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União faz ‘pente fino’ em contas de R$ 4,7 milhões de palcos da Olimpíada de 2016

Após gastar R$ 4,7 milhões em contas de água e luz nas Arenas Cariocas 1 e 2, no Centro de Tênis e no Velódromo, a Aglo (Autoridade de Governança do Legado Olímpico), autarquia vinculada ao Ministério do Esporte responsável por administrar as instalações esportivas do Parque Olímpico da Barra da Tijuca, resolveu montar um grupo de trabalho somente para analisar esse tipo de despesa.

Os R$ 4,7 milhões das contas de água e luz correspondem a mais de 10% dos R$ 45 milhões reservados no orçamento do ministério para a gestão do Parque Olímpico durante o ano.

Quatro funcionários da Aglo ligados às diretorias Executiva e de Gestão Interna do órgão são os responsáveis por fazer uma auditoria completa nas contas de água, esgoto e luz emitidas pela Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio) e a Light e apresentar um relatório final.

Segundo a Aglo, foram pagos à Cedae R$ 175.473,71, referentes ao período de abril a outubro – a autarquia foi criada pelo Governo Federal em 30 de março para substituir a APO (Autoridade Pública Olímpica). Já o ministério pagou R$ 75.203,02 pelos meses de janeiro, fevereiro e março. O valor total das contas de luz no exercício de 2017, até novembro, foi de R$ 4.610.568,28.

De acordo com o último balanço divulgado pelo Ministério do Esporte, foram realizados 92 eventos nos Parque Olímpicos da Barra e de Deodoro, de abril a outubro, com a presença de cerca de 288 mil pessoas, sendo 13.500 atletas. A maior parte dos eventos é realizada nos fim de semana.

O Velódromo, palco das provas de ciclismo de pista nos Jogos do Rio, é uma das áreas com maior custo de manutenção do Parque Olímpico. O local consumiu cerca de R$ 140 milhões para ser construído e o piso da pista é de madeira siberiana, o que exige refrigeração constante por ar-condicionado.

Para piorar, a cobertura do Velódromo precisou passar por dois reparos este ano após ser atingida pela queda de balões. Após o primeiro incêndio, em julho, as obras de reconstrução do local custaram R$ 199,4 mil. O incidente mais recente ocorreu no mês passado e os reparos consumiram cerca de R$ 60 mil aos cofres públicos.

Para tenta minimizar os custos de administração e gestão do Parque Olímpico, além de fazer uma revisão completa nas contas de água e luz, a Aglo tem adotado um sistema de contrapartidas, no qual os recursos arrecadados com a locação dos espaços são revertidos em obras no local.

Foi assim, por exemplo, no primeiro evento no parque, o Desafio dos Gigantes, no qual o dinheiro pago pela Confederação Brasileira de Vôlei foi usado para a instalação de um guarda-corpo no Centro de Tênis.

O mesmo aconteceu quando a organização do Rock in Rio utilizou o Centro de Tênis e as Arenas Carioca 1 e 2 e o aluguel não foi pago diretamente para a União, mas sim em obras e ações orçadas em R$ 880 mil.

DINHEIRO PÚBLICO – Dentro do plano de redução de custos, o ministério também pretende repassar a gestão do Centro de Tênis para a CBT (Confederação Brasileira de Tênis). A confederação, porém, quer fazer mudanças nas instalações do local e dividir os custos das obras e de manutenção com a União.

A ideia inicial era de que a iniciativa privada bancasse a gestão de todo o Parque Olímpico, mas o plano não deu certo. Apenas uma empresa demonstrou interesse, porém as garantias financeiras foram rejeitadas. A Prefeitura do Rio, então, entregou a administração para a União pelos próximos 25 anos, prorrogável por igual período, totalizando cinco décadas.

O acordo com a Prefeitura diz que o Ministério do Esporte tem de tratar o Parque Olímpico “com o mesmo cuidado como se fosse seu, mantendo-o limpo e em bom estado”.

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