Sonhando com a Sul-Americana, Coxa pega o Fla no Maracanã

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Pepo pode ser a novidade
hoje à tarde, no Marcanã.

"Não vou ficar dizendo que é apenas mais um jogo. É uma partida especial". A frase do goleiro Douglas confirma que o Coritiba tem dois adversários, hoje, a partir das 18h.

O primeiro é o Flamengo, que luta para não cair para a segunda divisão. O segundo é a "mística’ do Maracanã, que deve receber excelente público, possivelmente o maior do campeonato brasileiro, e que atiça a imaginação dos jogadores alviverdes. Uma vitória aumenta as chances de classificação para a Copa Sul-Americana.

Se Douglas, que já conhece o estádio (mas não jogou), está ansioso, imagine jogadores que nunca pisaram o gramado do chamado "maior do mundo’, como Rafinha e Alemão. Este, nascido próximo ao Rio de Janeiro e torcedor do Flamengo quando criança, não esconde que está à beira de um ataque de nervos não só ele, como toda a família. "Pedi a um amigo para cuidar da minha mãe no estádio. Se ela ficar sozinha, é capaz de ter um troço", confessa o atacante, que não tem nem seis meses como jogador profissional.

Esta expectativa aumenta pela possibilidade clara do estádio receber grande público nesta tarde. "É claro que isto faz diferença. A gente pensa em jogar no Maracanã lotado", confirma Douglas. "Para quem nunca atuou, realmente é uma sensação diferente quando se vê aquela torcida toda. Mas, passando isto, temos que entrar na motivação do jogo, e esquecer a pressão", comenta o volante Roberto Brum, ex-Fluminense e, portanto, mais acostumado ao Maraca.

E os jogadores do Coxa têm consciência que a pressão da torcida fará o Flamengo partir para cima. "É uma situação que nós sabemos que deve acontecer. Precisamos nos cuidar muito durante toda a partida, mas especialmente nos primeiros minutos", avisa Douglas. "A equipe está bem postada para se defender, e se tivermos espaço vamos buscar os contra-ataques", completa o zagueiro Flávio.

Ele já sabe o que é debutar no Maracanã. Uma de suas primeiras partidas como profissional aconteceu justamente no Rio, contra o Flamengo. "Era a Copa do Brasil de 95, e eu recebi uma chance do Dirceu Krüger. Foi muito legal, principalmente porque jogamos bem, mas infelizmente não nos classificamos", lembra Flávio, que naquela partida que terminou 0x0 anulou Romário.

A preocupação de hoje se chama Felipe, e é possível que ele tenha marcação individual. "Não há nada combinado, o que existe é o pedido de muita marcação e atenção", desconversa Pepo, que deve ser o substituto de Adriano sem o lateral, Ricardo passa para a ala-esquerda e o Cori passa a ter dois volantes. "Mas não vamos só marcar. Vamos ter espaço para jogar e tentar a vitória", finaliza Antônio Lopes.

Vitória pode salvar futuro do Flamengo

Rio (AE) – O Flamengo tem noção exata do grau de importância do jogo contra o Coritiba. Uma vitória deixará a equipe rubro-negra a um passo de se livrar da ameaça de descenso, que atormenta o clube desde o início do Brasileiro. Em caso de derrota e empate, a pressão política e da torcida voltará redobrada contra o elenco nos dois últimos confrontos.

O técnico Andrade resumiu o pensamento do grupo. "É jogo de vida ou morte. Se o Flamengo perder, o inferno vai voltar." O time carioca tem 49 pontos e, após a vitória sobre o Palmeiras, na última rodada, teve uma semana de trabalho mais calma – livre de cobrança de torcedores e de dirigentes.

Mas o treinador tem consciência que um deslize será o suficiente para resgatar o ambiente tenso na Gávea. Faltaria enfrentar o São Paulo, fora de casa, e o Cruzeiro, no Maracanã. "Vai ser um jogo difícil, chave, que pode dar uma tranqüilidade maior para o elenco. Esse jogo inspira mais cuidados do que contra o Palmeiras."

O atacante Jean ainda sente dores no joelho direito e vai ser reavaliado pelos médicos do clube momentos antes de a equipe entrar em campo. Se for vetado, Dill formará dupla de ataque com Dimba, contratado por R$ 1,5 milhão e autor de apenas seis gols em 19 partidas. Durante a semana, Andrade teceu críticas ao rendimento do ataque. Disse que Dimba e Jean são titulares porque os reservas são piores. O treinador espera que os atacantes voltem a fazer as pazes com o gol. A partir de hoje, de preferência. "O desempenho não tem sido bom. Mas espero que melhore até o fim do campeonato."

A fim de fazer valer o mando de campo, a diretoria rubro-negra decidiu apelar para o apoio da torcida. Anunciou promoções na compra dos ingressos. Quem pagar R$ 15 reais por uma arquibancada amarela ou verde, recebe outra. Promessa de Maracanã cheio.

Lopes, um velho conhecido do estádio

Quando se fala em Maracanã, Antônio Lopes é uma opinião segura. Afinal, em pelo menos vinte dos trinta anos de carreira o técnico do Coritiba militou no futebol carioca, e sabe o que é ver o "maior do mundo" lotado. Para ele, a partida mais importante no estádio foi a decisão do campeonato carioca de 1982, quando o Vasco derrotou o Flamengo. "Nós tínhamos um time infinitamente inferior, mas muito acertado. E vencemos aquele time histórico do Flamengo, com Zico e companhia", relembra o Delegado, do Mengão que atuou naquela partida, Andrade é hoje o técnico e Júnior o diretor-técnico do clube. Às 18h, ele terá a chance de reviver, em parte, esta magia. Nesta entrevista, Lopes fala sobre a expectativa que a partida tem, da ansiedade dos mais jovens, e de como fazer para "calar" o estádio.

O Estado – O Rafinha e o Alemão, que jogarão pela primeira vez no Maracanã, vão sentir a emoção?

Antônio Lopes – Eu acho que esta garotada tem personalidade. Muitos já jogaram uma Libertadores, e durante a temporada adquriram experiência. Eles não vão sentir. É claro que o Maracanã vai estar cheio, a torcida do Flamengo vai marcar presença, e todos os jogadores gostar de atuar com casa cheia.

O Estado – E você, que viveu tudo isso, fica feliz em ver o Maracanã lotado?

Antônio Lopes – É legal, eu gosto de trabalhar assim. Ainda mais se tratando de ser no Maracanã.

O Estado – E ter essa massa toda ao teu lado?

Antônio Lopes – Trabalhei no Flamengo em 86, e já participei de jogos com 170 mil, 180 mil pessoas, em um tempo que o estádio comportava esta capacidade, não havia problemas de segurança. E é gostoso você trabalhar em um jogo assim, e domingo será assim, mesmo com bem menos gente, umas sessenta mil pessoas. E, com esse contexto, a vitória vai ter um gosto melhor.

O Estado – E como se fazer para calar o Maracanã?

Antônio Lopes – Temos que fazer o que fizemos no último jogo, praticando um futebol solidário, de marcação, de velocidade, de criatividade. Sem jogar bem não conseguimos um bom resultado. (CT)

CAMPEONATO BRASILEIRO
FLAMENGO X CORITIBA

Flamengo: Julio Cesar; China, André Bahia, Júnior Baiano e Roger; Da Silva, Jônatas, Ibson e Felipe; Dimba e Jean. Técnico: Andrade

Coritiba: Douglas; Rafinha, Miranda, Flávio e Ricardo; Reginaldo Nascimento, Roberto Brum, Pepo e Luís Carlos Capixaba; Tuta e Alemão.

Súmula
Local
: Maracanã
Horário: 18h
Árbitro: Sálvio Spínola Fagundes Filho (SP)
Assistentes: Ana Paula da Silva Oliveira (FIFA-SP) e Maria Eliza Correia Barbosa (SP)

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