A repressão segundo Hilda Hilst

Contundente texto de Hilda Hilst que compara o autoritarismo político-militar à clausura religiosa, O Rato no Muro, estréia hoje às 21h na sala Kazuo Ohno, do ACT – Ateliê de Criação Teatral -, em Curitiba. Com direção de Maurício Vogue, o texto de Hilda Hilst é um dos três escolhidos pela Fundação Cultural para ser encenado através do projeto Dramaturgia Brasileira Contemporânea-Leituras Dramáticas e Encenações. A escolha foi feita após uma série de dez leituras dramáticas realizadas por grupos paranaenses e também apoiadas pelo projeto.

A peça traz no elenco as atrizes curitibanas Adriana Alegria, Cláudia Ortiz, Gabriela Haviaras, Giovana Soar, Gladis Tridapalli, Patrícia Ramos, Regina Bastos, Renata Bruel e Renata Hardy. Hélio Barbosa foi o ator escolhido para viver a madre superiora. A história se passa dentro de uma capela onde nove freiras e a madre superiora estão confinadas. Nesse local elas rezam e confessam seus pecados expondo suas personalidades e se torturam. A simples visão de um rato sobre o muro aproxima as freiras do mundo exterior, já que ele pode subir no muro e ver o que a elas é negado.

Escrito em 1967, o texto faz uma clara analogia à ditadura militar. Essa montagem contudo, segundo o diretor, pretende estar aberta a outras interpretações do público. “Nós procuramos montar o texto de uma maneira que permitisse ao espectador viajar por outros caminhos, fazer a interpretação que quiser usando as metáforas criadas pela autora”, explica Vogue.

Ainda nas palavras de Maurício Vogue, a força do espetáculo está no trabalho das atrizes: “O palco é preenchido pela própria interpretação, desenvolvendo o “simples?, num espetáculo extraído da essência do ator”. Em cena, além das personagens, apenas mesas e cadeiras para representar a clausura das mulheres. Sobre a escolha de um homem para interpretar a madre superiora, Vogue explica que a personagem representa, no texto, a própria repressão. A escolha de um homem é uma metáfora criada por ele, “como uma referência a outras formas de repressão que a mulher possa sofrer, uma simbologia do poder, da autoridade masculina”.

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Em cartaz no ACT (Rua Paulo Graeser Sobrinho, 305) até o dia 21, com sessões de quarta a sexta às 21h e aos sábados e domingos às 19 e 21h. Entrada franca. Informações: (41) 338-0450.

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