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Sem revelar futuro fora de campo, Montillo critica calendário após adeus precoce

Depois de sofrer com uma terrível sequência de cinco lesões e na última delas se convencer de que não tem mais condições físicas de seguir atuando profissionalmente, Montillo confirmou a sua aposentadoria nesta quinta-feira, no Rio, um dia após rescindir o seu contrato com o Botafogo. Acabou sendo um precoce adeus aos gramados do meia argentino de 33 anos, que chegou ao time carioca como reforço de peso no início deste 2017 e agora começa a planejar, de maneira inesperada, os seus projetos fora de campo.

O agora ex-jogador, porém, não revelou quais são os planos que já tem para este início de nova fase de sua vida, que ele admitiu que será complicada pela natural saudade que sentirá da rotina como atleta e pelo simples fato de que deixará de fazer o que mais gosta como uma das principais referências dentro dos gramados.

“Tenho certeza de que não vai ser fácil, pois é uma coisa que eu fiz a minha vida toda. No começo talvez seja mais fácil, pois é como se eu estivesse saindo de férias, mas tem que ver como na vai ser na terceira ou na quarta semana. Vou procurar fazer minhas coisas e ocupar a minha cabeça. Tenho sorte de que tenho meu filho, Santino, que todo mundo sabe que tem síndrome de down e que precisa de mais tempo ao seu lado. E eu vou me dedicar a ele. Vou tentar dividir com a minha esposa, que está sempre ‘fazendo Ayrton Senna’ (uma correria para cuidar dos filhos), essa responsabilidade”, ressaltou o jogador, em entrevista coletiva.

“Acho que sou um cara preparado para enfrentar o que vier. Então a vida continua. Ninguém morreu deixando de jogar futebol. Vou sentir saudade, vamos organizar uma ‘pelada’ para brincar um pouco”, completou, mais descontraído, em seguida.

Já ao falar sobre o futuro, Montillo apenas se limitou a dizer que pretende se preparar para não entrar de maneira precipitada em outra profissão. “Em cada projeto que eu tive sempre foi jogando futebol. Não sei fazer outra coisa, mas estou preparado para estudar e fazer as coisas que eu quero fazer. É a decisão mais importante da minha vida e tomar uma decisão desta aí, com 33 anos, com certeza é a mais importante. Com certeza, para o que eu for fazer, eu vou ficar preparado”, ressaltou.

CALENDÁRIO – Montillo acabou encerrando de forma precoce a sua carreira após ter optado pelo seu retorno ao Brasil, onde anteriormente vestiu as camisas de Cruzeiro e Santos, após três anos atuando no futebol chinês. E o jogador admitiu que o desgastante calendário do futebol brasileiro pode ter colaborado para abreviar a sua trajetória profissional.

“Eu acho o calendário do Brasil uma loucura, não existe. Em todos os outros lugares em que eu joguei nunca foi como aqui. Respeito os Estaduais, que ajudam muito os jogadores que não têm oportunidade de jogar em outras competições, mas para um jogador de Série A é muito complicado. O Botafogo está enfrentando jogos de quarta e domingo há dois meses e isso vai até agosto”, enfatizou.

Montillo lembrou também que não é a única vítima do calendário e que outros jogadores do próprio Botafogo pagaram o preço pela alta sequência de partidas, assim como lamentou o curto período que teve para treinar antes do início desta temporada.

“Acho que todo time deveria ter o mesmo tempo de preparação. Esse ano tivemos dez dias de pré-temporada, outros times tiveram 30. No começo tivemos umas dez lesões. Então é difícil voltar e já jogar uma competição de nível. Então acho que a mudança principal é o tempo de preparação porque depois (o que venha a acontecer com os atletas) cai na conta do preparador físico. Mas não dá para exigir, o cara não é mágico pra preparar uma atleta em 10 dias”, opinou.

Agora aposentado, Montillo findou de forma amarga uma carreira profissional iniciada em 2002, com a camisa do San Lorenzo, da Argentina, onde jogou até 2007, ano em que foi emprestado ao Monarcas Morelia, do México, antes de ser contratado em 2008 pela Universidad de Chile, pela qual atuou até 2010. Neste mesmo ano, ele foi para o Cruzeiro e ficou na equipe brasileira até 2012 e, na sequência, também em uma fase em que foi atrapalhado por lesões, teve passagem fracassada pelo Santos entre 2013 e 2014, ano em que acabou sendo contratado pelo Shandong Luneng, da China, seu último clube antes de se transferir ao Botafogo.

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