Dia da Mulher

Torcidas dos times do Paraná têm cada vez mais mulheres

O futebol é um esporte onde o público predominante sempre foi o homem. Nos estádios, a grande maioria dos torcedores ainda é masculina. Mas, cada vez mais essa diferença vem diminuindo, com as mulheres se fazendo presente nos jogos dos seus times do coração e também ajudando a empurrar a equipe dentro de campo.

As torcidas organizadas também vem com o tempo construindo sua ala feminina. A estimativa é que cerca de 10% a 20% dos associados a essas torcidas sejam meninas. Inclusive, elas são responsáveis também por carregar os bandeirões, tocar na bateria, além de ajudar na própria instituição em si. Sempre pensando em apoiar o clube no gramado. “Entrar para a torcida dá a impressão que você empurra mais o time, e é muito bom poder carregar o emblema do time, representado pela torcida, em ações sociais, viagens. Sem contar a festa nos estádios, que com certeza é o que mais chama a atenção”, disse a estudante Ana Paula Lima, de 19 anos, torcedora do Coritiba e que faz parte da Império Alviverde.

Arquivo pessoal
Marielle Peixoto acompanha o Tricolor desde pequena.

No entanto, nem tudo é só alegria. Justamente por a maioria dos associados às torcidas ser formada por homens, aquelas que decidem entrar para as organizadas acabam tendo que passar por cima de muita coisa, principalmente o preconceito. A começar dentro de casa. “Meu pai nunca gostou e a gente já brigou muito, vários garotos ja se afastaram alegando que mulher só vai para a torcida atrás de homem”, lembrou Ana Paula.

Segundo Marielle Pinheiro Peixoto, estudante de 18 anos e torcedora do Paraná, o fato de as mulheres estarem participando cada vez mais das torcidas faz com que o preconceito venha diminuindo. “Quando estou com camisa da torcida, ficam olhando torto. Mas cada dia mais as mulheres estão conquistando seu espaço em relação à torcida. Antes era mais raro ver mulher em sede ou até mesmo no estádio. Por isso, o preconceito está diminuindo. Estamos cada vez mais presentes”, avaliou ela, que faz parte da Fúria Independente.

A luta delas também é para acabar com o machismo, dentro e fora das torcidas. Marielle lamenta o fato de que algumas meninas fazem parte apenas para agradar namorados ou chamar a atenção de alguns membros, o que em alguns casos atrapalha a imagem das mulheres que vão aos jogos para torcer. “Existem (torcedoras) de todos os jeitos, fica claro nos jogos isso. Tem aquelas que estão lá prestando atenção no jogo, as que ficam desfilando, e as que estão agarradas no namorado. Mas tem também as que estão lá por amor ao time”, falou a paranista.

Mesmo assim, aos poucos, elas estão conseguindo seu espaço e mudando alguns conceitos. Até mesmo dos mais radicais. “Meu pai no começo teve um treco e não queria que eu ficasse na torcida, mas eu, assim como grande parte das mulheres, não aceitamos mais qualquer ordem sem fundamento. Com o passar do tempo, mostrei pro meu pai, que só conhecia o lado violento, pois é guarda municipal, os lados positivos da torcida. Cada um escolhe seu caminho e a mulherada geralmente escolhe o caminho sem violência”, afirmou Ana Paula.

Perfil

Se antes as mulheres das organizadas eram vistas como quem não se cuidava, agora tem espaço para todas. “Não tem mais isso. Tem mulheres mais vaidosas que se arrumam mais e tem as que se arrumam menos”, disse Marielle.