Seleção sub-23 tropeça na estréia

O Brasil foi o único time que jogou futebol, mas quem saiu de campo comemorando os três pontos foi a limitada seleção mexicana. A vitória por 1 a 0 foi um achado para os jogadores comandados pelo técnico argentino Ricardo Lavolpe, que passou boa parte do jogo ouvindo os torcedores gritarem “Hugo! Hugo! Hugo” – o ex-artilheiro Hugo Sanchez, que era o favorito popular para assumir o cargo. Agora, o Brasil precisará ganhar de Honduras amanhã à noite e depois esperar pelo resultado do jogo de quinta-feira entre mexicanos e hondurenhos. Uma derrota eliminará a seleção e um empate a deixará na dependência de uma vitória dos mexicanos.

Os meninos da equipe sub-23 mostraram personalidade para controlar o jogo na maior parte do tempo. E os lances de talento que brotaram no Estádio Azteca foram todos obra dos brasileiros, principalmente de Kaká e Robinho.

Com o sol do meio-dia castigando os jogadores, o Brasil optou por fazer a marcação em sua metade de campo, abrindo mão da marcação por pressão que Ricardo Gomes treinou durante a semana. Nos primeiros 15 minutos, o México ficou com a bola e o Brasil não conseguia se organizar para sair jogando.

Quando avançou um pouco a marcação, o time descobriu a pobreza técnica dos mexicanos e passou a recuperar quase todas as bolas. E com a bola nos pés a Seleção começou a encurralar o México.

As melhores jogadas saíam pela esquerda, por onde Robinho fazia um carnaval cada vez que encarava um adversário e Adriano apoiava com decisão.

Num espaço de cinco minutos, entre os 18 e os 23, o astro do Santos criou três jogadas perigosas e levantou o público com seus dribles curtos.

Houve ainda um chute de Diego e um passe de Kaká que foi cortado pouco antes de pegar Ewerthon livre diante do goleiro. O 0 a 0 do primeiro tempo foi injusto para o Brasil.

Veio o segundo tempo e logo aos oito minutos Ricardo Gomes trocou Ewerthon por Thiago Motta – como seu substituto, Ewerthon também estava de férias e por isso sem ritmo de jogo. O jogador do Barcelona deu qualidade à saída de bola pelo lado esquerdo, Paulo Almeida ficou de cabeça-de-área, Júlio Baptista trocou o centro pela direita e Kaká foi adiantado.

No ataque, o craque do São Paulo protagonizou os dois lances mais espetaculares do jogo. Aos nove minutos, deu um lindo drible de corpo no campo do Brasil e arrancou para o gol. Quando deu o toque para sair do goleiro, foi atropelado por Oswaldo Sanchez a um metro da área.

Inexplicavelmente, o juiz não marcou nada. Aos 27 minutos, ele acreditou numa bola que parecida perdida, roubou do zagueiro e tocou cruzado, por cobertura. A bola bateu na trave esquerda.

De tanto perder gols, o Brasil acabou sendo castigado. Na única chance criada pelos mexicanos, Osorno cruzou da esquerda e Borgetti marcou de cabeça, aos 34 minutos. Foi um prêmio que o México não mereceu.

México 1×0 Brasil

México: Sanchez: Salazar, Mendoza e Briceño; Arellano (Rodriguez); Carmona, Pardo, Rafa Garcia (Osorno) e Valdez; Zepeda (Luis Perez e Borgetti. Técnico: Ricardo Lavolpe.

Brasil: Gomes; Maicon, Luisão, Alex e Adriano; Paulo Almeida (Nadson), Júlio Baptista, Kaká e Diego (Nilmar); Ewerthon (Thiago Motta) e Robinho. Técnico: Ricardo Gomes.

Gol: Borgetti, aos 34 do segundo tempo.

Kaká aceita jogar no ataque

AE

Kaká ficou sabendo pela imprensa que jogará como atacante contra Honduras. E garantiu que vai para o sacrifício sem problema nenhum. “O Ricardo ainda não me disse nada, mas se ele já falou para vocês que vai me colocar de segundo atacante, tudo bem. Faço o que for melhor para a seleção.”

O meia do São Paulo tomou muito cuidado com as palavras. Disse estar escaldado por um fato que ocorreu no clube. “Vieram me perguntar em que função eu gosto mais de jogar. Respondi que gosto de ser o terceiro atacante, vindo de trás com a bola. No dia seguinte o Rojas me escalou como segundo atacante e saíram dizendo que eu estava batendo de frente com o técnico. Não tem nada disso. Gosto de jogar vindo de trás, mas jogo onde for preciso.” Jogar como atuou na maior parte do segundo tempo do jogo de ontem não o incomoda.

“Só não gosto de jogar de costas para os zagueiros, não me dou bem. Hoje (ontem) eu joguei mais avançado, mas não fiquei enfiado.” O esquema com que a seleção iniciou o jogo, com dois homens abertos na frente e ninguém pelo meio, é diferente do que ele tem no São Paulo.

Mas Kaká acha que também pode dar certo, embora Ricardo Gomes lamente a falta de um homem com mais presença de área.

“Tudo é uma questão de conhecer quem joga com você. No São Paulo, eu sei que o Luís Fabiano vai estar sempre dentro da área. Aqui, sei que o Ewerthon vai estar pela direita e o Robinho pela esquerda. Com o tempo a gente se acostuma.”

Kaká saiu revoltado com a atuação do árbitro Rodolfo Sibrian. “Pô, aquele lance da minha arrancada foi brincadeira. O goleiro me derrubou claramente e ele não deu nada. Não dá para entender.”

Diego – que foi substituído por estar tão cansado que não tinha perna nem para ir cobrar os escanteios no segundo tempo -também atacou o juiz.

“Foi um dos erros mais grosseiros que já vi. O juiz e o bandeirinha estavam perto do lance e tinham obrigação de ter marcado falta. Não sei se não deram por incompetência ou por má intenção.” Ele era um dos jogadores mais frustrados por causa da derrota. “Eles deram muita sorte. Jogamos muito melhor, criamos mais chances e o final perdemos. Mas vamos com tudo para cima de Honduras. Se jogarmos o mesmo que jogamos hoje, não tem como não ganharmos.”

Ricardo Gomes muda time para encarar Honduras

AE

O Brasil estreou na Copa Ouro perdendo por 1 a 0 para o México e terá pelo menos uma mudança na escalação para o jogo de vida ou morte amanhã (23h, horário brasileiro) contra Honduras. Não que o técnico Ricardo Gomes não tenha gostado do time. Mas ele quer mudar a característica do ataque e por isso já anunciou ontem mesmo que Kaká começará jogando mais avançado no lugar de Ewerthon e alguém entrará no meio-de-campo.

“Nosso melhor período na partida foi quando o Kaká jogou na frente e o Thiago Motta no meio. Como não tenho um homem de área, o Kaká é a melhor opção para servir de referência no ataque.”

Os elogios a Thiago Motta não significam que o meia do Barcelona está garantido no time. A outra opção é Carlos Alberto, do Fluminense.

A adaptção de Kaká como atacante é a maneira que ele encontrou para tentar suprir a ausência de Adriano, o homem de área que será titular no Pré-Olímpico de janeiro, no Chile, e que só não está no México porque disputou a Copa das Confederações pela seleção principal e ganhou férias para se apresentar bem ao Parma.

Na opção com dois atacantes rápidos e que jogam abertos, como Ewerthon e Robinho, o time precisa ter uma movimentação e um entendimento que ainda não teve tempo para conseguir. “Às vezes um jogador acabava ficando isolado e tinha de tentar o lance individual. Foi por isso que gostei mais do time quando o Kaká foi para a frente. Ficamos mais equilibrados.”

Mas apesar da derrota, Ricardo Gomes gostou do que viu ontem. “Mesmo com pouco tempo de treino, dominamos o México a maior parte do tempo e criamos muito mais chances para marcar”, destacou o treinador. A única crítica do treinador foi com relação a uma decisão do árbitro salvadorenho Rodolfo Sibrian. Ele reclamou da não marcação de uma falta clara do goleiro Oswaldo Sanchez sobre Kaká, aos nove minutos do segundo tempo. “Na minha opinião, ali foi falta e o goleiro deveria ter sido expulso. O jogo estava 0 a 0 naquele momento e por isso fomos prejudicados.” Quando um jornalista mexicano lhe perguntou se o Brasil havia perdido por causa da juventude de seus jogadores ou dos efeitos da altitude (2.300m acima do nível do mar), o treinador foi claro: “Só nos faltou um pouco mais de sorte. Como já disse, nós tivemos muito mais chances do que o México.”

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