Sem problemas, Brasil goleia seleção do Haiti

Porto Principe – A seleção brasileira não atendeu ao pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e goleou o Haiti por 6 a 0, em amistoso disputado ontem à tarde, em Porto Príncipe. O jogo foi atípico e marcou uma nova etapa no processo de pacificação do país mais pobre da América Central. Duas semanas atrás, Lula confidenciara ao presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, que não seria conveniente para a seleção vencer os anfitriões por um placar mais amplo. Mas o aviso não chegou a Ronaldinho Gaúcho, autor de três gols um deles, após driblar cinco adversários.

Lula acompanhou a partida num camarote do Estádio Sylvio Cator, reformado às pressas para receber a seleção pentacampeã do mundo. O gramado sintético não chegou a atrapalhar o desempenho da equipe brasileira, prejudicada sim, pelo forte calor na capital do Haiti. O público lotou o estádio com bandeirinhas do Brasil e vibrava com cada jogada de Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos.

O primeiro parecia cansado, chegou a chutar uma bola na trave, mas sua passagem por Porto Príncipe acabou valendo mais pela doação de R$ 600 mil, dinheiro que será empregado no combate à fome no Haiti.

Se Ronaldo não aparecia muito bem, o meia Roger, do Fluminense, surpreendia. Ele foi convocado à última hora e se destacou no amistoso. Fez dois gols, em bons passes de Ronaldo, e supriu a ausência de Kaká. Com o belo gol de Ronaldinho Gaúcho o placar do primeiro tempo foi de 3 a 0. Motivos havia para supor que a seleção voltaria mais disposta depois do intervalo. Como o técnico Carlos Alberto Parreira deu oportunidade a vários novatos, eles queriam marcar presença.

O jovem Nilmar, do Internacional, entrou na vaga de Ronaldo. Como haveria de se conter no Jogo da Paz se fazia sua estréia na seleção principal? Acabou fazendo um gol, numa ótima arrancada. Magrão, do Palmeiras, substituiu Edu e também atuou com disposição. Enquanto isso, Ronaldinho Gaúcho continuava desobedecendo Lula.

Numa cobrança de falta, ele contou com a ajuda do goleiro Max e marcou seu segundo gol na partida. Depois, aproveitou toque de bola perfeito de Juninho Pernambucano para fazer outro. Os haitianos aplaudiam todos os lances. Estavam ainda esperançosos de que poderiam vazar a meta do Brasil pela primeira vez na história. Na única vez em que haviam se enfrentado, o Brasil vencera por 4 a 0, num amistoso, em 1974.

Parreira fez várias alterações e levou a campo os 18 atletas convocados. Do alto do camarote, Lula assistia à partida com atenção e, no final, ainda teve tempo para aplaudir Fernando Henrique o goleiro do Fluminense, que entrou no segundo tempo na vaga de Júlio César, do Flamengo, e evitou o gol histórico do Haiti em duas situações, aos 41 e 46 minutos, com defesas seguras.

Lula

No estádio, Lula foi ao vestiário cumprimentar os jogadores, junto com o presidente do Haiti, Boniface Alexandre, e recebeu uma camisa de presente dada pelo jogador Roberto Carlos. Pelo menos 150 mil pessoas pelas contas da segurança, estavam nas ruas aguardando a seleção brasileira.

Ficha
Gols:
Roger, aos 19 e 41 e Ronaldinho Gaúcho, aos 32 do 1.º tempo. Ronaldinho Gaúcho, aos 21 e 36, e Nilmar, aos 40 do 2.º tempo.
Brasil: Júlio César (Fernando Henrique); Belletti, Juan (Cris), Roque Júnior e Roberto Carlos (Adriano); Juninho, Gilberto Silva (Renato), Edu (Magrão) e Roger (Pedrinho); Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo (Nilmar). Técnico: Carlos Alberto Parreira.
Haiti: Max; Thelanour, Germain, Gabbardi e Baucicault; Guillaune, Bourdot, Giles e Romuluf; Fleury e Desir. Técnico: Carlo Marcellin.
Árbitro: Paulo César de Oliveira (Brasil).

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