Tribuna homenageia pais que são modelo pros filhos

O ditado popular diz que “filho de peixe, peixinho é”. No mundo do esporte, isso é muito mais comum do que se possa pensar. Seja nos gramados, nas pistas, nos microfones ou nas redações, muitos filhos decidem seguir a carreira do pai.

No futebol paranaense, um exemplo claro de talento que passa de pai para filho é o da família do preparador físico Rodolfo Mehl, que hoje trabalha na comissão técnica do Atlético. Casado com Rosilda, que também é professora de Educação Física, o preparador tem a experiência de ter dois filhos seguindo a função que ele seguiu: preparador de goleiros. O mais velho, Cassius Hartmann, já trabalhou no Coritiba e recentemente estava no Atlético Mineiro. O mais novo, Tiago Mehl, dá os primeiros passos na carreira como preparador de goleiros dos times de intercâmbio do Rubro-negro.

A escolha dos filhos deixou o pai orgulhoso e satisfeito em poder passar sua experiência. “Quando comecei, estava sozinho. Hoje, eles têm uma referência”, diz. Mehl, entretanto, ressalta que mesmo podendo dar um empurrãozinho na carreira das “crias”, confia na competência deles. “Posso até dar uma força, como fiz com o Tiago agora. Mas eles têm que provar a competência. Para isso, estão sempre estudando”, diz. Cassius concorda com o pai e diz que a grande lição foi mais sobre o meio do futebol do que pela parte teórica. “Teoria eu aprendi na faculdade. Meu pai me deu importantes dicas de como me comportar no meio.” Tiago, que cresceu mais longe do pai em função das transferências de clubes, diz que a grande lição que seu pai deixou foi ter paciência. “Aprendi que nessa carreira temos que dar um passo de cada vez e ter sempre tranqüilidade.”

Zagueiros

A história da família do Ó daria para escrever um livro. O patriarca Mílton do Ó, que brilhou no futebol paranaense nos anos 70 e 80, iniciou os seus meninos – Marcelo e Mílton – numa escolinha comandada por ele mesmo, em Marechal Cândido Rondon. A intenção de Miltão era “criar” um meia ou atacante. “Sofri muito na defesa. Queria ver os meninos brilhando na frente”, diz risonho. Os planos de Miltão, entretanto, não deram certo. Extremamente altos, tanto Marcelo quanto Mílton, acabaram virando zagueiros. “Tudo aconteceu naturalmente, desde a escolha da profissão como da posição. Nunca os forcei a nada. Acho que é coisa de sangue”, brinca Miltão.

A força de Miltão para seus meninos não ficou por aí. Quando Marcelo acertou com o Coxa – hoje ele está no Engenheiro Beltrão – e Milton ganhou uma bolsa para jogar futsal na AABB, Miltão e a esposa Isaura, que sempre trabalhou junto com o “time”, se mudaram para Curitiba. “Meu pai e minha mãe sempre deram apoio incondicional à minha escolha. Essa estrutura familiar foi fundamental para o meu crescimento”, diz Mílton, atualmente sem clube.

Família criada nas ondas do rádio

A família do narrador Fernando César define com clareza o talento que passa de pai para filho. Tudo começou com Joy Silva, o patriarca. Ele iniciou a carreira em Maringá e buscando novos horizontes, comprou uma rádio em Cruzeiro do Oeste. Nessa época, Fernando César, hoje narrador da Rádio Banda B, tinha 13 anos e deu os primeiros passos como comunicador.

“Na mesma época, os pais do Osmar Santos foram para a cidade e comecei a conviver com o Oscar Ulisses, irmão dele. Acabamos nos empolgando e pedindo emprego para meu pai.”

Apesar de ter passado por vários setores da rádio, Fernando se empolgou mesmo com o esporte, área também preferida de seu pai. “Foi meu direcionamento. Sempre admirei o trabalho dele.” Em 79, Fernando passou a caminhar sozinho. Foi contratado pela Rádio Capital. “Nos encontramos mais tarde e tivemos oportunidade de trabalhar numa mesma jornada, eu narrando, ele comentando.”

Filhos

Os três filhos de Fernando decidiram seguir o mesmo caminho e hoje trabalham em rádio. O mais velho, César Júnior, hoje é narrador da Independência. Tiago Silva, que trabalhou com esporte, hoje é repórter policial da Banda B. E o caçula, Bruno Henrique, é repórter na Rádio Clube. “Eu tenho orgulho deles terem seguido minha carreira, mas nunca escondi a preocupação com o retorno. Trabalhar em rádio não é fácil e nem sempre o retorno financeiro é o esperado”, diz. Apesar do orgulho, Fernando diz que é um pai chato, aqueles que cobram dedicação máxima. “Todos estão fazendo faculdade e costumo cobrar bastante a dedicação deles.”

O caçula, Bruno, confirma a informação. “Ele é muito exigente. Fiz uma jornada com ele e recebi muitas críticas. Mas não reclamo, pois elas são construtivas e estão me ajudando a crescer”.

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