Há momentos na vida em que os destinos se cruzam. Para o goleiro Fernando Vizzotto e o lateral Maurinho, os últimos quatro meses foram de apreensão, insegurança e dúvida quanto ao andamento da carreira no Coritiba.
E quis o tal destino que os momentos de recuperação de ambos fosse acontecer quase ao mesmo tempo. Maurinho, sempre contestado, foi o herói da vitória sobre o Corinthians; Vizzotto, suspenso por doping, finalmente está liberado para jogar de novo.
Para o goleiro, a vida foi muito mais complicada nos últimos 120 dias. Suspenso por uso do anabolizante clostebol (elemento ativo da pomada Novaderm), Fernando Vizzotto viveu os piores dias da carreira. “Eu percebi que não posso usar nenhum remédio sem a aprovação dos médicos do clube”, confessa. Ele teve que sofrer ainda mais, já que no primeiro julgamento ele foi absolvido, mas no recurso o STJD o puniu com quatro meses de ‘gancho’.
Os dias eram de trabalho e solidão. “É como ficar na geladeira. Você pode fazer tudo, mas não pode exercer a sua profissão”, comenta Vizzotto. E o que mais mudou foi a postura do goleiro. “Ele aprendeu que tinha que lidar melhor com as emoções”, diz o preparador de goleiros Cassius Hartmann. Livre, o goleiro agora sabe que terá que ‘recomeçar’ a vida no Alto da Glória. “Eu preciso retomar tudo, iniciar do zero. Espero ter oportunidades daqui para frente”, afirma ele, que diz estar com saudade de coisas simples do futebol.
Nesse tempo em que Vizzotto buscava se encontrar, Maurinho amargava a reserva total. Nem mesmo no banco o lateral ficava, dando vazão aos comentários que o perseguem desde o tempo do Flamengo. “Eu esperei a minha oportunidade”, conta o jogador. “O Ceará fez um Brasileiro espetacular, não estava dando chances ao Maurinho”, completa o técnico Paulo Bonamigo. Daí apareceu a Copa Sesquicentenário, e nela o lateral pôde voltar a jogar. Observado por Bonamigo, Maurinho foi ‘reintegrado’, e aos poucos começou a ganhar espaço no time. Para quem acompanhava o dia-a-dia coxa nas últimas semanas, a boa atuação de Maurinho não foi surpresa. E os companheiros de grupo também torciam pela recuperação moral do jogador. “Ele é um cara espetacular, e eu estava torcendo que nem um maluco por ele no jogo contra o Corinthians”, lembra Vizzotto.
E o goleiro tira da ‘volta por cima’ de Maurinho a inspiração para também voltar a jogar. “Não quero ficar marcado como jogador que foi pego no exame anti-doping. O que o Maurinho fez é sim um grande exemplo para todo mundo. Não podemos desistir em nenhum momento”, afirma Vizzotto. “Eu sou só apenas mais um entra tantos exemplos. Todos aqui podem fazer o que fiz”, finaliza o lateral.
Mesmo esquema no Maracanã
É a hora de voltar a ganhar fora de casa. Por isso, o técnico Paulo Bonamigo estuda a manutenção do sistema tático usado contra o Corinthians para a partida de amanhã, às 16h, contra o Fluminense, no Maracanã. Como o time não perdeu defensivamente, o treinador acredita que possa trabalhar com o 4-4-2 sem prejuízo tático, e com a possibilidade de buscar três pontos no Rio de Janeiro.
Isso vai de encontro ao pensamento original de Bonamigo, que sempre gostou de montar o Cori com três zagueiros nas partidas fora do Couto Pereira. “Fazia isso porque o time obtinha resultados. Não precisava mudar. Agora eu vi que o time foi equilibrado no 4-4-2, e posso manter esse posicionamento.”
Mas a escalação não deverá ser a mesma. Ainda há duas dúvidas clínicas na equipe – Edu Sales e Adriano seguem em tratamento, e ficará ao cargo do departamento médico a utilização ou não de ambos. O atacante tem a situação mais complicada. “Ele sofreu uma contratura na coxa durante o jogo de quarta”, informa o médico Wil-liam Yousef. Edu foi submetido no final da tarde de ontem a uma ressonância magnética, e o resultado será definitivo na presença ou não dele na delegação.
Já o lateral melhorou bastante da lombalgia. “A recuperação dele foi ótima nas últimas horas”, diz Yousef. Adriano deve treinar hoje, e se nada sentir será o titular na esquerda, apesar da ótima atuação de Lira contra o Corinthians. “O Adriano é um jogador importante no grupo, e se ele estiver bem é claro que vai jogar”, garante Bonamigo.
Reginaldo Nascimento, que deixou o campo com dores no tornozelo, não preocupa.