A Feiticeira não agrada público americano

Quem assiste A Feiticeira não tem o menor problema em entender porquê foi um fracasso redondo nos Estados Unidos. O filme, que homenageia aquela série popular da televisão, se mete a trabalhar com auto-referências e metalinguagens. Recursos ?intelectuais? que provavelmente não agradam ao público-alvo e que curtia a série. Quanto ao público culto, que adora a metalinguagem e a auto-referência, bem, esse dificilmente será visto indo ao cinema em busca da Feiticeira.

São Paulo (AE) – Mesmo que a moça seja interpretada pela cult Nicole Kidman. Não vamos esquecer que Kidman é atriz de sucesso, pop e tudo o mais, mas também embarcou em projetos ousados, de risco, como De olhos bem abertos, de Stanley Kubrick e – pior – , do dinamarquês Lars von Trier. Tem currículo.

Mas aqui faz um papel bem bobinho. Ela é uma feiticeira de verdade que quer deixar as facilidades da bruxaria de lado e ser apenas uma moça normal. Enquanto procura um homem para amar, deve arrumar um emprego. E esse emprego será na televisão que – olha só que coincidência – está programando um remake da série dos anos 60, no qual a bela Nicole cai como uma luva. Quer dizer, ela é a feiticeira de verdade, que finge ser alguém normal, que apenas interpreta uma feiticeira numa série de TV.

Em seu filme, a diretora Nora Ephron coloca alguns ingredientes interessantes. Veteranos de nome como Michael Caine, no papel de Nigel Bigelow, o pai de Isabel (Nicole), e Shirley MacLaine, como a atriz veterana Iris Smythson, que talvez também tenha uma vassoura em sua garagem. Dão certo charme ao roteiro pouco inspirado, em especial em seus diálogos. Frouxo, sem poder de invenção, acaba repetindo estereótipos de comédia romântica, apesar da pretensão inicial.

Por falta de recursos, ou pouco disposto a inventar para valer, por razões comerciais, A Feiticeira acaba sendo apenas um filme meio tolo que deseja se passar por inteligente.

Serviço:

A Feiticeira (Bewitched, EUA/ 2005, 102 min.). Comédia romântica. Dir.: Nora Ephron. Livre. Em grande circuito. Cotação: Ruim.

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