Alinne Moraes está aliviada por não ser protagonista

Tudo o que Alinne Moraes queria da vida, quando terminou Como uma Onda, era distância de novelas. Afinal, a sua última experiência no gênero não foi das melhores. "Me jogaram na cova dos leões e pensaram: ‘Vamos ver no que vai dar…’. Como tenho pouco tempo de carreira, me senti insegura. Foi um passo largo demais para mim", admite, queixosa. Logo, porém, Alinne reconsiderou sua decisão ao ser convidada para Bang Bang. Primeiro porque o convite partiu do diretor Ricardo Waddington, o responsável por sua estréia na tevê, em Coração de Estudante, de 2002. Depois porque, pela primeira vez em três anos de carreira, atuaria numa produção de época e exercitaria a veia cômica. "As minhas outras personagens só faziam chorar. Sofrer e chorar… ‘Onde eu tenho de chorar? É aqui? Ah, então, vamos lá…’", ironiza ela.

Na trama de Mário Prata, a personagem de Alinne recebeu o sugestivo nome de Penny Lane. O autor conta que, da primeira vez que ouviu a música Penny Lane, pensou que se tratava de uma moça bonita. Só muito tempo depois é que descobriu que, na verdade, era o nome de uma rua de Liverpool, terra natal dos Beatles. "Quando comecei a escalação do elenco, achei que a Alinne tivesse um jeitão de Penny Lane", graceja. Da sua parte, a atriz fica lisonjeada com o que parece ser um elogio. Mas avisa que a famosa canção dos Beatles pouco a inspirou na hora de compor a personagem. Em vez de música, recorreu mesmo ao cinema e ao desenho animado. Afinal, segundo ela, Penny Lane é uma mistura de "Betty Boop com Marilyn Monroe". Por isso, assistiu de "cartoons" da famosa dançarina de cabaré, criada por Max Fleischer, a clássicos do "western" estrelados pela diva de Hollywood, como O Rio das Almas Perdidas e Os Desajustados.

Em Bang Bang, Penny Lane é uma jovem espirituosa que, membro do clã dos McGolds, cai de amores pelo caçula da família rival, os Bullocks. Mas, ao contrário de uma famosa tragédia shakespeariana, o tom do romance entre Penny e Neon, de Guilherme Berenguer, é leve e bem-humorado. "Não vou precisar contar piada para a situação ficar engraçada. A graça toda está no texto. Quem faz rir é o Mário Prata", enfatiza. Mesmo assim, em sua primeira empreitada cômica na tevê, Alinne não vai estar sozinha. Ela está muito bem acompanhada por quem entende do assunto: Ney Latorraca e Marisa Orth, que interpretam o amalucado Aquarius e a beata Úrsula, pais da personagem. "Assim, fica fácil fazer comédia. Quer uma família melhor do que essa?", brinca.

Ao falar de Bang Bang, os olhos verdes dessa sorocabana de 22 anos não param de brilhar. O sentimento de alívio, por não estar fazendo a protagonista, é indisfarçável. "Não tenho mais trabalhado sete dias por semana. Acaba sobrando tempo para outras coisas, como as aulas de balé e de fono", observa. Mais difícil do que protagonizar uma novela, só mesmo protagonizar uma que não emplaca. Como uma Onda foi uma "tsunami" que passou na vida da atriz. Ela lembra que, a princípio, estava reservada para um papel secundário em América. Já Deborah Secco, que hoje faz a Sol, estava escalada para Como uma Onda. Quando Deborah foi remanejada para a trama de Glória Perez, a alta cúpula da Globo achou conveniente promover Alinne à protagonista da de Walter Negrão. "Tive menos de uma semana para me preparar. Foi tudo no susto", entrega.

Curiosamente, Fernanda Lima assume hoje o papel de protagonista em Bang Bang. A exemplo de Alinne, ela também debutou na carreira em anúncios de tevê e editoriais de moda. "Entrar na tevê é fácil, difícil é permanecer nela. Por isso, é preciso mostrar mais do que beleza. É preciso ter talento", insiste Alinne. E, para aprimorar o seu, não pára de estudar. Além de retomar as aulas de balé e as sessões de fonoaudiologia, não se descuida também dos cursos e oficinas de interpretação. Quanto à possibilidade de voltar a interpretar uma protagonista na tevê, a atriz prefere não criar expectativas. "Cada personagem tem de ser protagonista de sua história na novela", desconversa.

Ascensão meteórica

Alinne Moraes estava parada na porta de uma agência de modelos em São Paulo quando ouviu um gracejo bastante familiar: "Você é bem bonita, hein?". Mas, ao contrário dos demais galanteios, este partiu do diretor Alexandre Avancini. Na ocasião, ele garimpava "books" da agência Marilyn atrás de jóias raras. E, ao que parece, Aline Cristine Dorelli de Magalhães e Moraes era uma delas. Tanto que, pouco depois, era convidada por Ricardo Waddington para fazer testes para Presença de Anita. Perdeu o papel de Anita para Mel Lisboa, mas ganhou o de Rosana em Coração de Estudante. "Nunca tinha feito qualquer curso na vida. Minha arma foi a intuição", lembra.

 Desde então, Alinne só tem emendado uma novela na outra: Mulheres Apaixonadas, Da Cor do Pecado e Como uma Onda. Dos seus trabalhos na tevê, o mais marcante, sem dúvida, é a Clara, de Mulheres Apaixonadas, que mantinha uma relação homossexual com uma colega de classe, Rafaela, interpretada por Paula Picarelli. Com pouco tempo de carreira, temeu que fosse defenestrada da trama da mesma forma que Christiane Torloni e Silvia Pfeifer em Torre de Babel, quando uma providencial explosão em um shopping baniu as duas da novela. "Fiquei surpresa com a reação do público. Felizmente, não enfrentei nenhum preconceito nas ruas", garante.

Antes de despontar como atriz, Alinne ganhou a vida como modelo. Aos 12 anos, em companhia da mãe, mudou-se de Sorocaba, cidade no interior de São Paulo onde nasceu, para a capital. Até os 18, desfilou por diversas grifes no Brasil e no exterior e morou em lugares como Paris, Nova York e Milão. Na infância, quem diria, era ridicularizada por colegas de classe por ter as pernas finas e a boca grande. Não por acaso, seus apelidos eram "vassoura" e "bocão da Royal" numa referência a um anúncio da marca de gelatina. "Hoje, agradeço a Deus por esse bocão!", esnoba.

 

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