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‘Alita’ é adaptação fiel do mangá

Demorou, mas James Cameron finalmente conseguiu lançar Alita: Anjo de Combate, projeto seu que está na fila há 20 anos. Coescrito por Cameron e Laeta Kalogridis (sua parceira em Avatar) e dirigido por Robert Rodriguez (Sin City: A Cidade dos Pecados), o filme, em cartaz desde quinta-feira, 14, é inspirado no mangá Alita (Gunnm, no original), lançado no Brasil pela Editora JBC. Uma nova edição, em 2018, trouxe a primeira série de livros, na qual o filme é inspirado, em quatro volumes (e nove no digital).

Cameron virou fã do mangá (lançado originalmente em 1990) por indicação de Guillermo del Toro, mas o projeto do filme, megaprodução que custou cerca de US$ 200 milhões, acabou encontrando obstáculos, o diretor estava ocupado vencendo Oscars e produzindo quatro continuações de Avatar, e a direção acabou para o parceiro Robert Rodriguez. Até pela admiração inicial de Cameron pelos livros é possível reconhecer no filme grande fidelidade à história original do mangá (e algumas adaptações esperadas).

No século 26, Alita é uma ciborgue (humana com componentes “biotecnológicos”) encontrada num lixão e reconstruída pelo Dr. Ido, o duas vezes vencedor do Oscar Christoph Waltz, no papel pouco usual em sua carreira do mocinho. O Dr. Ido é uma das poucas pessoas com amor no coração na Cidade de Ferro, uma das duas cidades que aparentemente sobraram depois da Queda – uma guerra 300 anos antes que devastou tudo. A cidade suspensa de Zalem, visível dali de baixo, paira sobre os mortais, praticamente inacessível.

O único jeito de chegar lá em cima (uma metáfora pouco sutil para “subir na vida”) é ser campeão de Motorball, o esporte popular da época, misto de patinação, basquete e pancadaria. Alita – que, sem memória do passado, passa por uma jornada de autoconhecimento – se interessa pelo jogo. Mas, enquanto isso, descobre que é uma guerreira poderosa treinada numa arte marcial há tempos esquecida.

Seu nêmesis no filme é Vector (Mahershala Ali, o próprio), mistura de gângster e bicheiro futurista, comandado por uma entidade misteriosa que aos poucos se revela.

Como deu para perceber, o filme condensa muita informação em suas 2 horas e 22 minutos – mas a jornada de descobrimento do passado é o fio condutor, e segundo Rodriguez, uma novidade para o gênero. “Não era um personagem com coração bom descobrindo um espírito guerreiro – era alguém percebendo que tem um espírito guerreiro puro e está na verdade encontrando seu coração”, disse ao Los Angeles Times.

Outro traço definidor do filme é o visual semirrobótico da personagem principal, interpretada por Rosa Salazar (Bird Box), feito via motion-capture, a técnica em que os movimentos do ator são captados e depois tratados digitalmente. O objetivo de Alita era dar uma impressão de uma pessoa real mas não 100% humana – além de atribuir à personagem uma feição muito própria dos mangás, com olhos enormes.

Em entrevista ao site inglês Den of Geek, a atriz comentou a experiência de trabalhar com Cameron e Rodriguez: “Eu amo os filmes deles, mas os vi como colegas, mentores, artistas. E senti que eles me olhavam assim também. Foi bastante empoderador ser vista assim por esses dois titãs do cinema”.

O filme liderou as bilheterias do Dia dos Namorados nos EUA com US$ 9 milhões, valor baixo para uma produção desse tamanho, e dividiu as críticas. O Los Angeles Times diz que “se Alita não inventa a roda, dá a ela um brilho bom o suficiente para evocar prazeres próprios”.

Já o New York Times não poupou o filme por conta da “construção falsa de feminilidade” (especialmente pelo corpo construído da ciborgue ter peitos e curvas afeitos a padrões de beleza de supermodelos), da trama “cheia de clichês” e do uso exagerado da técnica de captura de movimento.

Ainda não há nenhuma confirmação oficial de que o filme terá uma sequência.

Porém, os fãs brasileiros têm disponíveis os mangás de Alita, lançados aqui pela editora JBC. A primeira série foi republicada em quatro volumes (nove, no digital) em 2018, e a segunda série (Last Order), lançada originalmente em 2000, está saindo agora. O autor, Yukito Kishiro, já trabalha na terceira parte de sua saga, expandindo o universo distópico criado há 29 anos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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