A boa saúde do cinema brasileiro

Os números conspiram mas, desta vez a favor – enquanto no ano passado cineastas brasileiros temiam que o segundo semestre e, especialmente, a temporada de 2005, seriam magros em lançamentos nacionais, uma vez que o governo não definira sua política de incentivos fiscais, o movimento da produção indica que a saúde do cinema brasileiro continua boa.

Segundo levantamento do site Filme B, especializado em consultoria no mercado cinematográfico, quase 190 filmes se encontram nas mais diversas fases de realização: cerca de 30 estão com data marcada para estrear até o fim do ano, além de outros 17 que estão na lata, mas ainda sem previsão de chegar às salas. Em pré-produção ou em filmagem, existem mais 21, enquanto 63 estão em captação e 55 em fase de montagem e finalização. Existem, ainda, 4 filmes inconclusos.

O Filme B observou também que, em relação aos dois primeiros meses do ano passado, o público de filmes brasileiros cresceu 49%, com mais de 4,1 milhões de ingressos vendidos. Em janeiro e fevereiro deste ano, do total de pessoas que assistiram a algum longa, 20% viram uma obra nacional contra 16% do mesmo período de 2003.

“O mercado continua aquecido porque as empresas privadas constataram que o cinema é um bom negócio e, por isso, estão substituindo as estatais como principais investidores”, comenta a produtora Paula Barreto, que finaliza um candidato a recordista de bilheteria do ano: “O Casamento de Romeu e Julieta”, dirigido pelo seu irmão, Bruno, e com estréia prevista para outubro. “Em 1994, as estatais financiavam até 98% da produção; hoje, chegam a investir quantias ínfimas, como até R$ 1 mil.”

Para “O Casamento de Romeu e Julieta”, por exemplo, ela contou com uma pequena parcela de investimento de uma estatal, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – a maior parte do bolo se dividiu entre a distribuidora Buena Vista (da Disney), o Bradesco e a Pirelli. “As empresas também se adequaram às leis de incentivo, profissionalizando seu departamento de Marketing .”

Tal conjugação, aliás, vem transformando Diler Trindade em um dos maiores produtores de cinema do País. Ele conseguiu a proeza, por exemplo, de colocar no circuito cinco filmes em menos de 12 meses – entre junho de 2003 e janeiro deste ano, entraram em cartaz “Didi – O Cupido Trapalhão”, “Dom”, “Maria – Mãe do Filho de Deus”, “Abracadabra” e “Um Show de Verão”. Apesar do tropeço de dois deles (“Dom” e “Um Show de Verão”), Diler ostenta a significativa cifra de mais de 6 milhões de ingressos vendidos.

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