Um ano bom para o Atlético, mas nada de títulos

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Esperança do torcedor
rubro-negro, que sempre acredida.

No dia 2 de janeiro de 2004, o time do Atlético se reapresentou no CT do Caju para apagar da memória o fiasco dos anos da ressaca pós-título de 2001.

Os dirigentes anteciparam os trabalhos com um pacote de contratações e o objetivo claro de recolocar o Rubro-Negro na busca de títulos. Conseguiram o intento, mas com uma série de percalços, dos mais inesperados, que quase colocaram tudo a perder. Das invenções do treinador inicial até a perseguição de setores da imprensa paulista, o Furacão foi mostrando força e superando cada um deles com maestria. Tal como fênix, o Atlético morreu e reviveu várias vezes no ano passado.

O primeiro trauma do ano foi perder o título do campeonato paranaense para o arquirrival Coritiba. Parecia ganho, aliás, era impossível perder aquela final jogando o que o Rubro-Negro estava jogando. O time estava invicto, o atacante Washington em grande fase, mas o técnico Mário Sérgio resolveu "inventar" na primeira decisão. Mudou tudo na primeira partida da final, humilhou publicamente o artilheiro do time e, praticamente, entregou o caneco de mão beijada para os alviverdes.

Na segunda partida, o Coração Valente se machucou e a vaca foi para o brejo através dos pés de Tuta. Hecatombe na Arena. Cadeiras quebradas e frustração por ver o Coxa comemorar pela primeira vez um título no Joaquim Américo. A saída de Mário Sérgio foi inevitável e o time iniciou o campeonato brasileiro com o titubeante Júlio Piza, como interino. Sem comando, conseguiu perder para o São Paulo, na estréia, mesmo com dois jogadores a mais em campo. Essa derrota, um vexame, acabou sendo ofuscada pela forma precipitada do clube anunciar o aumento no preço dos ingressos. Ainda, durante o estadual, os dirigentes resolveram elevar em 100% o valor da arquibancada, que recebera cadeiras em todos os setores.

Iniciou-se uma crise sem precedentes entre clube e torcedores. Antes aliados, setores das organizadas passaram a bater de frente contra a diretoria e a briga pelo preço dos ingressos foi parar na Justiça. Na segunda rodada do Nacional, a R$ 30,00, torcedores rubro-negros e do Figueirense se uniram no protesto. Em campo, jogadores abatidos viram os catarinenses vencerem fácil por 3 a 0. Após várias audiências, as partes entraram em acordo, satisfazendo a todos, com preços diferenciados em todo o estádio.

Mas, não foi só isso. O time de advogados teve muito mais trabalho do que se imaginava. O goleiro Diego não teve seu nome constado no Boletim Informativo Diário (BID) e quase o time perdeu seis pontos no tapetão, por uma denúncia do arquirrival Coritiba. Depois dessa, teve que enfrentar a fúria de setores da imprensa paulista e dos denuncismos, que culminaram na perda de um mando de campo e muita dor de cabeça no STJD.

Os problemas fora de campo

Na mesma semana em que ficava sem Dagoberto, contundido, o clube viu ruir toda a sua competente estrutura. Toda a eficiência do melhor estádio do Brasil foi colocada em xeque por um copo no gramado, atirado na partida contra o Galo. Perdeu um mando de jogo e sofreu na pele a perseguição do programa Terceiro Tempo, da Rede Record, que a todo momento pedia a interdição da jóia da coroa.

O noticiário se dividiu entre os gols de Washington e o tapetão do STJD, mas o clube tirou de letra as novas investidas dos adversários. Outras imagens foram usadas para tentar desestabilizar o Rubro-Negro, mas a equipe de advogados também fez bonito e mostrou que também sabe jogar no STJD. Na última partida do ano, uma tragédia. Um torcedor caiu no fosso e morreu dias depois. O clube terá que responder pelo acidente na Justiça. (RS)

Atlético melhora e disputa o título brasileiro até o fim

Já com Levir Culpi no comando, na quarta rodada do campeonato brasileiro, o Atlético começou a dar sinais de recuperação e deixar de lado o abatimento pela perda do estadual. Não era o que a torcida esperava, mas o suficiente para deixar de lado a intranqüilidade de freqüentar a zona de rebaixamento nas rodadas iniciais. As partidas foram se sucedendo e o sonho de conquistar mais um estrela dourada voltou. Com uma competição tão nivelada, com vários times se revezando na liderança, o Atlético tinha chances sim de conquistar a segunda estrela dourada, mas ficou no quase.

Mesmo mostrando um futebol cativante, o time enfrentava problemas internos e fatalidades. A equipe teve que se reunir, separado da comissão técnica e da diretoria, para lavar a roupa suja. Ninguém se entendia e ninguém entendeu nada o que foram aquelas goleadas impostas e sofridas em seqüência. Aparadas as arestas internas, veio a contusão de Dagoberto. O craque rompeu os ligamentos do joelho esquerdo e ficou afastado das últimas 12 rodadas. Problema? Dênis Marques mostrou que não.

O sósia de Oséas, que conseguiu ser registrado pelo Atlético na última hora e através de uma liminar, tratou de fazer a torcida esquecer o ídolo com gols espetaculares e jogadas incríveis. Seu melhor momento na carreira se completou com a excelente fase de Washington, que não parava de fazer gols e provar que estava mais que curado para a vida e para jogar futebol. As vitórias vieram em seqüência, o time ficou 18 jogos invicto e de perseguidor do Santos, o Atlético virou perseguido.

A quatro rodadas do fim da competição, com dois pontos de vantagem para o Peixe, o time começou a dar sinal de cansaço. Empatou bisonhamente com o Grêmio por 3 a 3 (depois de estar ganhando por 3 a 0), quase pôs tudo a perder contra o São Caetano e tropeçou irremediavelmente contra o Vasco quando dependia apenas de si. Na última partida, apenas empatou com o Botafogo, mas a torcida reconheceu o esforço e aplaudiu a equipe pelo vice-campeonato e a vaga na Copa Libertadores da América.

Faltou um elenco mais consistente. Enquanto o Santos investiu para suprir as ausências de Renato, Paulo Almeida e Diego, o rubro-negro encontrou Dênis Marques na sorte e não teve muitas alternativas para suprir as eventuais ausências de Fernandinho e Jádson. Com poucas opções, teve até jogador estreando nas últimas rodadas, mas acrescentando pouco a um time que precisava se superar para garantir mais um título de campeão brasileiro.

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