A história nas ondas do rádio

“As distâncias foram sempre um dos inimigos eficientes do nosso progresso.

Durante longos anos os brasileiros, espalhados por todas as latitudes, viveram um pouco esquecidos, à míngua de contatos. Com o rádio pôde o Brasil desvanecer essas dificuldades, vencendo o seu pior inimigo”.

(Lourival Fontes, diretor geral do DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda – no discurso de inauguração dos novos estúdios da Rádio Nacional, em Abril de 1942)”

Desde que Henrich Rudolph Hertz demonstrou terem as ondas eletromagnéticas a mesma velocidade da luz, sendo o “hertz” usado como freqüência, muitos personagens contribuíram para o sucesso da radiodifusão.

Colocando em prática as teorias de Faraday, Maxwell, Edison, Brainly e Popov, em 1896 Guglielmo Marconi utilizou um oscilador tipo “hertz” em um cohesor de “Brainly Popoff” realizando a primeira transmissão e recepção de sinais a pequena distância.

Outra corrente histórica defende que um cientista gaúcho, o padre Roberto Ladnell de Moura teria se antecipado a Marconi, construindo e patenteando diversos aparelhos expostos em São Paulo no ano de 1893, tais como telégrafos, telefones sem fio e transmissores de ondas sonoras…

Ou teria sido o norte-americano Lee De Forest, baseado na válvula descoberta pelo inglês Fleming o grande responsável pelo início das transmissões de rádio no século vinte?

A discussão parece não ter fim. A única certeza parece ser a grande importância atribuída ao rádio como meio de comunicação até hoje. Inaugurado oficialmente no Brasil a 7 de setembro de 1922 com um transmissor Westinghouse de 500 watts colocados no alto do Corcovado, o rádio teve como primeiro programa o discurso do então presidente Epitácio Pessoa. Um ano depois, Roquete Pinto e Henry Morize a “Rádio Sociedade do Rio de Janeiro” passou a transmitir uma programação de elite com ópera, poesia, concertos e palestras culturais. Quem tinha receptor pagava mensalidade e os anúncios eram proibidos até ter início a era comercial, na década de 30. Dez anos depois, “época de ouro do rádio”, seu impacto sobre a sociedade se mostrou bem maior do que o da televisão, anos mais tarde. A programação se popularizou, surgiram as novelas, noticiários e os programas esportivos.

Nas décadas seguintes, o advento do transístor e o surgimento das rádios Fms, em 1960, popularizaram definitivamente este meio de comunicação.

Hoje, os programas de rádio estão intimamente ligados à educação popular. E assegurando a defesa do patrimônio da arte e da história de nossa terra, o Instituto Histórico e Geográfico do Paraná iniciou no último, dia 7 de novembro o programa “Nossa História”, transmitido pela Rádio Educativa AM 630 das 16h às 16h30.

Uma nova oportunidade surgiu para os paranaenses conhecerem, de forma agradável, as últimas pesquisas históricas.

No primeiro programa, o presidente do Instituto Histórico, Lauro Grein Filho, contou a trajetória desta instituição centenária fundada por Romário Martins. Na seqüência, o acadêmico Wilson Boia falou sobre Alceu Chichorro, escritor e chargista sobre o qual realizou vasta pesquisa. Depois foi lembrado o início da escolha das “rainhas do rádio”, na mesma data, ouvindo-se canções antigas de Emilinha e Marlene. O jornalista e pesquisador Paulino Agostinho do Nascimento lembra, a cada programa, datas históricas paranaenses da semana. Livros dos palestrantes são sorteados a cada programa. E a oportunidade de apresentar seus trabalhos está aberta a todos os pesquisadores.

Zélia Maria Nascimento Sell

é jornalista e membro do L.H.G.P/Paraná.

Voltar ao topo