Vitória do Grêmio muda os planos de Bonamigo

Complicou. A ótima atuação do Grêmio contra o Olímpia na quinta-feira, vencendo por 3×0 e passando para as quartas-de-final da Taça Libertadores, deve ter feito a cabeça do técnico Paulo Bonamigo embatucar. A dúvida que ele mantém para a formação do time que joga amanhã, às 18h, no Olímpico, passa muito pelo que o time gaúcho fez, e isso pode fazê-lo refrear o ânimo de escalar uma equipe mais ofensiva.

Antes mesmo da partida do Grêmio, Bonamigo já demonstrava a dúvida que vai ser mantida até momentos antes do jogo. “Se vocês estão maquinando alguma coisa, eu também estou”, disse aos jornalistas que acompanhavam os treinos nas frias manhãs desta semana. Para cada avaliação positiva de cada formação, ele tem um porém que o faz pensar mais um pouco. E ele ainda tem tempo para ?maquinar? o onze titular do Cori na tarde-noite de amanhã.

As presenças decisivas de Luís Mário, Christian e Rodrigo Fabri na quinta já mudaram em parte o pensamento do treinador. A tendência mais forte é que ele defina a equipe com a mesma estrutura dos últimos jogos, contando com o retorno de Pepo à ala direita e a entrada de Edu Sales na frente. Assim, essa escalação teria Fernando; Pepo, Odvan, Edinho Baiano e Adriano; Reginaldo Nascimento, Willians (Roberto Brum), Tcheco e Jackson; Marco Brito (Lima) e Edu Sales.

Esse time tem a vantagem de ser mais ?compactado?, nas palavras do próprio treinador. Isso quer dizer que é uma equipe que fecha os espaços principalmente no meio-campo, e que impediria algumas ações mais agressivas do Grêmio. “O meio deles é muito bom, e não podemos dar espaços”, confirma Bonamigo. A preocupação do técnico alviverde reside nos rápidos deslocamentos de Tinga e no poder de conclusão de Rodrigo Fabri.

Seria uma formação semelhante à que jogou contra o Atlético-MG (e venceu), em Belo Horizonte, ainda mais se Roberto Brum jogar. Com esse time, o “Senador” ganha certos pontos, já que é um volante que tem mais qualidade de saída de jogo que Willians. Mas a grande falha desse esquema é o desequilíbrio tático confessado pelo próprio treinador. Quando o Cori detém a posse de bola, a equipe se volta para a esquerda, já que Adriano vira a válvula de escape do time.

Para escalar o time que ele testou na quarta (Fernando; Odvan, Edinho e Nascimento; Willians ou Roberto Brum, Jackson, Adriano, Tcheco e Lima; Marco Brito e Edu Sales), ele tem a favor o bom rendimento da formação nos treinos, principalmente no setor ofensivo. Edu está em boa fase e Brito subiu de produção com a alteração. O time também se equilibra, já que Jackson e Adriano passam a dividir a responsabilidade das jogadas de linha de fundo. Nessa equipe, até pela maior ofensividade, Bonamigo tenderia a escalar Willians como ?cão de guarda? da defesa.

É pensando em tudo isso – e colocando tudo na balança – que Bonamigo passou os últimos dias, e passará as próximas horas antes do início do jogo.

Senador não tem cadeira cativa

Intocável? Muitos têm feito essa pergunta em relação a Roberto Brum, mas talvez o próprio volante coxa seja o jogador que mais se questione nesse momento. Afinal, de jogador imprescindível no esquema tático do Coritiba, ele passou a dúvida depois das boas atuações de Willians contra Atlético-MG e Paraná. E, apesar do “senador” ter praticamente garantida sua escalação, ele anda meio ressabiado.

E isso se vê nas próprias expressões do volante. Um dos mais expansivos jogadores do elenco alviverde, Roberto Brum esteve mais fechado nos últimos dias. E aconteceu em progressão – se na terça ele deixava bem claro que ia voltar ao time (“eu sou titular”, disse), ontem ele transparecia preocupação. “Eu não sei se eu vou jogar. A decisão é do Bonamigo”, afirmou.

Era uma mudança de atitude em relação ao próprio treinador. E um certo desencanto aparecia a cada palavra que era dita. “Eu não imagino qual seria a minha reação, porque eu ainda não passei por isso no Coritiba, desde que o Bonamigo chegou. Não posso te dizer se eu vou jogar, e nem como eu me sentiria se outra coisa acontecesse”, confessou.

É verdade. Brum sempre foi titular desde que Bonamigo comanda o Cori, ficando fora apenas por suspensões e lesões. Ele apenas amargou o banco de reservas quando Joel Santana era o treinador, quando era suplente justamente de Willians. É por isso que, mesmo preocupado, o “senador” ainda tem fé no taco. “Para mim, vou jogar”, finaliza.

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