Amizade e interesse no meio artístico colocados em cheque

A peça Belvedere, da atriz e diretora curitibana Pagu Leal, continua em cartaz no Teatro Regina Vogue, com apresentação hoje, às 21h. Dividido em três atos, o espetáculo fala de superação e se inspira em biografias de grandes artistas que tiveram em comum o fato de serem casados com outros artistas, além de terem sua produção artística afetada por dificuldades pessoais. No palco, o texto projeta uma personagem contemporânea: Carmila D?Anvers. Artista plástica de requinte e com o coração abalado após a morte do marido, ela deseja mudança de vida e de si própria, reivindicando um novo caminho.

Em cartaz desde o dia 8 de junho, o projeto começou em 2004. Na ocasião, a atriz Dayres de Conto, que encena Carmila, convidou Pagu para escrever e dirigir o espetáculo. Belvedere conta com apoio da lei de incentivo à cultura e patrocínio do Mastercard.

Pintores como o espanhol Picasso e a mexicana Frida tiveram problemas de relacionamento; a escultora francesa Camille Claudel teve seu trabalho afetado por relações, com Carmila o mesmo ocorre no palco. ?Mesmo antes da morte do marido, a protagonista planejava uma separação. Para superar o tormento ela decide bloquear certas lembranças?, conta Pagu.

Em cena, Dayres e Claudia
Minini discutem o controverso
mundo das artes. 

?Falamos de amor em difícil amor, de auto-engano e amizade, em ?foi como se fosse??, até chegarmos em Belvedere?, assinala a diretora no material de divulgação. Da mesma maneira, ela e Dayres falam sobre a ambivalência da protagonista e sua busca pela liberdade. Por um lado ela se sente oprimida, sua marchand, Lucrécia (Claudia Minini), e seu assistente, Eric (Fernando Bachstein), a pressionam para a entrega de um quadro encomendado. Por outro, ela quer libertar sua alma de artista e despachar o círculo artístico que tanto a pressiona.

Na tentativa de esquecer o falecido, que também era um artista, Carmila se refugia em uma casa de campo e mora com Eric. Além de assistente, ele é seu amigo mais próximo. ?Ela tem a impressão de ser sugada pela marchand e pelo assistente, isso vai causar uma reviravolta em sua maneira de trabalhar e agir?, conta Dayres, que representa a protagonista. Segundo Claudia Minini, Lucrécia é objetiva e tem o costume de mandar na vida das pessoas que a cercam. ?Ela não liga para o lado humano, só pensa nos lucros.? A peça ainda conta com atuação da atriz Carla Rodrigues como Sophia.

Pagu Leal vem se destacando
na direção teatral.

Em certo momento, Carmila encontra na ingenuidade das crianças do campo uma nova fonte de inspiração e com elas estabelece uma amizade, o que facilita sua produção e ajuda a esquecer do marido. ?A protagonista quer esse esquecimento, para isso fecha uma porta para seguir em diante?, afirma Pagu. O figurino preto dá um ar de contemporaneidade, comum ao meio artístico, e o cenário é limpo. A peça tem duração de pouco mais de uma hora.

Asfixiada pela pressão da entrega do quadro, a artista ainda recebe a visita de Lucrécia no campo. Ela questiona até que ponto valem as amizades dos controversos meios artísticos. A partir do momento que a amizade existe por um interesse, qual a confiança em que se pode depositar em um amigo? A acidez do drama e as dúvidas irão exigir da adorável e bárbara Carmila uma decisão definitiva.

Serviço:

Peça Belvedere, da diretora Pagu Leal, hoje, às 21h, no Teatro Regina Vogue (Shopping Estação). Fica em cartaz de quinta a domingo até o dia 9 de julho. Ingressos a R$ 14 (inteira) e R$ 7 (meia). Mais informações pelo telefone (41) 2101-8293.

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