematográfica, mas ela está restrita ainda a apenas uma dúzia de empresas – como a Diler & Associados, do Rio, que produziu 12 longas no período e faturou cerca de R$ 87 milhões – metade do que fatura, por exemplo, uma grande livraria, como a Siciliano, ou uma rede média de fast-food no Brasil. Entre os filmes produzidos pela Diler estão quatro das sete maiores bilheterias do cinema nacional, Xuxa e os Duendes (2,6 milhões de espectadores), Pop Star (2,4 milhões) Xuxa e os Duendes 2 – No Caminho das Fadas (2,3 milhões) e Xuxa Requebra (2,1 milhões), além do sucesso recente de Maria, Mãe do Filho de Deus, com o padre Marcelo Rossi (2,3 milhões).

O faturamento e a quantidade de filmes de produtoras como Filmes do Equador, Sky Light Cinema, Conspiração Filmes, Videofilmes, HB Filmes (de Hector Babenco, do sucesso Carandiru) Rio Vermelho Filmes e Morena Filmes mostram que há um setor consolidado no meio cinematográfico. Juntas, as 10 maiores faturaram R$ 235 milhões nas bilheterias nacionais.

Na outra ponta dessa indústria, estão empresas cujo desempenho – num mercado de fato – as credenciaria imediatamente a fecharem as portas. É o caso, por exemplo, da Nova Era Produções de Arte, que realizou o filme Lara, de Ana Maria Magalhães. Cada ingresso de Lara custou cerca de R$ 1,7 mil, computados os valores captados pelo filme por meio das leis de incentivo (R$ 3,9 milhões), a bilheteria que arrecadou (2 mil pessoas viram o filme) e a renda obtida (R$ 14 mil).

Há dezenas de outros exemplos de produtoras cujo desempenho foi pífio nas bilheterias, mas não na hora de montar o orçamento. Dos produtores, 73 captaram mais de R$ 1 milhão em recursos incentivados, mas, destes, 40 não conseguiram romper a barreira dos 100 mil espectadores.

Voltar ao topo