Alunos de oficina de vídeo retratam a vida dos carrinheiros de Curitiba

Ignorados ou até desprezados por grande parte da população, os catadores de papel são os protagonistas do documentário que será apresentado hoje, em duas sessões, na Cinemateca de Curitiba. Papel de Catadores é o resultado do trabalho dos alunos das oficinas de arte e vídeo do Projeto Olho Vivo, uma das residências culturais do Novo Rebouças, comandado pelo cineasta Luciano Coelho e pelo ator e roteirista Marcelo Munhoz.

Esta terceira edição da mostra consolida a proposta de criar um espaço para a exposição do trabalho dos alunos do projeto e, ao mesmo tempo, exibir documentários que lancem um olhar sobre aspectos significativos da Curitiba urbana neste início do século XXI. Nas duas mostras anteriores, em julho e setembro, foram lançados os documentários Cidade em Branco, sobre o trabalho de alguns grafiteiros, e Vila das Torres, sobre a vida na mais antiga favela da capital.

Dessa vez, os alunos mergulharam na realidade dos carrinheiros que sobrevivem da coleta de material reciclável em Curitiba, estimados em 8 mil na cidade. O documentário, em seus 55 minutos, apresenta entrevistas com catadores de várias regiões da cidade, e também com a procuradora regional do Trabalho, Margareth Mattos. Ela é uma das responsáveis pela criação no Paraná do Fórum Lixo e Cidadania, entidade que procura reunir os catadores de papel com o intuito de organizá-los na luta por melhores condições de trabalho.

Trabalho infantil

Outro importante objetivo do Forum é a erradicação do trabalho infantil, também mencionado no documentário. “Mais uma vez apresentamos à comunidade o resultado de nossas oficinas. Estes documentários servem de aprendizado para as pessoas que participam dos cursos, mas têm ido muito além. O Vila das Torres é exibido em universidades, escolas e nos mais variados tipos de evento, servindo para que os curitibanos conheçam melhor aquela comunidade”, conta Luciano Coelho.

“Acreditamos que este novo documentário, agora em formato televisivo, também contribuirá para aprendermos sobre o trabalho do catador, as atividades do Fórum Lixo e Cidadania e o problema do trabalho infantil, que está tão diretamente ligado ao cotidiano dos carrinheiros”, completa. Os carrinheiros associados do Fórum foram convidados para as sessões na Cinemateca, e confirmaram presença. “Isso já aconteceu no documentário da Vila das Torres, e é muito bom ver a reação deles, quando se vêem retratados na tela”, conta a jornalista Ana Paula Johann, aluna do projeto. Antes do documentário, serão exibidos os trabalhos finais da Oficina de Arte, Sociedade e Audiovisual, coordenada por Marcelo Munhoz. São três vídeos de um minuto, que buscam novas visões sobre temas como o feio, o nu e a loucura na arte.

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Hoje às 19 e 20h30, na Cinemateca de Curitiba (Rua Carlos Cavalcanti, 1.174). Entrada franca.

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