30 anos depois, reaparece a Margarida

O escritor e dramaturgo carioca Roberto Athayde começou bem no teatro: Apareceu a Margarida, seu monólogo de estréia, encenado por Aderbal Freire Filho em 1973 e tendo Marília Pêra no papel-título, foi montado mais de 100 vezes em cerca de 20 países e arrebatou prêmios importantes para o autor e vários protagonistas. O autor tinha então 23 anos.

Embora tenha se esforçado, Athayde nunca mais conseguiria repetir o sucesso da estréia. Mesmo assim, gravou seu nome na história do teatro brasileiro, com 16 textos – a maioria inédita. Hoje com 54 anos, o autor acaba de concluir um vídeo na região da Transamazônica. Marcando os trinta anos da estréia de Apareceu a Margarida nos palcos brasileiros, a Editora Nova Fronteira lança Peças Precoces – Apareceu a Margarida e Outras (224 págs., R$ 39), reunindo a peça de estréia e outros quatro textos.

Todas as peças reunidas foram escritas em 1971, quando o dramaturgo tinha 21 anos, e trazem a marca dos anos de chumbo no subtexto. Em termos de dramaturgia, as cinco histórias têm em comum fortes traços de humor e de absurdos, marcas registradas da obra de Athayde.

Apareceu a Margarida é uma conversa da professora Margarida com sua turma -papel assumido pela platéia. Tirânica, sedutora, chantagista, demagoga e repressora, a professora funciona, ao mesmo tempo, como metáfora de um País sufocado pela ditadura militar, e de toda a civilização oprimida pelo sistema educacional que investe o professor de poderes absolutos. O espetáculo está prestes a ganhar nova montagem em Nova York.

Em O Reacionário, Roberto Athayde coloca frente a frente dois personagens de tendências políticas diametralmente opostas, mas que necessitam um do outro para sobreviver. Quase como um joguete entre os dois, há a figura da empregada, que não se beneficia com as idéias de nenhum deles.

Extraterrestres

Usando uma das situações mais recorrentes da ficção científica – a visita de um extraterrestre à Terra -, Um Visitante do Alto aborda a questão da dominação, e mexe com alguns princípios da civilização cristã ocidental.

No texto Manual de Sobrevivência na Selva, quatro sobreviventes de um acidente aéreo estão perdidos numa floresta, da qual não são capazes de extrair alimentos ou água. Desesperados, partem em busca de um manual que os ajude a sair daquela situação – e se esquecem de sobreviver.

No Fundo do Sítio, a última história, conta a história de dois grandes amigos de infância que se reencontram depois de décadas sem se ver. Um só se lembra das pessoas que povoaram o passado, enquanto que o outro só tem recordações dos lugares e objetos que dele fizeram parte.

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