Ficou para Abu Dhabi, como se imaginava. A Red Bull confirmou seu favoritismo e venceu com facilidade, ontem, o GP do Brasil, penúltima etapa do Mundial de F-1. No próximo domingo sai o campeão de 2010.

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Fernando Alonso, da Ferrari, foi o terceiro colocado na prova de Interlagos e continua liderando a classificação com 246 pontos. A dupla rubrotaurina vem a seguir: Mark Webber, segundo ontem, tem 238; Sebastian Vettel, o vencedor, 231.

Lewis Hamilton, com 222, tem chances apenas matemáticas. O inglês da McLaren precisa ganhar a última corrida da temporada e torcer para que os três primeiros sejam seqüestrados pela Al Qaeda.

O comportamento da Red Bull é que passa a ser a grande interrogação da etapa decisiva do campeonato. Ontem, se seguisse a cartilha da Ferrari, por exemplo, que costuma determinar com alguma clareza quem é primeiro e quem é segundo piloto, mandaria seus meninos inverterem as posições. Webber, com mais chances de ser campeão, ficaria, assim, a apenas um ponto de Alonso.

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Mas o time optou pela esportividade. E garantiu que não pensa em dar ordem alguma em Abu Dhabi.

“Tudo vai depender de como estarão as posições na última volta”, disse Webber. “É a filosofia da nossa equipe. Não espero nenhuma ajuda extra pelo fato de estar na frente nos pontos.”

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Vettel falou que os dois pilotos “saberão como agir”. “Não adianta ficar falando nada agora. Tudo vai depender da nossa competitividade, das posições de largada, de como a corrida vai se desenvolver. Vou para lá para fazer o meu melhor. Por enquanto, é o que dá para dizer.”

O espírito esportivo da Red Bull trabalha a favor de Alonso. Como não houve favorecimento a Webber ontem, o espanhol da Ferrari vai para a prova final podendo conquistar o título até com um segundo lugar, mesmo se o australiano vencer.

Um resultado idêntico ao de ontem também daria a taça a ele. “Consegui sair ainda na frente e se antes da corrida me oferecessem um terceiro em Interlagos nesta corrida, aceitaria na hora. Era impossível bater a Red Bull aqui.”

O GP do Brasil, disputado com sol e calor, foi decidido na primeira volta, quando Vettel e Webber passaram o pole Nico Hülkenberg, da Williams.

Dispararam e sumiram na frente. Alonso teve mais trabalho, precisou superar Hamilton e ficou algumas voltas atrás do alemão. Quando se livrou dos dois, correu sozinho.

Alguma ação pôde ser vista apenas no pelotão intermediário, com boas disputas de posição entre pilotos que não lutam por mais nada no campeonato. Os brasileiros foram mal e nenhum deles pontuou.

Interlagos, que decidira o título nos últimos cinco anos de forma consecutiva, acabou vivendo um certo anticlímax. Festa, mesmo, só nos boxes da Red Bull, que com a quarta dobradinha no ano conquistou por antecipação seu primeiro título mundial de Construtores. Mas o de Pilotos, que para a maioria dos fãs é o que interessa, ficou para Abu Dhabi. Como se imaginava.

Red Bull campeã

Nascida em 2005, a Red Bull conseguiu ontem uma proeza. Time muito jovem, conquistou seu primeiro título mundial de construtores com uma prova de antecipação em sua sexta temporada, entrando definitivamente para o seleto grupo de equipes grandes da categoria.

O que é curioso é que pelo segundo ano seguido uma novata leva a taça diante de gigantes como Ferrari e McLaren – no ano passado, foi a Brawn, sucessora da Honda, hoje sob controle da Mercedes.

A Red Bull tem origem em 1997, quando o tricampeão Jackie Stewart fundou seu time próprio em parceria com a Ford, a Stewart Grand Prix. Poucos anos depois a Ford comprou a equipe inteira e rebatizou-a como Jaguar em 2000. Em 2005 a Red Bull, fábrica de bebidas energéticas que patrocinava a Sauber, decidiu montar sua equipe e arrematou a Jaguar, que a Ford tinha colocado à venda.

O time tem 106 corridas no currículo e 14 vitórias. Foi no ano passado que venceu a primeira, com Vettel, na China. Com um orçamento que está longe de se equiparar ao das equipes mais tradicionais, deu o salto de qualidade que precisava em 2006, quando contratou o projetista Adrian Newey.

Newey,, 52 anos, engenheiro aerodinâmico por formação, é o maior gênio aerodinâmico da F-1 nos últimos 20 anos. Com passagens pela Copersucar, March, Indy e outras categorias, fez carros campeões para a Williams em 1992/93/96/97, para a McLaren em 98/99 e, agora, para a Red Bull.

Nas horas vagas, gosta de correr também, em provas de protótipos, ou de turismo. Mas costuma destruir carros com alguma freqüência nessas corridas. Desenha melhor do que pilota.