Além do jeito manso de olhar de Renata Sayuri

O jeito manso de Renata Sayuri engana. Na verdade, esta descendente de japoneses tem uma vida para lá de agitada. Mesmo assim, ela demonstra ter tranqüilidade de sobra para se dividir entre vários projetos televisivos. Ela acaba de gravar, por exemplo, as últimas cenas como a “gueixa” Beth de “Pequena Travessa”.

Feliz com sua primeira incursão por novelas, Renata não esconde que quer dar prosseguimento à carreira. Mas, ressalva, pretende se aperfeiçoar. Novata na área, deixa escapar que a subserviente Beth vai ser presa nos últimos capítulos, já que a personagem é namorada do “bandidão” Samurai, vivido por Luka Ribeiro, e pertence à “galera do mal” da novela. “Vou fazer cursos no Rio para me aprofundar na dramaturgia. É preciso ter conteúdo, pois não basta se importar apenas com o físico”, acredita a paulista de Taubaté.

Renata torce agora para que o filme “Minha Noiva é Uma Megera”, que ela protagonizou, estréie em 2003. A produção foi rodada em 2000 e é uma adaptação da peça “A Megera Domada”, de William Shakespeare. A idéia do diretor Renato Bulcão foi fazer uma espécie de comédia de situação do clássico com um elenco formado por descendentes de japoneses. Renata, que interpreta a própria “megera”, espera que a produção possa abrir novas portas no campo da dramaturgia e mostrar que ela pode fazer diferentes papéis e não apenas os ligados à cultura japonesa. “Ter olho puxado nunca foi um peso para mim. Mas é claro que quero ganhar personagens grandes e diversificados”, avisa a atriz. Renata afirma que o campo de trabalho para descendente de japoneses ainda é bastante limitado. “Falta uma maior conscientização dos autores e do próprio público”, critica.

Mas Renata não fica se lamentando. Pelo contrário. Ela não é do tipo que dispensa oportunidades, mesmo que elas só tenham a ver com o universo dos japoneses. Renata, por exemplo, atacou de repórter nas filmagens de “Gaijin 2”, de Tizuka Yamazaki. Ela rodou durante três meses com a diretora pelo interior do Paraná mostrando os bastidores das gravações e entrevistando os envolvidos com o filme, da equipe técnica ao elenco. Com previsão de estréia para este ano ainda, o “making of” de Renata vai sair como bônus do DVD do filme. “Larguei a faculdade de jornalismo para fazer este trabalho com a Tizuka. Acho que valeu a pena, pois aprendi muito sobre cinema”, pondera Renata.

A atriz ainda tem uma ligação mais direta com a comunidade japonesa. Renata apresenta dois programas para a TV IPC, canal a cabo que transmite a Globo no Japão. No diário “IPC no Ar”, por exemplo, ela faz reportagens com personalidades brasileiras conhecidas no Japão, desde artistas e jogadores de futebol até grupos de pagode. Já o semanal “Via Brasil” é sobre turismo. Nele, Renata vai para a estrada a fim de mostrar, principalmente, lugares que podem agradar aos japoneses que queiram vir ao Brasil e cidades que já tenham uma tradição com a cultura japonesa, como Mogi das Cruzes, em São Paulo, e Maringá, no Paraná. “Como o IPC é o único canal no Japão em português, ele atinge praticamente 100% dos brasileiros que estão lá”, explica.

Na verdade, Renata começou na televisão como apresentadora. Ela foi escolhida entre dezenas de candidatas para comandar o programa de desenhos “Band Kids”, em 2000. Renata garante que a experiência foi fundamental para ela perder o nervosismo em frente às câmaras. “Foi na Band que descobri que queria trabalhar com televisão”, lembra. Mas ela não sabe dizer se gosta mais de atuar ou de apresentar. Na dramaturgia, Renata garante que ainda se sente menos à vontade, embora adore a preparação para viver os personagens. Em “Pequena Travessa”, por exemplo, Renata fez questão de ler livros como “Memórias de Uma Gueixa” para entender melhor o universo da servil Beth. “Os ocidentais acham que as gueixas são prostitutas. Mas no Japão elas são tratadas como artistas, pois tocam instrumentos, cantam, dançam e são mestres na arte da sedução”, ressalta.

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