A despedida de Helena Kolody

O Paraná perdeu um dos maiores ícones da poesia. Helena Kolody, de 91 anos, morreu na noite de sábado, vítima de problemas cardíacos. A poeta estava internada na Santa Casa de Misericórdia desde a quinta-feira – foi a terceira internação em menos de dois meses. Ontem, amigos e familiares prestaram a última homenagem a Helena Kolody. O corpo foi sepultado no Cemitério Municipal. Considerada uma das maiores referências literárias no Estado, Helena Kolody dedicou sua vida à poesia. Publicou 22 livros no Brasil e teve uma das obras, “Viagem no Espelho”, traduzida para o italiano e ucraniano. Desde 1991 ocupava a cadeira n.º 28 da Academia Paranaense de Letras (APL).

“Ela poderá um dia ser sucedida, mas nunca substituída, dada a dimensão de sua figura humana e rara inteligência”, afirmou o presidente da APL, Túlio Vargas. “Só o tempo poderá dimensionar a falta que ela nos fará.” Para a poeta e amiga pessoal Adélia Maria Woellner, a morte de Helena Kolody “é uma perda insubstituível.” “Não só pela qualidade de vida, repleta de princípios, integridade, emoções, como pela maneira que ela tratava a todos, sempre com serenidade, humildade”, afirmou. “Pena que o Brasil ainda não descobriu Helena. Ela merecia destaque como Mário Quintana”, lamentou Adélia.

O prefeito Cássio Taniguchi confessou ser leitor de Kolody. “Eu chego a citar alguns versos de Helena Kolody no fim das minhas falas”, afirmou o prefeito, acrescentando que a poeta era “nossa musa inspiradora.”

Bastante abalada estava a irmã Olga Kolody, 88. As duas moravam juntas em um apartamento no centro. “Nossa outra irmã morava com a gente, mas já morreu. Agora foi Helena”, afirmou Olga, inconsolada.

Amor impossível

Helena Kolody nunca se casou. Também não deixou filhos. Apesar disso, sempre demonstrou extrema felicidade, generosidade, cordialidade. “Ela era uma pessoa por quem todos se apaixonavam. Ao mesmo tempo que era extremamente lírica, era divertidíssima, engraçadíssima”, contou o editor Roberto Gomes, que passou a editar os livros de Helena Kolody em 1985. O último foi “Poemas de um amor impossível.” “São poemas que contam a história de um amor impossível de sua vida. Algo que ela não conseguiu realizar”, explicou. Segundo Roberto Gomes, talvez pelo fato de não ter sido mãe, Kolody dizia que adotava como filhos aqueles de quem gostava.

Helena Kolody havia parado de escrever poemas há anos. “Parei de escrever porque não tenho mais os sonhos de antigamente. Eu sonhava os poemas”, revelou a poeta em uma das últimas entrevistas à Tribuna, em outubro de 2002. Apesar de não escrever mais, Helena ainda recitava muitas de suas poesias. “Ela entrou na UTI dizendo versos”, contou Chloris Casagrande Justen, presidente do Centro Paranaense Feminino de Cultura e amiga pessoal que a acompanhou no hospital.

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