Vôlei brasileiro é o melhor do mundo

A seleção brasileira masculina de vôlei conquistou ontem o tricampeonato da Liga Mundial, em Madri. Diante de 11 mil torcedores que lotaram o Ginásio Vistalegre, o time comandado por Bernardo Rezende bateu a Sérvia e Montenegro por 3 sets a 2, com parciais de 25/16, 21/25, 19/25, 25/23 e 31/29. Com oito títulos em dez competições, Bernardinho mantém o Brasil no topo do vôlei mundial – pela primeira vez na liderança do ranking mundial.

O primeiro ouro de Bernardinho com a seleção masculina veio no primeiro ano no comando, em 2001. Foi justamente o título da Liga Mundial, que o Brasil não ganhava desde 1993. A partir daí, o Brasil chegou na final de todas as competições que disputou – exceto na Copa do Mundo de 2001, quando o torneio era por pontos e os brasileiros ficaram em segundo. Com o treinador, os brasileiros conquistaram oito títulos e dois vice-campeonatos. Foi com ele que a seleção feminina conquistou o bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta/96 e Sydney/2000.

“Tenho de dar os parabéns ao time da Sérvia e Montenegro antes de mais nada. Eles demonstraram grande esforço e foram ótimos tecnicamente”, disse o técnico brasileiro. “Se não fosse o fato de que todos os torneios precisam ter um vencedor, eu diria que os dois times mereciam o primeiro lugar”, disse.

Nalbert, o capitão brasileiro, acha que esta foi a partida mais disputada da equipe: “Foi nossa melhor vitória. Tenho de parabenizar os adversários, que fizeram conosco um espetáculo sem igual”.

Sempre ressaltando a coletividade da equipe, Bernardinho não quis destacar o melhor jogador em quadra: “É difícil falar do melhor. Eu poderia falar de muitos. Mas hoje vimos que o vôlei é um esporte em que um time de apenas um jogador não ganha nunca”.

Do outro lado da quadra, o treinador da Sérvia e Montenegro, Veselin Vukovic, estava inconformado. “A final teve dois dos melhores times do mundo. Mas agora é difícil analisar por que o vencedor foi o Brasil e não nosso time”, lamentou o treinador, que chegou muito perto da conquista de um título inédito para aquele país. “Este foi nosso melhor resultado na Liga Mundial e espero que da próxima vez a gente vença. Vamos descansar e pensar no Campeonato Europeu”, assinalou.

O levantador da Sérvia e Montenegro, Nikola Gbric, também não quis falar muito sobre a partida. “É difícil falar sobre uma partida nesses momentos, em um jogo tão longo, que deu muitas voltas. Temos de ver quantas chances perdemos de conquistar o título”, declarou.

Mas Gbric fez questão de falar sobre o desempenho dos brasileiros: “Tenho de falar sobre a paciência, que deu a eles o primeiro lugar. Apesar de termos perdido, fizemos um grande papel. A lástima foi não poder ter ganho o último jogo”.

O ministro do Esporte brasileiro, Agnelo Queiróz, assistiu ao jogo em Madri e declarou: “Sinto-se muito orgulhoso. O time de Sérvia e Montenegro jogou muito bem. Foi uma grande final e me sinto muito feliz por isso”.

O confronto

A partida final da Liga Mundial começou ?fria?. Com um Brasil arrasador, que ganhou o primeiro set da Sérvia e Montenegro por fáceis 25/16, a torcida espanhola que lotou o Ginásio Vistalegre, em Madri, não imaginava que pudesse acompanhar o mais longo e emocionante tie-break da história da modalidade, com 31/29.

Com o time inicial contando com Nalbert, Giovane, Ricardinho, Rodrigão, André Heller, André Nascimento e Escadinha, o Brasil encaixou o saque no primeiro set e desestabilizou todo o esquema tático dos adversários, com destaque para o ponta Giovane.

Com surpreendente facilidade, a equipe de Bernardo Rezende relaxou e deixou cair o rendimento nos dois sets seguintes.

Para o segundo set, o treinador rival, Veselin Vukovic, apostou na troca do veterano Vlad Gbric por Slobodan Boskan. A substituição deu resultado. Liderados por Miljkovic, eleito pelo terceiro ano seguido o melhor jogador da Liga Mundial, o time sérvio-montenegrino sacou muito melhor e quebrou o passe dos brasileiros e venceu segundo e terceiro sets.

Sem trabalhar com o passe na mão, o levantador Ricardinho não conseguiu manter as variações de jogadas do primeiro set, parando no bloqueio adversário e permitindo vários pontos de contra-ataque.

O quarto set começou ainda pior para o Brasil: a Sérvia e Montenegro abriu 6 a 1. Bernardinho apostou na troca de Giovane por Giba e André Nascimento por Anderson. O ponta Giba conseguiu surpreender o bloqueio adversário e se destacou na virada brasileira para o fechamento do set em 25/23.

No tie-break, o levantador Ricardinho explorou principalmente jogadas de potência pelas pontas com Anderson, e rápidas pelo meio-de-rede, com Rodrigão. O ponto final veio com Giba.

Garotos são hexacampeões na Tailândia

A seleção brasileira masculina infanto-juvenil de vôlei é hexacampeã mundial. Na madrugada de ontem, o Brasil derrotou a Índia por 3 sets a 0, parciais de 25/22, 26/24 e 25/19, em 1h11 de jogo, no ginásio Silpa-Archa, na cidade de Suphanburi, na Tailândia. Em oito campeonatos mundiais disputados, o Brasil venceu seis (89, 91, 93, 95, 2001 e 2003), comprovando assim o excelente trabalho do voleibol brasileiro nas categorias de base.

Na decisão, a equipe comandada pelo técnico Percy Oncken não se intimidou com invencibilidade dos indianos e dominou a partida. Se na fase classificatória, a Índia havia surpreendido o Brasil e vencido por 3 sets a 1, na final, os brasileiros deram o troco e ganharam no momento em que a vitória valia o título mundial. O Brasil terminou o campeonato mundial com seis vitórias e apenas uma derrota.

Com um bloqueio eficiente – que marcou 10 pontos – e um bom volume de jogo no ataque (47 pontos), o time verde-amarelo não teve dificuldades para impor a primeira derrota aos adversários e comemorar a medalha de ouro. O oposto Thiago Machado e o ponta Thiago Soares foram os destaques do Brasil, com 15 pontos cada um. Pela Índia, Kumar Sanjay foi o maior pontuador da partida (21).

Melhor bloqueador da competição, o meio-de-rede Danilo lembrou que a garra brasileira foi fundamental para a equipe subir no lugar mais alto do pódio. “Foi emocionante. Irei lembrar desta partida pelo resto da minha vida. Sacamos, bloqueamos e defendemos muito bem. Todo o time teve uma atuação excelente. Nas horas mais difíceis do jogo, tudo deu certo para a nossa equipe”, disse Danilo, que também destacou dois fundamentos na campanha vitoriosa do Brasil. “Tivemos uma boa eficiência no ataque e no bloqueio durante todo o mundial”, completou o jogador.

Comandante do time brasileiro, o técnico Percy Oncken comemorou mais um título mundial infanto-juvenil na sua carreira. Nas seis conquistas brasileiras, o treinador só não esteve presente na primeira, em 89. Em 91, Percy, como assistente-técnico de Marcos Lerbach, obteve o seu primeiro título. Em todos os outros títulos (93, 95, 2001 e 2003) ele foi o técnico das equipes vitoriosas.

“Essa foi a conquista mais difícil e emocionante. Em vários momentos deste campeonato tivemos que nos superar para continuar na competição. Primeiro, a Itália, no play-off eliminatório. Depois, a Rússia, nas quartas-de-final. Agora, nesta final, tivemos que encarar uma equipe que já tinha nos vencido. Foi duro, mas muito emocionante”, contou o treinador.

Para Percy, a participação brasileira na competição foi dividida em dois momentos. “Até a derrota para Índia nosso time era um. Depois, os meninos eram outros em quadra. Lutaram muito. Treinaram e estudaram cada adversário. Foi um show de bola! Esta equipe se empenhou muito bem taticamente”, ressaltou o técnico.

Na decisão do bronze, a República Checa foi superada pelo Irã, que venceu por 3 sets a 1.

Agora a liderança do ranking

O Brasil assumiu a liderança do ranking mundial de vôlei, elaborado pela Federação Internacional (FIVB), ao garantir vaga na final da Liga Mundial, ainda no sábado, após derrotar a República Checa por 3 a 1. Enquanto os brasileiros lutavam pela sétima posição, sábado, os brasileiros chegaram ontem ao tri.

O título mundial sub-19, em Suphanburi, na Tailândia, ao derrotar a Índia, por 3 sets a 0, também contou pontos para a nova classificação brasileira.

Ricardinho sai da “sombra”

O levantador Ricardinho mostrou na Liga Mundial 2003 que não vive mais na “sombra” de Maurício. Pela primeira vez em 14 anos, o experiente levantador de 35 anos ficou na reserva. Em seu lugar, com total apoio do técnico Bernardinho, Ricardinho assumiu a titularidade do grupo desde o início de uma competição e mostrou que não se intimida mais com os títulos olímpico e de campeão mundial que Maurício conquistou em 15 anos como titular absoluto – assumindo o posto de William, em 1988.

Na fase final da Liga Mundial, Ricardinho foi eleito o segundo melhor levantador – atrás do italiano Marco Meoni. Na melhor fase da carreira, o paranaense de Maringá vai jogar no Telemig/Minas, justamente na vaga que pertencia a Maurício.

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