Vitória faz Coritiba sonhar alto

As dúvidas sumiram. Mesmo o Paysandu sendo um adversário desesperado e, por conseqüência, abalado psicologicamente, o Coritiba conseguiu no domingo uma vitória reparadora. Isso porque revitalizou um elenco que necessitava responder com qualidade, reafirmou laços de relacionamento dentro do grupo e recolocou o Cori na linha dos bons resultados. E deu ao técnico Paulo Bonamigo e aos jogadores a esperança de conseguir o objetivo mais claro do Coxa no Brasileiro: conseguir uma vaga na Taça Libertadores da América.

E o resultado começou a ser conseguido no hotel Hilton, local de concentração do Coritiba em Belém. “Foi a melhor preleção que eu ouvi na minha vida”, disse, com seu peculiar exagero, o volante Roberto Brum. “Nós conseguimos perceber que tínhamos condições de conseguir a vitória e responder positivamente em um momento tão difícil”, avaliou o jogador, um dos destaques da vitória de domingo.

Mais ainda pelo contexto do resultado. O Cori entrou em campo sem oito jogadores que são titulares ou estão sendo usados regularmente por Bonamigo, além de estar vindo de um resultado ruim dentro de casa (o empate contra o Vasco). “É por essas coisas que a vitória foi decisiva para o nosso planejamento dentro do campeonato”, explicou o “Senador” Brum.

Com 14 pontos, o Coxa agora é o décimo-primeiro colocado, melhor posição do time no Brasileiro. E os dois próximos jogos (Guarani, no sábado, e Goiás) são decisivos para a arrancada alviverde, já que depois vem o clássico contra o Atlético e uma série de jogos contra os paulistas Santos, São Caetano, São Paulo e Corinthians. “Se quisermos alguma coisa na competição, precisamos vencer dentro de casa, a partir deste jogo contra o Guarani”, comentou Brum.

Para Bonamigo, importante foi o aproveitamento ofensivo coxa. “Acho que nós tivemos um momento decisivo no jogo, que foi o gol do Marcel. Aproveitamos a nossa primeira oportunidade, e com isso tivemos mais tranqüilidade para dominar o jogo”, explicou. E com uma formação mais ofensiva que o normal, já que contava com quatro jogadores de característica atacante – Marcel, Edu Sales, Lima e Jackson.

Retornos

Para o jogo contra o Bugre, o técnico Bonamigo poderá contar com Tcheco, que já cumpriu a suspensão imposta pelo STJD. Além do meio-campista, Willians e Souza devem ser liberados durante a semana, e há ainda expectativa que Ceará e Adriano possam reunir condições de jogo. Lima, que saiu da partida contra o Paysandu reclamando de dores musculares, não preocupa. “Ele está bem, foi só poupado”, afirmou o médico Walmir Sampaio.

Jackson, cada vez mais fundamental no Coritiba

E aí Jackson dominou a bola, ainda no campo de defesa do Coritiba. Foram cerca de trinta segundos de emprego de técnica, força e velocidade, que desaguaram no mais belo gol coxa no campeonato brasileiro – escolhido o lance mais espetacular da rodada do final de semana. Se haviam dúvidas quanto à importância do armador no Cori, elas se dissiparam com aqueles trinta segundos.

Mas não só com eles, mas com uma atuação perfeita, comandando o Cori na vitória de domingo sobre o Paysandu. Jackson foi o jogador que se esperava: criou, armou, chutou a gol e, quando preciso, foi ajudar a defesa na marcação. “Ele me ajudou muito”, disse Lima, que compôs a meia-cancha em Belém. “Eu fiquei mais liberado para jogar como eu gosto, porque ele assumiu as ações de armação”, completou.

Isso não é diferente do que se previa. Desde que chegou ao Alto da Glória, Jackson absorveu com naturalidade a responsabilidade de comandar o Cori dentro de campo -a tal ?liderança técnica? de que sempre fala o técnico Paulo Bonamigo. Sem reclamar, o armador tomou um papel que ele já tivera no Sport Recife, e que não conseguira repetir no Palmeiras, no Cruzeiro e no Internacional.

E é tanta tranqüilidade que Jackson sequer se refere à atuação de domingo como diferenciada. “Acho que joguei da mesma maneira de que contra o Cruzeiro, mas naquele jogo nós infelizmente não ganhamos”, comentou o jogador. Justamente: talvez por isso, mesmo que ele não fale, contra o Paysandu o armador teve participação decisiva no resultado positivo alviverde.

Para completar, ainda houve aqueles trinta segundos inesquecíveis. Jackson dominou no campo de defesa coxa, driblou o primeiro, deixou dois para trás na velocidade, passou pelo quarto com mais um drible, levou outros dois na corrida e venceu Carlos Germano com um arremate bem-colocado. Com total desassombro, o armador diz que se esqueceu do gol, seu primeiro com a camisa do Coritiba. “Eu nem lembro direito como aconteceu”, confessou.

E, mesmo com a amnésia pontual, Jackson não se esquece de um outro sonho – jogar na seleção brasileira, onde passou quando ainda jogava no Sport. Ele trabalhou com o técnico Carlos Alberto Parreira no Internacional, e o armador acha que esse ponto pode contar a seu favor. “É uma possibilidade que eu não posso deixar de pensar. Ainda tenho esperança de voltar à Seleção”. Com outros gols e atuações como a de domingo, o desejo pode, porque não, se tornar realidade.

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