Tonho mantém liderança da Volta de Santa Catarina

Após três etapas e 260,2 km percorridos, boa parte em trechos de serra, o ciclista cearense radicado em SP, Antonio Nascimento, o Tonho, da equipe Memorial-Santos, manteve a liderança da 17.ª Volta Ciclística Internacional de Santa Catarina. A principal disputa de longa duração do ciclismo nacional vale pontos para o ranking mundial da União Ciclística Internacional (UCI), que classifica os atletas para os Jogos Olímpicos, e segue até domingo, com o final em Joinville, totalizando 771 quilômetros.

Alfredo Wagner, SC (FMA) – Tonho, que foi vice-campeão no ano passado e domingo venceu a etapa mais difícil da prova, a temida subida da Serra do Rio do Rastro, soma 6h31min44s, com vantagem de 12s sobre o gaúcho Maurício Morandi (Vince/Blumenau). Em 3.º lugar aparece o tricampeão da competição e outro grande cotado, o catarinense Márcio May, também da equipe Memorial, a 1min34s.

Ontem, com a temperatura bem mais quente (largada a 9ºC), os atletas percorreram mais um duro trajeto com serras sinuosas. Foram 121,2 km entre São Joaquim e Alfredo Wagner. O gaúcho radicado em Blumenau, Valcemar Justino, da equipe Pedal Bike Shop/São José dos Campos, venceu pela 4.ª vez seguida o percurso, completando a etapa em 2h48min11s.

Um pelotão com todos os líderes da competição chegou junto e com o mesmo tempo. “Não sei se já virou sorte ou se conhecer bem o caminho ajudou, mas estou feliz com esta quarta vitória”, afirmou o experiente ciclista, que aos 35 anos soma nada menos que 10 vitórias em etapas da Volta. O 2.º ontem foi o paranaense José Aparecido dos Santos, da Caloi/Extra/Suzano, que passou a ser o 4.º na classificação geral, a 1min47s do líder, empatado com o paranaense Alex Arseno, da Dataro.

APOSENTADORIA EM BREVE – Campeão da Volta em 1994, Zezinho é apontado como um dos favoritos. “Amo o ciclismo. Minha mulher (Kelly) e minha filha (Paloma) me ajudam muito. Arrumei uma mulher perfeita”, disse o competidor, que está com 34 anos de idade e já pensa na aposentadoria. “Devo competir entre principais do Brasil por mais dois ou três anos. Temos de respeitar a juventude”, ressaltou.

O vencedor da etapa também deve se retirar das competições em breve. “Já estou planejando parar. Estou há muitos anos na batalha e cansado de tantas viagens e treinamentos”, destacou Valcemar, que hoje tenta uma nova vitória para coroar a sua trajetória nos pedais: “A disputa acaba em Rio do Sul, onde morei dois anos. Lá foi a alavanca da minha carreira”.

Na etapa de ontem, várias fugas foram realizadas durante o trajeto. O público acompanhou de perto os ciclistas, dando incentivo. Em vários lugares, o visual lembrava a famosa Tour de France, com campos e montanhas. “Esta Volta tem lugares lindos. É muito bonito mesmo”, disse o comissário da UCI, o colombiano César Sanches, que tem grande experiência em provas por todo o Mundo, inclusive a própria disputa francesa.

No meio da disputa, o catarinense Márcio May passou um grande susto. A corrente de sua bicicleta saiu, ele teve de parar e foi abalroado por outro competidor. Ficou para trás do pelotão principal e teve de fazer muito esforço para recuperar o tempo perdido. Faltando 20 km para o fim, o canadense Dylan Sebel, da Espoirs de Laval, abriu uma fuga isolada, mas foi neutralizado nos últimos 8 km.

No prêmio de meta volante (chegada intermediária para dar mais emoção à prova), o vencedor foi Erni Meira, de Joinville. O líder da Volta não quis arriscar na chegada. “Minha corrente travou e não quis ter problemas num sprint. Temos muito em jogo. Ainda restam seis dias”, comentou Tonho. Entre os estrangeiros, o melhor classificado até agora é o austríaco Joachim Vollmann, da Denzel/Juvina, em 9.º lugar. O canadense Dylan Sebel, que venceu na abertura da Volta, está na 13.ª colocação. Na briga por equipes, a Pedal Bike Shop foi a melhor na etapa. No ranking geral, a Vince Blumenau lidera, com 19h45min15s. A Memorial-Santos aparece em 2.º lugar, exatos três minutos atrás.

Sudoeste ganha prova

Estão abertas as inscrições para a primeira Volta Ciclística do Sudoeste nas categorias elite masculino speed, amador masculino speed e amador masculino mountain bike. A Volta, será disputada dia 21 de setembro, em Francisco Beltrão, PR, e tem como objetivo propagar a prática do ciclismo na região, mobilizando aproximadamente 100 atletas. O trajeto da prova passa por seis cidades, entre elas, Itapejara D? Oeste, Pato Branco, Vitorino, Renascença, Marmeleiro e chegada em Francisco Beltrão, num percurso de 123 km para categoria elite masculino speed e 66,5 km para categorias amadores speed e mountain bike com percurso de ida e volta a Itapejara D? Oeste. As inscrições encerram no dia 16 de setembro, e podem ser feitas no Sesc Francisco Beltrão ou retirando o regulamento e a ficha de inscrição no site

www.sescpr.com.br

Para técnicos falta mais apoio

Os técnicos da seleção brasileira de ciclismo, que comandaram a equipe nacional de pista nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, Adir Romeo e Iverson Ladewig, consideram que falta ao Brasil apenas melhor estrutura para que seus competidores comecem a colher bons resultados no exterior e também consiga classificar uma equipe completa para eventos de grande porte como a Olimpíada ou Mundial.

A opinião de ambos é que o Brasil tem bons atletas, mas falta a todos melhores condições para treinamento e uma constante participação em provas nacionais e internacionais. “Neste momento de retomada, não adianta realizar apenas o treinamento, é fundamental o intercâmbio”, pondera Adir. “Somente quando medirmos força contra os melhores do mundo, vamos poder alcançá-los e no médio prazo poder fazer frente às melhores equipes do mundo”, argumenta Iverson.

Outras constatações, da dupla, que vem comandando a preparação brasileira desde junho de 2001, é a necessidade de massificar o trabalho. “Precisamos que a Confederação realize um trabalho forte em todos os sentidos. Não adianta somente uma equipe permanente, é fundamental uma série de fatores”, insiste Adir, para quem o trabalho começará apenas com um calendário nacional de pista, dar maior atenção às categorias júnior e juvenil, sem esquecer de capacitar treinadores nas diversas regiões do Brasil.

Para Iverson, no entanto, é urgente ao Brasil que se massifique o ciclismo no País. “O melhor exemplo é a ginástica olímpica. Eles começaram a fazer o time há doze anos. Os frutos começaram a ser colhidos em Winnipeg, e agora, em Santo Domingo e no Mundial, pela primeira vez na história, o Brasil terá uma equipe completa”, pondera Ladewig, que não abre mão de se fazer um trabalho de base.

Feminino

“Não é possível que num país de dimensão continental, como o Brasil, tenhamos apenas menos de cinco meninas na pista”, afirma Adir Romeo. Para ele, neste momento, tanto quanto trabalhar a base, é preciso dar uma “atenção especial ao ciclismo feminino”, finaliza.

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