Surpresa, Maurren sonha saltar em Santo Domingo

As pessoas que convivem com a saltadora Maurren Higa Maggi, a principal atleta do Brasil hoje no atletismo, a segunda melhor do mundo no ranking mundial do salto em distância, afirmam que ela está surpresa com a notícia divulgada sobre o seu envolvimento em um caso de doping.

“Surpresa e abalada”, afirma o técnico Nélio Moura – o caso está em fase de justificativa e não deveria ter sido divulgado.

Segundo a BM&F Atletismo, o clube, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e a atleta não receberam da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) a informação de que Maurren está suspensa provisoriamente e nem a consulta sobre se deseja fazer a contraprova, o que significa que ainda não há um processo para verificação de doping contra Maurren. O controle antidoping de Maurren, feito no dia 14 de julho, no Troféu Brasil de Atletismo, no Rio, após a prova do salto em distância, apresentou a substância proibida Clostebol, que teria aparecido por causa do uso do creme dermatológico cicatrizante Novaderme em uma sessão de depilação.

A ex-atleta do basquete Hortência é quem teria indicado a clínica de estética para Maurren. A urina foi examinada no Ladetec, laboratório do Rio.

O médico brasileiro Eduardo De Rose, que é o presidente da Comissão Médica da Organização Deportiva Pan-Americana (Odepa), confirmou, ontem, em Santo Domingo, que enviou uma carta para a IAAF explicando que a substância é proveniente de um creme que só existe no Brasil na forma dermatológica. De Rose foi quem coordenou o controle antidoping do Troféu Brasil e, portanto, o responsável por informar a IAAF sobre o resultado. “Alguns positivos não são doping, na minha avaliação pessoal, mas quem vai dizer isso é a IAAF e só então vou comentar.” Confirmou que no momento, a atleta não está suspensa privisoriamente.

Disse que ainda não sabe a posição da entidade dirigente mundial do atletismo. Antes de responder para a IAAF, Maurren teve de pesquisar de onde poderia ter surgido o traço de esteróide anabolizante encontrado na urina por contaminação. Até hoje, a atleta não estava suspensa de nenhuma competição e sua viagem para os Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, na sexta-feira, continua marcada.

“Essa é uma substância diferente da de outros casos de doping. Não configura doping. O Novaderme é um cicatrizante de uso tópico, uma pomada comum, que apareceu no exame como contaminação para esteróide anabolizante. Mas é preciso frisar que é uma contaminação”, disse o médico Paulo Zogaib, da BM&F.

O diretor da equipe de atletismo, o empresário Sérgio Coutinho Nogueira, observou “que o caso não deveria ter aparecido porque está na fase de justificativa e não existe processo”. A própria BM&F está evitando comentários, assim como os dirigentes do atletismo, o técnico Nélio Moura e a própria Maurren. Mas ontem, reunidas na sede da BM&F, pessoas ligadas a atleta decidiram aguardar a decisão oficial da IAAF. “Enquanto a atleta não for comunicada, o caso não existe”, acrescentou Sérgio Coutinho Nogueira.

Maurren está confiante na aceitação da Iaaf de sua resposta porque nessa temporada a atleta fez cinco exames antidoping em sete meses. O penúltimo deles, antes do teste com resultado positivo do Troféu Brasil, foi no dia 3 de junho, após o GP de Milão, que venceu com a melhor marca do mundo na época. Se a IAAF não aceitar as justificativas da atleta e decidir abrir processo Maurren poderá ser suspensa por até dois anos e além de ficar fora do Pan-Americano, onde defenderia o seu bicampeonato no salto em distância, também não disputa o Mundial de Atletismo a competição mais importante da modalidade, após os Jogos Olímpicos, que será de 23 a 31 de agosto, em Paris, na França. Maurren é a principal esperança de medalha para o Brasil no Mundial.

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