Torcida paranista invade treino e cobra raça dos jogadores

“Vergonha, time sem vergonha”… “Faça-me o favor. Tem que ter raça pra jogar no Tricolor”… Usando os tradicionais gritos de guerra, cerca de cinquenta integrantes da Fúria Independente invadiram o treino de ontem à tarde, na Vila Capanema, colocando ainda mais pressão sobre o Paraná Clube, que hoje às 21h50, no Durival Britto, decide a sua sorte na Copa do Brasil.

O representante paranaense precisa de uma vitória simples (1×0) contra o Fortaleza para avançar às oitavas-de-final e, se conseguir, encara o já classificado Flamengo.

O treino tático transcorreu naturalmente, mas na reta final da preparação (no momento em os jogadores ensaiavam cobranças de penalidades máximas) a Fúria chegou.

Inicialmente nas sociais, passaram a hostilizar alguns jogadores (o zagueiro João Paulo e o atacante Peterson eram os alvos principais). Mas, aproveitando uma falha na segurança, logo todos estavam dentro do gramado, no tête-à-tête com os jogadores. Visivelmente exaltados, os integrantes da facção não pouparam ninguém.

Até Danielzinho teve que ouvir: “Vê se joga bola, baixinho”. Um dos torcedores meteu um bico numa bola, que por pouco não atingiu o técnico Wagner Velloso.

Com o estopim aceso, a confusão só não foi maior porque nem jogadores nem torcedores fizeram algum gesto mais brusco. Faltou pouco para o protesto se transformar em confusão generalizada.

Após uns dez minutos de tensão, atendendo ao comando dos chefes da organizada, os torcedores deixaram o gramado, mas ainda disparando críticas e xingamentos de toda espécie.

Antes de deixar a Vila Capanema, João Kitéria, vice-presidente da Fúria, tomou a palavra e mandou bala. “Vocês estão nos fazendo passar vergonha. Perderam os dois clássicos sem chegar junto com os caras. Não vamos aguentar isso sozinhos. Estamos de olho em vocês”, anunciou.

Na saída, ainda meteram ficha contra Velloso. O treinador vinha recebendo apoio da galera depois de tirar o clube do fundo do poço no Estadual. Mas, bastaram três derrotas para tudo isso ruir. Visivelmente inconformado com o quadro, o técnico lamentou o incidente.

“É algo que não se pode admitir. O trabalho foi prejudicado pela ação desses torcedores”, comentou Wagner Velloso. “A cobrança deve existir, mas a invasão do gramado é descabida. Creio que estamos, apesar das dificuldades, fazendo um bom trabalho.”

O meia Lenílson, que já viveu situações assim, só lamentou a forma como tudo aconteceu. “Só não concordo com agressão física. De resto, a pressão existe sempre e até os mais jovens têm que aprender a conviver com isso”, arrematou o jogador, assegurando que a bronca não vai interferir negativamente dentro de campo, nesta decisão contra os cearenses.

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