A beleza da pérola negra

A atriz Adriana Alves subestima o próprio poder de sedução. Dia desses, ela estava numa danceteria do Rio quando um admirador secreto lhe ofereceu flores. Como ela não deu muita confiança ao sujeito, ele logo mandou mais. E mais. Quando Adriana se deu conta, sua mesa mais parecia uma floricultura. “Quando a gente não dá bola, aí é que eles ficam assanhados”, provoca.

Desde que estreou na Globo como a Palmira de Celebridade, Adriana trocou a casa dos pais em São Paulo por um “flat” em Copacabana. Diariamente, ela ouve uma infinidade de cantadas, muitas delas em inglês e espanhol. As preferidas, porém, são as em português. Cantadas do tipo “Quem me dera ter uma vizinha assim” ou “Vou me mudar hoje mesmo para o Andaraí” sempre arrancam ruidosas gargalhadas da atriz. “Se dissesse que não gosto, estaria mentindo. Afinal, encaro como elogio”, sorri.

A vida dessa paulistana de 27 anos nunca mais foi a mesma desde que ela começou a interpretar a simpática camareira do Andaraí. E por pouco, muito pouco mesmo, o rebuliço não seria ainda maior. Afinal, quando recebeu o convite do diretor Dennis Carvalho, soube que interpretaria uma tal de Jaqueline Joy. Mesmo gostando do teste da moça, Gilberto Braga preferiu guardá-la para outro papel. Como não tinha nenhum em vista, criou um especialmente para ela. “A princípio, só vinha ao Rio dois dias. Atualmente, se bobear, gravo a semana inteirinha. Sinal que agradei, né?”, indaga. Para a atriz, Palmira caiu nas graças do público por causa do jeito alegre e solidário. A personagem tornou-se “cúmplice involuntária” das trapalhadas de Darlene e Jaqueline, de Deborah Secco e Juliana Alves.

Família

Por coincidência, os atores que integram o núcleo do Andaraí em Celebridade formam a “família carioca” de Adriana. Como não conhecia ninguém no Rio, achou que dificilmente faria amizade. Bobagem. Colegas de elenco, como Deborah, Juliana e Marcelo Faria, o Vladimir, já não vão mais para a “balada” sem antes convidar a amiga. “Sempre que tem uma festa, eles me ligam para avisar. Jamais vou esquecer do carinho deles”, emociona-se. Não é preciso nem dizer que Adriana aproveita as brechas nas gravações para viajar para São Paulo. Em casa, a prioridade nº 1 é sempre o colo da mãe, Dona Nanci, uma das maiores incentivadoras da filha. Juntas, as duas se divertem assistindo às cenas de Adriana na novela. “Quando apareço no vídeo, minha mãe fala tanto que não ouço mais nada…”, entrega.

Gueto

Antes de despontar como a Palmira de Celebridade, Adriana Alves deu expediente em A Turma do Gueto, da Record. Na série, interpretava Pamela, jovem pobre da periferia de São Paulo que sonhava virar estilista. Na primeira temporada, Pamela começou a namorar o Professor Ricardo, vivido por Netinho, um dos idealizadores da série. Mas, lá pelas tantas, caiu na lábia de Jamanta, um perigoso traficante interpretado por Nill Marcondes. Logo, a moça se deu conta da bobagem que fez e realizou o sonho de montar o ateliê. “A Pamela mostrou para as meninas pobres da periferia que somos capazes de vencer na vida honestamente. Saí da Record com a sensação de dever cumprido”, orgulha-se.

A exemplo da Pamela de A Turma do Gueto, Adriana também já conseguiu realizar alguns de seus sonhos. Principalmente o de ser atriz. Um sonho que começou aos 18 anos quando ajudou a montar uma companhia de teatro amador, a Arte & Vida, e começou a se apresentar nas ruas de São Paulo. A alegria de estrear na tevê ao lado do ídolo Netinho, porém, só não foi maior do que a de ser convidada para fazer novela no horário nobre da Globo. “Atribuo a minha rápida ascensão à minha força de vontade. Passei por tudo que tinha para passar. Não queimei etapas”, sublinha. Feliz com a atual etapa da carreira, Adriana confessa que, se tivesse coragem, ligaria para Gilberto Braga para agradecer. Não pediria nada. Ou melhor, pediria sim. Pediria um namorado para a Palmira. “Já percebeu que ninguém no Andaraí tem namorado fixo? Se pudesse, pediria que nós do Andaraí namorássemos mais”, brinca.

Voltar ao topo