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Zago enaltece jogo ofensivo do Red Bull no Paulistão: ‘Futebol é diversão’

Comandante da equipe de melhor campanha na primeira fase do Campeonato Paulista, o técnico Antônio Carlos Zago considera que o Red Bull Brasil joga um futebol moderno e apontou os fatores para o sucesso da equipe. Ao Estado, Zago, no comando do time desde setembro do ano passado, diz que a montagem minuciosa do elenco, a facilidade com a qual os jogadores assimilaram a ideia de jogo imposta por ele e a boa gestão do grupo por parte da comissão técnica foram determinantes para a campanha surpreendente no Estadual. O treinador participou da montagem do elenco e indicou jogadores que têm se destacado no torneio, como o zagueiro Léo Ortiz e o atacante Roberson.

Com passagens por Palmeiras e Internacional, o treinador prima pelo estilo ofensivo, de toque de bola, quer sempre que seus atletas construam o jogo e que joguem um futebol moderno. Zago, afirma que deseja, sobretudo, que os jogadores se divirtam com a bola.

O Red Bull ostenta números que causam inveja aos grandes paulistas. Tem a melhor campanha com 27 pontos, o melhor ataque (19 gols), é líder de finalizações certas e está invicto há dez jogos, sendo que ganhou os últimos quatro e passou incólume pelos clubes da capital – empatou com Palmeiras e São Paulo e derrotou o Corinthians na arena do rival.

Nas quartas de final, a equipe treinada por Zago enfrenta o Santos, time que o técnico considera o melhor do futebol paulista. Como terminou à frente da equipe de Jorge Sampaoli e de todas as outras no campeonato, o Red Bull decide em casa o jogo da volta. A primeira partida será neste sábado, às 19h30, no Pacaembu.

O Red Bull, fundado em 2007, tem a intenção de jogar a Série B do Campeonato Brasileiro. Para isso, fez proposta para comprar o Oeste, que, porém, recusou, dizendo que o clube “não será vendido em hipótese nenhuma”. O Paulista e o Bragantino também aparecem como alvos do clube.

Quais os principais motivos do sucesso do Red Bull na primeira fase do Paulistão?

Os jogadores assimilaram rapidamente o que colocamos como ideia de jogo. Acertamos nas contratações, são jogadores que vieram para ajudar no crescimento do clube. E somado, é claro, com o trabalho da comissão técnica, das pessoas que estão no dia a dia do clube. Fizemos uma excelente primeira fase e espero que a gente possa repetir o mesmo futebol nas quartas e chegar às semifinais do Paulista.

Como é trabalhar em um clube-empresa? Quais as diferenças em relação aos outros clubes?

A maior diferença é a tranquilidade para se trabalhar. As minhas ideias se encaixam com as ideias do clube. Trabalho em cima do que o clube quer. Uma das políticas do clube é revelar jogadores e sempre gostei de trabalhar com atletas da base. No resto, há a pressão natural do futebol, apesar de não termos tantos torcedores. Futebol sempre vai se basear em resultados e temos que conseguir esses resultados. Trabalho num clube que tem uma ótima estrutura, temos tudo aqui o que têm os grandes clubes do futebol brasileiro, então o único pensamento é fazer o melhor para que as coisas possam fluir da melhor maneira possível.

Você fez cursos na Europa e foi auxiliar na Roma e no Shakhtar Donetsk. O que aprendeu no futebol europeu que tem aplicado no Red Bull?

Eu tinha o sonho de fazer esses cursos da Uefa. Acabei tendo a oportunidade de trabalhar um ano como auxiliar na Roma e dois no Shakhtar. O aprendizado é muito grande, incluindo a experiência boa na Liga dos Campeões. Nos anos em que fiquei no Shakhtar eu fiquei responsável por assistir aos jogos dos adversários e passar o relatório para o (Mircea) Lucescu (treinador romeno que comandou o Shakhtar por 12 anos). É difícil, mas sempre dá para trazer coisas para o Brasil. Procuro sempre mesclar o que aprendi lá na Europa e o que aprendi com alguns treinadores brasileiros. Não dá para colocar em prática no Brasil tudo o que acontece na Europa, até porque temos uma cultura muito diferente. A gente procura aplicar alguns conceitos, mas o principal de tudo, na maioria das vezes, é a gestão do vestiário, e isso faço da melhor maneira possível.

Considera o atual trabalho o melhor de sua carreira como técnico?

É um trabalho curto ainda. Peguei o time na Copa Paulista no final do ano passado e chegamos na semifinal. Fizemos uma excelente primeira fase no agora no Paulista, em que espero chegar o mais longe possível. No Juventude, em quase dois anos, chegamos ao vice do Campeonato Gaúcho, colocamos o time na Série B, fomos às quartas de final da Copa do Brasil, depois acabei subindo o Fortaleza (para a Série B). No Inter, o trabalho também vinha sendo bem feito, saí de lá com mais de 60% de aproveitamento, tanto que o Inter não foi campeão, mas subiu para a elite posteriormente. Então vinha fazendo um bom trabalho e não sei o que aconteceu para me demitirem, porque os resultados foram bons. Venho melhorando a cada dia, sempre tenho vontade de aprender e procuro me atualizar, mas sempre tendo a minha ideia e visão da maneira que eu enxergo o futebol. O trabalho atual é bem feito, mas temos que melhorar e espero continuar por muito tempo para dar seguimento ao que começamos.

O Red Bull joga um futebol moderno?

Acredito que sim, pois é uma equipe de toque de bola, que tem o controle do jogo. Não é uma posse de bola entre os zagueiros, é já no campo do adversário. O time não se descuida da marcação, está sempre bem posicionado em campo para pegar o rebote e impedir o contra-ataque do adversário. Então vejo que temos uma ideia moderna de futebol. A equipe sempre propõe o jogo e joga de forma ofensiva. É uma ideia que tenho, talvez seja diferente de alguns treinadores, mas é a que espero continuar aplicando na minha carreira.

Qual avaliação faz do nível do futebol brasileiro?

É difícil falar. É complexo, mas acho que temos bons jogadores. Os europeus não vêm aqui de graça buscar nossos atletas, que sempre tiveram uma técnica apurada. Sempre tivemos grandes times, participei de três deles. O São Paulo do Telê e o Palmeiras e o Santos do Luxemburgo. Então cabe ao treinador desenvolver esse lado do jogador para que ele possa sempre melhorar. Minha intenção é sempre procurar ajudar e fazer com que os jogadores cresçam.

Como é o Zago hoje, quase dez anos depois do início da carreira de técnico? Mudou muito a forma como vê futebol, os treinos e também a relação com os jogadores?

Mudei e fiquei mais experiente, mas a ideia como enxergava o futebol é quase a mesma, que inclui um futebol de toque de bola, ofensivo. Não consigo entender quando as pessoas falam em dar a bola para o adversário. Se a bola é a diversão, se a criança quer uma bola para brincar, eu vou dar ela para o adversário para depois correr atrás? Acho que é mais fácil se divertir com a bola. Sempre tive uma relação muito boa com os jogadores e o intuído, a cada dia que passa é sempre adquirir mais experiencia, sempre com o objetivo de me tornar um dos melhores treinadores do futebol brasileiro.

O Santos de Sampaoli encantou o país com um futebol ofensivo e de intensidade, mas vem em baixa após duas derrotas seguidas. O que espera dos confrontos?

Espero dois grandes jogos, contra uma equipe que vem apresentando um bom futebol. O Santos perdeu os últimos dois jogos, mas não vai deixar de ser aquela equipe ofensiva que encantou a todos. Nós também temos a ideia de jogar para frente, procurar sempre o gol. Serão dois jogos difíceis e temos que trabalhar bastante pois vamos jogar contra a melhor equipe do futebol paulista. Espero que possamos passar à próxima fase e depois, quem sabe, avançar à final, como aconteceu com o Audax e o Ituano recentemente.

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