Almas especiais, uma de cada três mulheres é agredida no Brasil

Por mais doloroso que seja saber que em três anos de presença das tropas americanas no Iraque, mais de 100 mil pessoas, a maioria civis, já morreram, sem contar os feridos, mutilados e os prejuízos materiais, acrescidos dos 254 bilhões de dólares gastos pelos EUA (mais 74 bilhões estão destinados para este ano); por mais comovidos fiquemos ao lembrar dos milhões vitimados diretamente pela fome na África ou em decorrência dela; por mais que ainda hoje nos sintamos profundamente chocados pelas 220mil vítimas dos tsunamis na Ásia no Natal de 2004 ou por todas as outras que perecem pela fúria da natureza ou em tragédias provocadas pelo próprio homem, uma outra violência disseminada por todo o planeta causa-nos aflição e vergonha.

É aquela covardemente desfechada contra as mulheres. Em tempos modernos como os atualmente vividos, com tantos avanços científicos e tecnológicos e apesar da própria situação delas, que parece muito melhor do que há um século ou dois, surpreende negativamente constatar que quase um terço das brasileiras já sofreram agressões físicas, incluindo as sexuais. No Rio de Janeiro, 87,3% dos agressores eram conhecidos, principalmente maridos, namorados e companheiros.

Tal violência, dizem as estatísticas, inversamente do que muitas vezes se supõe, independe das condições socioeconômicas, profissão ou grau de instrução de agressores e agredidas. Na França, por exemplo, 67% deles têm curso superior completo. E muitas vezes os homens, até apresentar este tipo de comportamento, eram tidos, até na avaliação delas, como sendo personalidades calmas e afetuosas.

Mas então onde está o problema? Ou melhor, a causa dele? Do livro Vinha de luz, autoria do Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, tiramos o seguinte extrato: ?As tragédias da vida conjugal costumam povoar a senda comum. Explicando o desequilíbrio, invoca-se a incompatibilidade dos temperamentos, os desencantos da vida íntima ou as excessivas aflições domésticas. O marido disputa companhias novas ou entretenimentos prejudiciais, ao passo que, em muitos casos, abre-se a mente feminina ao império das tentações, entrando em falso rumo. O cristão não pode ignorar a transitoriedade das experiências humanas…?.

A legislação tem avançado sempre para tornar-se cada vez mais justa com homens, mulheres, crianças e idosos. Aliás, mais graves as situações da mulher idosa e da criança feminina, esta em especial sobre a qual não se sabe o que é mais trágico, se a prostituição infantil conforme visto em matéria deste jornal há duas semanas, em Paranaguá, ou as sevícias freqüentemente praticadas pelos próprios pais ou parentes.

O Livro dos Espíritos trata dos direitos da mulher nas questões 817 a 822. Afirma que se Deus deu a ela como ao homem a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir, fica claro que ambos são iguais e com os mesmos direitos. Dizem os espíritos superiores que a causa de as mulheres serem tratadas, em meados do século XIX, e a situação ainda perdura, principalmente nos países muçulmanos, como inferiores ao homem, provém do império injusto e cruel do homem sobre ela, resultado de instituições sociais e abusos da força sobre a fragilidade, pois, entre os povos menos avançados, a força faz o direito.

Ressaltam ainda que as funções delegadas por Deus à mulher são até maiores que as do homem, naturalmente referindo-se à maternidade, mas implicitamente também às peculiaridades de seu caráter, originárias justamente daquela capacidade sublime de gerar vida, mas que costuma transbordar para todas as ações do dia-a-dia.

Todos reconhecem que onde está presente a figura da mulher, há mais chance de tudo sair melhor, de dar mais certo, de ficar mais belo e harmonioso. Ela trabalha com mais sentimento, sem abdicar da razão, possui mais sensibilidade, é mais intuitiva e bondosa. Dentre tantas diferenças, físicas, psicológicas e emocionais, sem dúvida, em termos da prática do amor, é muito mais desenvolvida que o homem e este, embora desejos e preconceitos físicos contem muito pouco na hora de escolher o sexo em que se vai reencarnar, caso prefiram seguir nas futuras experiências terrestres na condição masculina, deve agilizar-se em aprender com ela, cultivar e educar seus sentimentos e, acima de tudo, respeitá-la e amá-la conforme a exortação de Paulo de Tarso (Éfesos, 5:28) para quem as esposas devem ser amadas pelos maridos como estes o fazem a seus próprios corpos.

Se bem que tampouco os homens amam a si mesmos. Em geral, abusam da saúde para ganhar mais dinheiro, comprometem-se pelos vícios e excessos de toda ordem, precipitando a morte física, cometendo o que o espírito André Luiz denomina de suicídio indireto. Quanto ao eu de profundidade, a individualidade espiritual, não amam apenas porque ignoram que o possuem, mas porque ignoram que o são e, portanto, diante do universo nem sabem que existem. Tolos, orgulhosos, ignorantes e egoístas, confundem o falso com o verdadeiro, trocam a essência pela aparência e abraçam o ter desprezando o ser. Mas nisto não estão sós. Elas lhes fazem companhia. Um passo atrás, talvez. Ou à frente, no caminho da verdade. Felizmente.

De qualquer forma, lá de onde tirávamos nossos ensinamentos, na questão 822, à indagação sobre se os homens – e por conseqüência as mulheres -, sendo iguais perante as leis divinas, deviam sê-lo assim diante das leis humanas, a resposta-lembrete é simples: ?É o primeiro princípio da justiça ?Não façais aos outros o que não desejais que os outros vos façam??.

Coluna da Associação de Divulgadores do Espiritismo do Paraná – ADE-PR.
E-mail: adepr@adepr.com.br

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