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‘A reação do público é a grande recompensa após todo o trabalho’

Entrevista com Quentin Tarantino, DIRETOR

Em uma cena, Sharon Tate vai ao cinema sozinha assistir a seu próprio filme. Você já fez isso?

Trabalho muito duro nos meus filmes. Mas o que realmente vale a pena no fim das contas, até porque meus filmes provocam umas risadas, é que o público reaja. Essa é a grande recompensa por todo o trabalho.

Qual foi seu ponto de entrada no filme?

Em dado momento, tudo se junta, mas a primeira fagulha narrativa apareceu uns nove anos atrás. Estava fazendo um filme com um ator mais velho, que tinha esse dublê com quem trabalhou por muito tempo. Não tínhamos nada para o dublê. Mas tinha uma cena que ele podia ter feito. Então o ator veio me falar dele, sem pressão e tal. O dublê veio, e a dinâmica dos dois era muito interessante. Dava para perceber que antes os dois devem ter sido parecidos. Mas esse tempo tinha passado. Ele parecia mais velho e gordo que o ator. Uma coisa curiosa é que o dublê não trabalhava para mim, mas para o ator. Achei que tinha ali um relacionamento interessante, desses dois caras convivendo. Que se um dia fizesse um filme sobre Hollywood, podia ser bacana ter dois personagens assim.

Fãs de outros países podem desconhecer que 1969, ano em que o filme se passa, foi um ponto de ruptura para Hollywood. Acha que eles deveriam saber antes de assistir?

Não acho importante. Quem tiver o desejo de ir atrás disso terá uma bela recompensa. Mas pode ser que o filme desperte isso no espectador. Acho que Era Uma Vez em… Hollywood, como outros filmes meus, especialmente Jackie Brown, têm um ar mais europeu que americano. Então acho que estrangeiros podem se sentir melhor com o ritmo do filme. Quanto às referências culturais, pode ser difícil. É como se fosse um filme de ficção científica que se passa num universo alternativo, cheio de nomes inventados. Mas acredito que o filme funcione mesmo assim.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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