Superliga repatria principais jogadoras

Imagine que o campeonato brasileiro começasse no mês que vem. E que, de uma hora para outra, os times achassem dinheiro suficiente para repatriar os nossos principais jogadores. Como se fosse mágica, Kaká, Ronaldinho e Alexandre Pato jogariam no São Paulo, Robinho, Lucas e Maicon se juntassem a Marcos no Palmeiras, Júlio César retornasse ao Flamengo, Rafinha, Miranda e Adriano no Coritiba, e Jádson, Fernandinho e o goleiro Guilherme no Atlético. Mal comparando, é o que vai acontecer na Superliga de vôlei feminino.

As três principais equipes da competição – Rexona/Ades, Finasa/Osasco e São Caetano/Blausiegel – contam com nove jogadoras que conquistaram a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim. É um número assombroso 75% da seleção brasileira campeã olímpica está no Brasil. Apenas Walewska, Jaqueline e Valeskinha não atuam no País. Mari, Sheilla, Fofão (São Caetano), Fabi, Fabiana (Rexona), Thaísa, Carol Albuquerque, Paula Pequeno e Sassá (Osasco) vão jogar o campeonato nacional.

“É um momento muito importante, porque há investidores querendo as jogadoras aqui no Brasil”, explica Luizomar de Moura, técnico do Finasa/Osasco – um dos quatro times que participam da Copa Brasil de vôlei feminino em Curitiba. O torneio termina hoje, no Palácio de Cristal, o ginásio do Círculo Militar do Paraná, com a decisão de 3.º e 4.º lugares às 10h30 e a final ao meio-dia (a decisão será em melhor de cinco sets).

Luizomar é técnico da seleção feminina de novas (uma espécie de seleção júnior) e há quatro anos comanda o Osasco, time que tem vinte anos de história no vôlei brasileiro. O treinador vê como fundamental a presença das jogadoras campeãs olímpicas no Brasil – e chega a considerar a permanência delas aqui como “obrigação”. “Elas têm responsabilidades agora. Não são simples jogadoras, são as melhores do mundo, são campeãs olímpicas. E precisam assumir esta posição, sendo referências para as mais jovens”, justifica.

Para o comandante da equipe paulista, o exemplo a ser seguido é o de Paula Pequeno. “Ela é uma referência na nossa equipe e para o nosso patrocinador. E teve atitude. Tinha propostas melhores para ir para a Europa, mas decidiu, por carinho a todo nosso projeto, permanecer no Brasil”, comenta.

E a Superliga feminina pode garantir emoções que não conseguimos ver em nossos campos. Luizomar de Moura imagina também uma mudança no fluxo de negociações – a liga brasileira se tornando importadora de jogadoras. “Muitas meninas vão querer jogar no Brasil, porque aqui estão as melhores jogadoras e os melhores técnicos do mundo. Elas vão querer aprender”, acredita o técnico, que no entanto é realista. “Mas temos que lembrar que é difícil competir com o dólar e com o euro”, completa. (CT)