TRICOLOR É CAMPEÃO PARANAENSE APÓS NOVE ANOS

Como já era esperado, o Paraná Clube não deu nenhuma chance para a Adap e conquistou o seu sétimo título estadual. Com o empate por 1 a 1, ontem, a torcida paranista fez a festa no Pinheirão e tirou o grito de ?é campeão!?, preso na garganta desde 2000. Apesar de ter feito um péssimo primeiro tempo e saído atrás no placar, o Tricolor pressionou o Leão de Campo Mourão e levou para casa mais um troféu nos seus 16 anos de vida.

A torcida fez a sua parte, lotou o estádio e fez a festa, mas o Paraná Clube entrou em campo com o regulamento debaixo do braço. Poderia ter jogado um pouco mais e irritou o técnico Luís Carlos Barbieri na saída para o intervalo. ?Poderíamos jogar bem mais?, disparou, visivelmente irritado.

Não que o time tenha dado chances para a Adap e para o azar, mas podendo perder por até dois gols para ser campeão, o time da Vila se contentou em administrar a vantagem.

Se tivesse apertado mais, poderia até liquidar a partida no primeiro tempo, principalmente nos bons momentos de Sandro, que chegou na cara do goleiro Fábio e não fez. Já a equipe de Campo Mourão segurou mais a bola, dominou a partida na maior parte do tempo, mas chegou sem qualidade. Quando conseguiu criar oportunidades, falhou na hora de finalizar. As melhores, com Batista pegando um rebote e uma falta na meia-lua mal cobrada por Ângelo.

A bronca de Barbieri deu resultado. O time voltou de outra maneira na segunda etapa e, mais aceso, foi para cima. O meia Marcelinho obrigou Fábio a fazer grande defesa. Mesmo assim, quem abriu o placar foi o Leão. Após um excelente lançamento, Warley recebeu na área, deixou o zagueiro Émerson para trás e tocou no canto. A resposta veio com o predestinado Marcelinho, que marcou na estréia e marcou o gol do título. Com direito a sonho e tudo.

Numa inteligente cobrança da direita, ele mandou a bola no canto baixo de Fábio, que esperava pelo cruzamento e foi traído. Daí em diante só deu Paraná. Edinho mandou uma bola no travessão, Goiano obrigou Fábio a mandar para escanteio e Beto quase deixou sua marca, mas nem precisava mais. A Adap se contentou com o empate e o vice e a galera gritou ?é campeão!? para alegria das 25 mil pessoas presentes ao Pinheirão.

CAMPEONATO PARANAENSE
FINAL – JOGO DE VOLTA
SÚMULA
Local: Pinheirão (Curitiba).
Horário: 15h40.
Árbitro: Cleivaldo Bernardo.
Assistentes:
Rogério Carlos Rolim e Faustino Vicente Lopes.
Gols: Warlei aos 12′ e Marcelinho aos 20′ do 2.º tempo.
Cartões Amarelos: R. Muçamba, Batista, Beto e Marcelinho.
Renda total: R$ 352.765,05
Renda líquida: R$ 212.765,00
Público pagante: 23.118
Público total: 25.306

PARANÁ CLUBE 1×1 ADAP

PARANÁ
Flávio; Gustavo (Serginho), Émerson e João Paulo; Goiano, Rafael Muçamba, Beto, Sandro, Marcelinho (Élton) e Edinho; Leonardo (Vandinho). Técnico: Luiz Carlos Barbieri.

ADAP
Fábio; Ângelo, Dezinho, Alex Noronha e Mineiro (Souza); Leandro, Felipe Alves, Ivan e Batista; Warley (Gildásio) e Marcelo Peabiru (Lino). Técnico: Gilberto Pereira.

Barbieri pode deixar o Paraná

O apito final de Cleivaldo Bernardo era tudo o que Luís Carlos Barbieri queria. Com o título garantido e o Pinheirão em festa, já em lágrimas ele correu para o vestiário para chorar e desabafar. Após sofrer em grande parte do Campeonato Paranaense pelo desgaste com jogadores, imprensa e parte da diretoria do Paraná Clube, ele foi comemorar. Buscou o isolamento, gritou, xingou os detratores, chutou paredes e voltou para o campo ao lado do filho para ser reverenciado como o melhor da competição. Por isso tudo, somente hoje ele define se renova o contrato com o Tricolor ou vai buscar novos desafios.

"Esse título é especial porque eram nove anos do clube sem ganhar e, ano passado, eu tive a felicidade de tirar o Criciúma de um longo jejum e me considero um treinador pé-quente", analisou. Emocionado, não via a hora de finalmente comemorar o título, que estava bem perto, mas que ele tinha que conter a euforia. "Eu estava com uma coisa entalada aqui dentro. A semana toda eu queria gritar ?é campeão?, mas me contive. Eu sabia que era difícil a gente perder, mas não podia passar essa confiança para o grupo", apontou.

E os detratores? Alguma resposta? "Eu não tenho que dar resposta para ninguém. O trabalho em si já é a resposta, para quem que eu vou dar resposta? Futebol é assim. Hoje, no futebol, só uma pessoa é culpada, que é o treinador e que tem que administrar vários problemas", disparou. Ele revelou que Maicosuel estava fora do time e a informação vazou de dentro do clube. "Acabou sendo divulgado duas horas antes e assim é difícil e eu fiquei irritado", esbravejou.

Por essas e outras, ele não sabe se continua no comando do Tricolor. Ontem mesmo, ele rumou para São Paulo, para visitar a família, e hoje deverá entrar em contato com a diretoria. Propostas de outros clubes ele tem, mas não adianta o que fará no futuro. "Hoje eu quero é comemorar. Mas o Paraná tem jogadores que vão chegar, vão fortalecer esse grupo, é um grupo vencedor e pode ter certeza que vai fazer um grande Campeonato Brasileiro", disse, meio em tom de despedida.

Já o presidente José Carlos de Miranda prefere esperar mais um pouco para comentar o assunto. "Só amanhã (hoje) vou falar de Brasileiro", desconversou. A estréia do Tricolor no Nacional será sábado, em Caxias do Sul, contra o Juventude. Pelo sim, pelo não, a diretoria paranista já tem em mãos uma lista com possíveis substitutos para Barbieri.

Título do coração

Durante toda a semana, os jogadores do Paraná tiveram que se conter para deixar a euforia apenas com a torcida. Mas ontem, depois do apito final de Cleivaldo Bernardo, os campeões estaduais puderam finalmente extravasar toda a alegria represada.

A festa, que já era grande nas arquibancadas, tomou conta do gramado do Pinheirão. ?Podem soltar à vontade esse grito, que estava guardado há nove anos?, dizia o zagueiro Emerson, se dirigindo à galera paranista.

Emocionado, Rafael Muçamba desabafava diante dos microfones. ?É um título conquistado com o coração. Uma conquista de todo o grupo, que mostrou muita união e amizade?, comemorava.

Para o artilheiro Leonardo, o dia de ontem será inesquecível. ?É o maior momento da minha carreira. É muito bom poder dar esse título de volta à nossa torcida depois de nove anos. Entramos para a história?, vibrava.

Já para Marcelinho, a conquista do título foi, literalmente, um sonho realizado. ?Sonhei esta noite que faria o gol do título e tudo deu certo para mim e para todos os companheiros?, revelou.

A festa só terminou na Avenida Presidente Kennedy, onde uma multidão aguardava em frente à sede social do Tricolor.

Lágrimas e reforços confirmados

Normalmente ponderado, o vice-presidente de futebol tricolor José Domingos extravasou como um menino a alegria pelo título estadual. A lembrança dos maus momentos e do conselho dos pais levaram o dirigente às lágrimas depois da conquista.

Zé Domingos recordou as críticas após o empate com o União Bandeirante, no Pinheirão, quando torcedores, aos xingamentos, pediram a saída dele e do presidente José Carlos de Miranda. ?Lembrei meu pai e minha mãe, já falecidos, que diziam para eu nunca esmorecer?, emocionou-se.

A diretoria tricolor aproveitou a conquista para confirmar mais um reforço: o zagueiro Edmílson, 29 anos, que disputou o Paulistão pelo Noroeste de Bauru. Outros contratados devem chegar do adversário da final: o volante Felipe Alves, 24, está praticamente acertado. A vinda do meia Batista, 26, está em negociação, e a do lateral-direito Ângelo, 21, também pode ser encaminhada – já que Emerson, do São Bento (SP), não acertou.

Festa em azul, vermelho e branco

A festa pelo título paranaense coloriu de vermelho, azul e branco as ruas de Curitiba. Depois de receber troféus e medalhas, os atletas paranistas desfilaram num caminhão do Corpo de Bombeiros, percorrendo vários bairros da cidade. No percurso, torcedores se amontoaram para saudar os campeões.

O final da festa foi na sede social do clube, na Avenida Kennedy. Um trio elétrico já animava os torcedores quando um foguetório intenso recepcionou o time. Jogadores como o goleiro Flávio, e o capitão Beto discursaram para a galera.

O meia Elton, revelado pelo clube e declaradamente paranista, também tomou o microfone para cantar as músicas da torcida. A tradicional distribuição de chope foi vetada, segundo a diretoria tricolor, por ordem da Polícia Militar.

Depois de aproximadamente 30 minutos de festejo na Kennedy, jogadores, dirigentes, comissão técnica e os respectivos familiares terminaram a comemoração com um jantar reservado, numa churrascaria da cidade.

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