Tricolor se apega na ajuda divina e na competência

O Paraná Clube tenta escrever hoje, em São Januário, mais uma página de uma história de sobrevivência. Frente ao Vasco, às 16h, o Tricolor busca 3 pontos que podem lhe valer a permanência na Série A do Brasileirão. Mais uma tarde dramática para o torcedor paranista. Para se livrar da degola, além da vitória, o clube paranaense necessita de uma combinação de resultados, como ocorrera em 1998 e 2002. Temporadas onde a fé tricolor falou mais alto.

E, desta vez, fé é o que não falta. A começar do banco de reservas, onde o Paraná conta com Saulo ?da Fé? de Freitas. O treinador, porém, é o primeiro a destacar que a ajuda divina já manteve o Tricolor vivo até aqui. Agora, a solução tem que vir dos pés dos jogadores. ?Futebol pode até ser visto como uma caixinha de surpresas. Mas, só com competência se atinge objetivos?, afirmou o treinador. ?Temos que fazer a nossa parte, sem a preocupação com o que estará acontecendo em Porto Alegre e Goiânia?.

Para seguir na elite nacional, o Paraná tem que superar o Vasco e torcer para que nem Corinthians nem Goiás vençam seus jogos contra Grêmio e Internacional, respectivamente. Empates dos rivais já bastam. Se os jogadores e a comissão técnica estarão focados exclusivamente na equipe cruzmaltina, os demais paranistas ficarão ?grudados? na tevê, no rádio e na internet. Uma situação muito parecida com a de 1998, quando a salvação veio nos últimos minutos, num gol de Oséas para o Palmeiras, que rebaixou o América-MG.

Dramas

Naquele ano, quatro times disputavam apenas uma vaga: Bragantino (20 pontos), Goiás e Paraná (21) e América-MG (22).

O Paraná, no entanto, se vencesse o Flamengo não poderia ser alcançado por Bragantino e Goiás. Mas precisava secar o time mineiro. O jogo contra os cariocas foi dramático, com o goleiro Marcelo defendendo um pênalti de Romário. Com gols de Arinélson e do uruguaio Gabriel Silvera, o Tricolor fez 2 a 1 (Jorginho descontou para o rubro-negro) e ficou na torcida. A verdadeira ?explosão? paranista ocorreu quando o ex-atleticano Oséas despachou o América-MG, empatando o jogo nos últimos minutos.

Quatro anos depois, novo teste para os corações tricolores. O Paraná chegou à última rodada disputando com outros três clubes – Internacional, Palmeiras e Portuguesa – apenas duas vagas na Série A. Jogando em Florianópolis, o Tricolor saiu perdendo por dois gols e por vários minutos esteve ?rebaixado?, na combinação de resultados. No fim, conseguiu o empate por 2 a 2, mas como Portuguesa e Palmeiras foram derrotados, o clube se safou do descenso. Hoje, no Rio, o Paraná vai tentar mostrar em campo que esse time, apesar dos deslizes, também pode entrar na galeria dos ?imortais?.

Água de coco e muita luta

A comissão técnica agiu com extrema cautela na preparação final do grupo, visando o compromisso desta tarde.

Não quer correr o risco de ver se repetir fatos recentes ocorridos no Maracanã, quando dois jogadores – Jumar e Léo Matos -tiveram que ser substituídos por estarem com náuseas, devido a mudança de temperatura.

?Não havia resíduo alimentar no vômito, o que mostra que não houve intoxicação?, lembrou a nutricionista Carolina Neiva.

O cuidado, desta vez, é com a hidratação dos atletas. ?Substituímos a água por sucos e água de coco, que tiveram melhor aceitação?, explicou Carolina. Além disso, no cardápio, um redução drástica na gordura, para acelerar a digestão e minimizar os riscos de qualquer distúrbio. Na questão física, a comissão técnica também optou por viajar mais cedo para o Rio de Janeiro, permitindo uma melhor aclimatação do grupo. Ainda mais diante da previsão de uma temperatura elevada hoje.

Vale lembrar que o jogo frente ao Botafogo foi disputado às 18h10, enquanto a partida decisiva de hoje será às 16h, mas no horário de verão, que corresponde a um sol de 3 da tarde. ?Por isso, viajamos um dia antes. Com um treino já no calor do Rio, os atletas puderam ter uma noção do que vão enfrentar em São Januário?, destacou o técnico Saulo de Freitas. ?É água de coco e muita luta para sairmos dessa situação terrível?, disparou o treinador. (IC)

Josiel quer manter o Paraná na elite

Artilheiro do Brasileirão está a caminho do Al-Wahda, dos Emirados Árabes.

O jogo de hoje à tarde, em São Januário, contra o Vasco, marca também a despedida do artilheiro Josiel.

E o atacante quer sair – foi negociado com o Al-Wahda, dos Emirados Árabes Unidos -deixando o Paraná na 1.ª divisão. ?Marcando gols, me ajudo e ajudo o clube. É agora ou nunca?, disparou o gaúcho. Nunca o Tricolor torceu tanto pela união do Sul. ?Tenho certeza que a dupla Gre-Nal vai fazer a sua parte. Então, se vencermos, estamos livres?, disparou Josiel.

Com o nome já garantido na galeria dos maiores artilheiros do clube, Josiel quer fechar o ano com o ?título? de goleador do Brasil. Tem um gol de vantagem sobre Acosta, do Náutico, e três sobre Kléber Pereira, do Santos. ?Me sinto realizado por tudo o que fiz nesse ano. Mas falta aquele complemento: a artilharia e o Paraná na 1.ª divisão?. Josiel ainda concorre, amanhã, nos principais prêmios do futebol Brasileiro, a Bola de Prata (da revista Placar) e o troféu Craque do Brasileirão (da CBF).

?Não sou um jogador habilidoso. Mas me considero eficiente na minha função, que é marcar gols?, analisa Josiel. Foram 20 nesse Brasileirão e 31 com a camisa do Paraná. Números que valeram ao ?gaudério? – que adora andar pilchado e não abre mão das tradições gaúchas – o 7.º posto na lista dos maiores artilheiros do Tricolor, superando Renaldo (30 gols). Josiel está atrás apenas de Saulo (104), Adoílson (78), Maurílio (58), Claudinho (57), Márcio (55) e Lúcio Flávio (51). ?Acho que meus números são expressivos, pois só joguei uma temporada?, avaliou Josiel.

Referência

Mesmo tendo passado em branco na última jornada, o centroavante é a principal referência e esperança dos paranistas. Afinal, ele tem quase a metade dos gols que o time marcou nesse Brasileirão. No total, foram 42 gols da equipe e o vice-artilheiro é o volante Beto, com apenas três gols marcados. ?Temos essa última chance para nos redimirmos dos muitos erros cometidos. Então, é agora ou nunca?, disse Josiel. A referência do jogador é aos muitos jogos onde o Paraná vencia e não soube administrar o placar.

?O Vasco tem um time muito dinâmico. Marcam forte e são rápidos. Mas, temos que tirar forças já não sei de onde, pois não haverá nova chance?, afirmou o artilheiro paranista. Josiel, aos 27 anos, pode escrever seu nome entre os maiores goleadores do Brasileirão, antes de se transferir para o mundo árabe, onde vai faturar dólares e garantir uma tranqüila aposentadoria, que, segundo ele, virá dentro de no máximo quatro anos.

Garotos entram no meio

A temporada chega ao fim hoje à tarde sem que o Paraná tenha conseguido encontrar um parceiro ideal para Josiel. Depois da saída de Henrique Dias – que foi para o Coritiba e fez o gol do título do rival – o Tricolor tentou, sem sucesso, parcerias entre o artilheiro e Vinícius Pacheco, Vandinho, Lima e Jéfferson. Não ?deu liga? e na última rodada, Saulo de Freitas joga suas fichas nos garotos Giuliano e Éverton.

Com dois meias-atacantes, espera municiar o artilheiro, buscando um trio ofensivo. Saulo confirmou ainda a presença de Elvis como um terceiro volante, pelo lado esquerdo. Ele atuará com Goiano e Adriano na proteção à zaga. Experiência, mesmo, só na zaga, onde Toninho se une a Neguete na missão de parar Leandro Amaral, o principal destaque do Vasco neste Brasileirão. (IC)

BRASILEIRO

38ª RODADA

VASCO x PARANÁ CLUBE

VASCO

Cássio; Wagner Diniz, Júlio Santos, Luizão e Guilherme; Amaral, Leandro Bonfim, Conca e Moraes; Leandro Amaral e Alan Kardec.
Técnico: Valdir Espinosa.

PARANÁ

Gabriel; Léo Matos, Toninho, Neguete e Paulo Rodrigues; Goiano, Adriano, Elvis e Giuliano; Éverton e Josiel.

Técnico: Saulo de Freitas.

SÚMULA

Local: São Januário (Rio de Janeiro).

Horário: 16h.

Árbitro: Sérgio da Silva Carvalho (DF).

Assistentes: Enio Ferreira de Carvalho (DF) e Helberth Costa Andrade (MG).

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