Trio de ferro atento!

Transformação do Timão em superpotência ameaça clubes

O sinal de alerta está ligado nos clubes paranaenses. Motivo: o exponencial crescimento do Corinthians dentro das fronteiras do Estado. O título da Libertadores e a recente conquista do Mundial de Clubes da Fifa promoveram uma onda corintiana que vem varrendo tudo. Ela age em todo o Brasil, mas as maiores taxas de crescimento, apontam especialistas em marketing esportivo, se concentram nos 10 estados mais ricos do país. No caso do Paraná, a concorrência é um pouco pior para o Trio de Ferro (Atlético, Coritiba e Paraná Clube). O Estado é o segundo em número de “bando de loucos”, perdendo apenas para São Paulo. “Isso não é nada bom. A invasão corintiana precisa ser contida. No Paraná, o cuidado deve ser redobrado”, aponta Fernando Ferreira, diretor da Pluri Consultoria.

De acordo com levantamento realizado pela consultoria, dos 7 milhões de paranaenses que torcem por algum clube de futebol, 4,5 milhões preferem times de outros estados (64,4%) e somente 2,5 milhões (35,6%) optam pelas equipes locais. Destes que tem uma preferência por algum clube, 1,1 milhão (12,5%) torcem pelo Corinthians. Há ainda no Paraná 3,4 milhões de habitantes (33%) que não têm uma opção definida no futebol, transformando-se em um mercado em potencial. Porém, Fernando Ferreira alerta que o fenomenal crescimento corintiano no Estado segue uma nova tendência, com o foco na torcida residente em Curitiba, o que impacta diretamente sobre os clubes da Capital, colocando em risco o número de seguidores de Coritiba, Atlético e Paraná. “A torcida do Corinthians já é consolidada no interior do Estado. O que se observa agora é a torcida avançando sobre Curitiba”, avalia.

De acordo com ele, algumas iniciativas têm sido tomadas por parte do Trio de Ferro, como campanhas de marketing com foco no torcedor, mas somente a união dos clubes locais, juntamente com setores como a imprensa, pode mudar esse panorama. “Os clubes precisam se movimentar, caso contrário podem perder espaço em seu principal mercado, que é Curitiba. O trabalho tem de ser em conjunto, pois nós temos dificuldade em se impor no cenário nacional, por questões de televisão e visibilidade. Isso gera um volume menor de receita para nossos clubes, o que torna a missão de competir com os clubes do eixo desigual. É preciso montar estratégias para recuperar o mercado”, disse.

Para Fernando Ferreira o sucesso do clube paulista não está unicamente na conquista de títulos de expressão, e sim no cuidado com sua torcida. “O grande legado do Corinthians é a gestão, e o cuidado com a torcida. Esse trabalho junto ao torcedor é tão importante para os clubes que deveria haver um departamento específico em torno desta questão, pois o torcedor se torna um cliente. É isso que cria a identidade de uma torcida com o time, e a renova ao longo dos anos. Claro que os títulos contam, mas é a renovação que faz a torcida crescer”, explica.

A massa de seguidores do Timão chega à casa dos 25 milhões de torcedores, e a franquia que mais cresce no país é a loja Poderoso Timão, contando com mais de 130 unidades. O potencial de consumo de artigos relacionados ao clube ultrapassa os R$ 450 milhões por mês – a maior média do Brasil. Reflexo do trabalho desenvolvido dentro e fora dos gramados desde 2008, quando o Corinthians caiu para a Série B, se reestruturou, e a ameaça virar uma superpotência em todo o Brasil.