A (re)volta dos mortos-vivos

São Paulo

– Parece um remake do velho A Última Esperança da Terra, que Boris Sagal realizou com Charlton Heston em 1971 (e já era refilmagem de Mortos Que Matam, que Sidney Salkow adaptou de I Am Legend, de Richard Matheson, em 1964, com Vincent Price). O produtor Andrew McDonald, o diretor Danny Boyle e o roteirista Alex Garland, porém, juram que Extermínio, a maior estréia de hoje nos cinemas, é cria integral do trio.

Depois de fazerem A Praia, com Leonardo DiCaprio, o produtor propôs ao roteirista o que ele queria fazer. O sonho de Garland era escrever um filme de ficção científica. Projeto aceito, ele começou a tecer sua história que reabre a velha vertente dos filmes de zumbis.

Ela é antiga, com exemplares famosos nos anos 40, 50 e 60. Na trama de Garland, originalmente chamada 28 Days Later (28 Dias Depois), uma mutação genética produz efeitos devastadores na humanidade. O diretor Boyle explica o que o atraiu na história. Diz que os filmes de zumbis pertencem a um período específico. Retratam uma sociedade paranóica com o que poderia ser o uso indiscriminado do uso de armas e da energia nucleares. É o caso de A Última Esperança da Terra. Não é o que ele gostaria de fazer. Os zumbis de Garland surgem em outro contexto, de outras circunstâncias. A contaminação é feita por um vírus psicológico, a partir de uma experiência malsucedida com macacos. Resulta daí que um pequeno grupo combate os novos zumbis, numa Inglaterra tão isolada que não se sabe bem se o fenômeno é local ou universal. Para Boyle, é uma metáfora perfeita para o fenômeno moderno da raiva social.

Boyle parecia um diretor interessante ao estrear com Cova Rasa e, depois, com Trainspotting, ambos estrelados por Ewan McGregor. A Praia deixou os críticos com o pé atrás e Extermínio, francamente, parece só a versão piorada de A Última Esperança da Terra, por mais que o diretor e o roteirista queiram imprimir significados políticos e sociais ao que mostram na tela.

O filme, de qualquer maneira, foi feito com tecnologia digital, que Boyle achou adequada para refletir a devastação do mundo pós-apocalipse. Foi assim que conseguiram mostrar Londres abandonada, sem habitantes e sem gerar imagens no computador. A polícia interditava certas áreas por minutos e as câmeras digitais permitiam a filmagem em clima de emergência. Isso serve à estética do filme e, por conta disso, há críticos que estão levando muito a sério a visão futurista de Boyle.

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