50 anos em cinco horas

Prepare-se para passar cinco horas no teatro. E com boas chances de gostar. O épico Os Sete Afluentes do Rio Ota, de Robert Lepage, tem a primeira de suas duas apresentações na Mostra Contemporânea do Festival de Teatro de Curitiba hoje, às 21h30, no Teatro da Reitoria.

A corajosa montagem, que chega a Curitiba depois de receber cinco indicações para o Prêmio Shell pela temporada no Rio, é a estréia da cineasta e produtora de eventos Monique Gardenberg na direção teatral. No elenco estão Caco Ciocler, Giulia Gam, Beth Goulart e Maria Luiza Mendonça, entre outros.

Monique viu o espetáculo original em Nova York, há sete anos, e ficou impressionada: “Pela primeira vez o teatro transcendeu o palco, suas limitações e sua autoridade, para viajar pelo tempo e espaço de forma surpreendente e natural. Ao atravessar os últimos cinqüenta anos do século XX, Lepage revela-nos nossa aterradora realidade, insignificância e comovente humanidade”, disse a diretora no início da temporada carioca.

A história começa em 1945, em Hiroshima, logo após a explosão da bomba atômica, e faz uma viagem no tempo e no espaço para ilustrar a segunda metade do século passado. “Reconstrução” e “sobrevivência” são as palavras-chave do espetáculo. “Na peça, utilizo um poema do Allen Ginsberg, no qual ele cobra a América pelos seus malefícios. Fico bastante emocionada de ver a dureza da sua atualidade”, observa a diretora.

A partir da idéia trabalhada por Lepage com o grupo Ex-Machina, o dramaturgo Gerard Bibeau elaborou um texto em sete capítulos Fotografias, Jeffreys, Um Casamento, O Espelho, Palavras, A Entrevista e O Trovão. No Rio, Monique optou por apresentar os quatro primeiros segmentos de quarta a sexta, e os três últimos aos sábados e domingos. Já o público curitibano vai encarar as sete partes de uma vez, com dois intervalos.

Na metade inicial da montagem predomina o drama pesado, enquanto que a parte final é temperada por momentos de humor. Para dar conta de montar um espetáculo dessa magnitude, Monique Gardenberg cercou-se dos melhores profissionais a atriz e bailarina Michele Matalon assumiu a co-direção, Helio Eichbauer criou o cenário, Marcelo Pies os figurinos, sem falar na trilha sonora de Zé Nogueira e na impressionante iluminação de Maneco Quinderé. Apesar disso tudo, e de todas as indicações para o Prêmio Shell, Os Sete Afluentes do Rio Ota não empolgou muito os cariocas, tendo sido considerada “difícil” e “longa” por parte da crítica. Agora é pagar para ver.

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