A força do amor jovem em Um Verão Escaldante

Existem alguns signos interessantes em Um Verão Escaldante. O diretor, Philippe Garrel, é herdeiro da nouvelle vague, o movimento cinematográfico mais influente da França, que pôs no mapa cinematográfico mundial nomes como François Truffaut, Jean-Luc Godard e Claude Chabrol. Garrel leva adiante o legado dos mestres em obras recentes como Amantes Constantes e Fronteira da Alvorada.

Há também um ator símbolo do cinema francês contemporâneo, Louis Garrel, filho do diretor, considerado beldade masculina, com seus cabelos rebeldes e ar blasé. Se você reparar bem, Louis é herdeiro direto de Jean-Pierre Léaud, o ator fetiche da nouvelle vague, alter ego de Truffaut numa série de filmes semiautobiográficos e protagonista em obras importantes de Godard, como A Chinesa.

Há também Monica Bellucci, a beleza espantosa, monumental, em plena maturidade. Monica é italiana; funciona à maravilha no cinema francês, e neste filme em particular, sendo fotografada com a mesma sensualidade com que Brigitte Bardot o foi em O Desprezo, de Godard. Curiosa inversão: esse filme de Godard, tão francês, é baseado no romance de um italiano, Alberto Moravia. Jogos de espelhos.

Todos esses elementos se combinam quimicamente em Um Verão Escaldante. Na disposição de Philippe Garrel em contar uma história mais alusiva que explícita. No ar romântico e ao mesmo tempo frágil de Louis. Para fechar a conta, na sensualidade à flor da pele de Monica. Ela é uma espécie de pivô dessa série de encontros e desencontros que marcam a passagem de dois casais de amigos por um verão quente na Itália. A temperatura alta é, evidentemente, uma metáfora para o caráter incontrolável do desejo, que percorre a história de uma ponta a outra e sela o destino dos personagens. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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