O ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira e o presidente de honra da Fifa, João Havelange, receberam 19,25 milhões de francos suíços (R$ 40 milhões) em subornos da ISL. O envolvimento foi confirmado no dossiê do caso liberado hoje pela Justiça suíça.

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A ISL foi durante a década de 1990 e o início da última década a principal parceira comercial da Fifa. Quando foi a falência, um processo judicial na Suíça demonstrou que houve pagamentos de mais 100 milhões de francos suíços para dirigentes em troca de benefícios nas negociações comerciais, envolvendo direitos de TV e marketing.

Apesar das acusações de envolvimento dos cartolas brasileiras -feitas pela emissora britânica BBC e pelo jornal suíço “Handelszeitung”-, o processo judicial sempre foi mantido em sigilo até hoje quando foi liberado para jornalistas que tinham entrado com ação pedindo a transparência integral dele. A reportagem teve acesso ao dossiê por meio de um dos jornais que o obtiveram hoje.

Na ação, está descrito que Teixeira ganhou 12,74 milhões de francos suíços (equivalente hoje a R$ 26,5 milhões) por meio da empresa Sanud, cuja ligação com o cartola já tinha sido estabelecida por meio da CPI do Futebol, no Senado. A Renford Investments Ltd foi outra empresa, com ligações com Havelange e Teixeira, que recebeu 5 milhões de francos suíços (R$ 10 milhões). Não sabe qual a divisão do dinheiro entre os dois neste caso.

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Havelange ainda recebeu outro pagamento de 1,5 milhão de francos suíços (R$ 3,1 milhões). Essa transferência irregular ao cartola era conhecida pelo presidente da Fifa, Joseph Blatter, segundo o dossiê ISL.

Por meio de sua secretária, o advogado de Ricardo Teixeira, José Mauro do Couto, informou que não falaria sobre o caso. O cartola atualmente mora em Miami (EUA), mas ainda tem cargo de assessor na CBF.

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Já o advogado suíço de Havelange, Marco Niedermann, não estava em seu escritório em Zurique. Segundo funcionário do escritório, ele só voltará a Zurique na próxima semana quando decidirá se irá comentar a decisão. Era ele, juntamente com o advogado suíço de Teixeira, quem tentava barrar a publicação dos documentos.

Em 2010, durante a Copa, Teixeira e Havelange fizeram um acordo com a justiça suíça. Nele, pagaram uma quantia não revelada para em troca não tivessem o nome revelado publicamente.