Vitória dá ao Atlético novo rumo

O Atlético manteve viva, ainda que remota, a chance de se classificar para a Copa Sul-Americana ao derrotar o Bahia por 2 a 0, ontem à tarde, na Fonte Nova, em Salvador. Para o tricolor baiano, o revés significou o agravamento da situação da equipe, que corre sérios riscos de ser rebaixada. Além de se valer do nervosismo dos baianos, pressionados pelo risco de descenso, o Rubro-Negro contou com a ajuda da arbitragem, habitualmente tida como vilã pelos atleticanos. O árbitro Clever Assunção Gonçalves deixou de assinalar uma penalidade a favor dos baianos e deu como legal o segundo gol rubro-negro, assinalado em jogada originada em um impedimento.

Apesar da vitória convincente, a sorte baiana poderia ser outra, não fosse a ansiedade da equipe. Ocupando a vice-lanterna no Brasileirão, o Bahia não tinha outra opção senão partir para cima do Atlético desde o primeiro minuto do jogo. E a ação baiana ficou mais fácil com a postura defensiva do Rubro-Negro, que foi a Salvador com a clara proposta de jogar nos contra-ataques. Até os 20 minutos, o Bahia dominou e teve duas chances claras de gol: um pênalti não assinalado aos 4 minutos – de Michel Bastos em Elias – e um cabeceio eficiente de Valdomiro aos 16 minutos, após cobrança de falta de Preto.

Entretanto, a demora para transformar em gols as chances criadas fez com que os baianos ficassem nervosos e passassem a errar alguns lances. Aproveitando-se disso, o Atlético começou a se soltar em campo, especialmente pelo setor esquerdo, onde Michel Bastos aparecia bem. Mas Adriano e Alex Mineiro, dispersivos, não colaboraram para que o Rubro-Negro virasse o placar em vantagem. “Está falando acertar o último toque”, resumiu o volante Luciano Santos.

Mudança

A parada dos vestiários não acalmou os ânimos do Bahia, que voltou com a mesma ansiedade. Sem conseguir concluir as jogadas com a bola rolando, a opção eram as cobranças de faltas perigosas de Preto, que já vestiu a camisa atleticana. Não fosse o goleiro Diego, o resultado do jogo poderia ser outro.

No lado rubro-negro, as coisas só começaram a fluir de verdade quando o técnico Mário Sérgio fez uma mudança estratégica: sacou o meia Jádson e escalou Ricardinho, o que fez a defesa baiana ter que se dividir na marcação: antes, Alex Mineiro estava isolado no ataque.

Sem tanto calor na nuca, Alex Mineiro provou seu oportunismo ao receber uma bola de Isaías, avançar pela direita e chutar na saída de Emerson, aos 25 minutos. O gol fez as vezes de balde de água fria nos baianos e motivo para que um silêncio absoluto passasse a reinar na Fonte Nova. Alguns torcedores começaram a queimar camisas do tricolor e muitos começaram a deixar o estádio. Quem foi antes dos 43 minutos acabou se livrando de ver o segundo gol rubro-negro, que complicou ainda mais as pretensões do Bahia de se manter na primeira divisão. Ricardinho recebeu pela direita – ele estava impedido e o bandeira não assinalou – e cruzou para Alex Mineiro. Na tentativa de interceptar a bola, Marcelo Souza chutou contra o patrimônio, dando uma força a mais para a vitória atleticana. Sem forças para reagir, o Bahia se arrastou até o apito final do árbitro, que serviu como ponto de partida para a comemoração atleticana.

Campeonato Brasileiro
43ª Rodada
Local: Fonte Nova (Salvador-BA)
Árbitro: Clever Assunção Gonçalves (MG)
Assistentes: Márcio Eustáquio Santiago (MG) e Rodrigo Otávio Baeta (MG)
Gols: Alex Mineiro aos 25 e Marcelo Souza, contra, aos 39 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Ricardinho e Alessandro.

BAHIA
0X2
ATLÉTICO-PR

BAHIA
Émerson, Marcelo Sozua, Valdomiro, Neto, Paulinho (Marcelo Nicácio) , Ramos, Elias (Willian), Preto, Chiquinho, Danilo (Claudio) , Didi. Técnico: Edinho

ATLÉTICO-PR
Diego, Rogério Corrêa, Daniel, Alessandro Lopes, Alessandro, Luciano Santos (Carlos Alberto), Alan  Bahia, Adriano, Jádson (Ricardinho), Michel Bastos (Isaías), Alex Mineiro. Técnico: Mário Sérgio

Mário comemora boa atuação dos reservas

O técnico Mário Sérgio tem motivos de sobra para comemorar a vitória por 2 a 0 sobre o Bahia. Sem poder contar com nada menos que sete titulares – um suspenso e seis em recuperação no departamento médico – o treinador conseguiu montar uma equipe que se não praticou um futebol empolgante em Salvador, pelo menos conseguiu trazer os três pontos para Curitiba. O resultado manteve o Atlético em 15.º lugar na tabela, mas também manteve as chances – mesmo que pequenas – de o time se classificar para a sul-americana. Para que isso aconteça, o Rubro-Negro terá vencer os seus próximos três compromissos – contra Guarani, Vasco e Paysandu – e ainda torcer para uma combinação de resultados.

Para o jogo contra o Bugre, no domingo, o único retorno garantido é o do zagueiro Tiago, que cumpriu suspensão. Mas isso não preocupa o treinador, que elogiou muito o desempenho de seus comandados ontem. “Todos que entraram na equipe jogaram bem. Até mesmo o Jádson, que cumpriu à risca o papel de segurar a marcação. Ele só deixou o time por questão tática. Precisávamos de mais um atacante”, diz, justificando a entrada de Ricardinho no segundo tempo.

Entretanto, não há como negar que sem sete titulares, o time perdeu um pouco o seu perfil. Mas a proposta para o jogo contra o Bahia caiu como uma luva. “A idéia era não tomar gols no primeiro tempo para deixar o adversário ansioso para passarmos a explorar os contra-ataques.”

Contratações

Enquanto o time se empenha nas últimas rodadas, a diretoria trabalha atrás de reforços para a temporada de 2004. “A intenção é começar a pré-temporada com o elenco montado, pronto para a disputa do estadual”, disse o diretor Alberto Maculan. O dirigente confirmou o interesse do Atlético no atacante Fabrício Carvalho, da Ponte Preta, no zagueiro Gaúcho e no meia Cléber, do Sport, e no volante Renato, do Corinthians. Mas garantiu que tudo ainda está no terreno das conversações.

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