Um ano depois de Brasil x Croácia, estádios da Copa do Mundo ainda têm problemas

Exatamente um ano atrás, Brasil e Croácia davam o pontapé inicial da Copa do Mundo. Passado esse tempo, o País se vê diante de uma crise na gestão das arenas, seja para colocar mais público nas arquibancadas, para receber jogos ou para finalizar obras que eram para ter terminado ainda em 2014.

No estádio Itaquerão, por exemplo, é possível ver muitas áreas inacabadas. No prédio Oeste, concebido para ser o mais luxuoso, um andar inteiro – o oitavo – ainda está fechado para reformas. A ideia é que o setor seja uma espécie de shopping center e, assim, gere muita receita para o clube.

Mas somente na última partida do Corinthians no estádio, no dia 31 de maio, contra o Palmeiras, é que foram inauguradas as primeiras lanchonetes fixas do local. Antes, havia apenas bares provisórios em que se vendiam lanches frios. As lojas no conceito megastore previstas no projeto original ainda não saíram do papel.

O luxo das escadas rolantes e banheiros com piso de mármore e telas de tevê nas pias contrasta com muita poeira, andaime, sacos de cimentos e tubulações à mostra. A promessa da diretoria e da construtora Odebrecht era que as obras ficariam prontas em janeiro. Depois o novo prazo foi maio. Agora, não há previsão de quando o estádio ficará 100% pronto.

O palco de abertura da Copa do Mundo custou R$ 1,1 bilhão. A partir do mês que vem o Corinthians terá de pagar os empréstimos feito durante as obras. Ao BNDES, serão prestações mensais de R$ 5 milhões. A partir de dezembro de 2016 deverão ser pagos mais R$ 5 milhões por mês do financiamento feito com a Caixa Econômica Federal.

O dinheiro não sai do caixa do clube. Toda a arrecadação de bilheteria, publicidade, venda de camarotes e até estacionamento do estádio vai direto para um fundo responsável por pagar essas prestações. A arrecadação média de cada jogo tem sido de cerca de R$ 2 milhões brutos. Mesmo com protestos de parte da torcida, principalmente as organizadas, a diretoria já avisou que não vai diminuir o preço do ingresso. Se a arrecadação cair muito, há o temor de que o clube não consiga quitar os empréstimos. O prazo é de 12 anos.

Duas receitas são consideradas fundamentais nos próximos anos: os “naming rigths” da arena e os CIDs (Certificado de Incentivo ao Desenvolvimento). Com a venda do nome do estádio, o clube espera faturar R$ 400 milhões, mas diante da dificuldade em encontrar interessados já admite a possibilidade de diminuir a pedida.

Os CIDs foram emitidos pela Prefeitura no valor de R$ 420 milhões. O problema é que o Ministério Público contesta na Justiça o incentivo fiscal dado à obra e, por isso, não tem havido empresas dispostas a comprar os papéis.

Uma coisa de que o Corinthians não pode reclamar é de ausência de público – problema frequente em outros estádios da Copa do Mundo, principalmente por causa do ingressos caros no melhor “padrão Fifa”. Mesmo em locais que costumavam ter grande presença de público, como Maracanã e Mineirão, as arquibancadas vazias dão uma nova paisagem aos campos.

A maior reclamação dos clubes é que concessionárias e federações locais ganham uma fatia cada vez maior nas rendas dos jogos, o que faz com que as equipes evitem atuar nos estádios da Copa. E em algumas arenas de cidades que não possuem times na Série A, como o Mané Garrincha (Brasília), Arena das Dunas (Natal) e Arena Amazônia (Manaus), a dificuldade maior tem sido atrair jogos importantes para dar uso aos estádios.

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