Schumacher, com o penta, se torna o maior de todos

Magny-Cours – A Fórmula 1 esperou exatos 16.422 dias para coroar um novo rei. Ontem, Michael Schumacher tomou o cetro de Juan Manuel Fangio, argentino que na década de 50 conquistou cinco títulos mundiais, marca que resistiu 45 anos. O alemão da Ferrari venceu o GP da França, a 11.ª etapa do campeonato, e chegou ao penta seis corridas antes do final da temporada.

Schumacher é uma enxurrada de números e recordes. Em Magny-Cours, ganhou sua oitava corrida no ano, sexta no circuito francês. É atualmente o recordista na categoria de vitórias, pontos, melhores voltas, pódios, vitórias na mesma temporada, voltas na liderança, corridas consecutivas com pontos, pontos em apenas um ano e GPs liderados.

Ele diz que não liga para estatísticas. “É coisa para eu pensar quando parar de correr, olhando a lenha queimar na lareira”, diz, em uma de suas frases preferidas. Pode ser. Mas o número cinco, quase cabalístico na F-1, não dá para desprezar. “É claro que é um título especial. Mas não acho justa a comparação com Fangio”, falou Michael. “O que ele fez em seu tempo não é comparável com o que fazemos hoje em dia. O esforço dele naqueles tempos provavelmente era muito maior. Hoje um piloto tem muita gente ao seu redor, há um trabalho de equipe muito maior do que no passado.”

Há quem acredite que Schumacher, com cinco campeonatos no bolso, pára de correr no final do ano. Ledo engano. “Depois de ser campeão com a Ferrari pela primeira vez, em 2000, passei a correr por prazer. Vou lutar pelo sexto título não para ser recordista, mas simplesmente pelo prazer de correr e conseguir fazer boas corridas. É para isso que eu vivo, eu amo o esporte, é a coisa que mais gosto de fazer.”

Portanto, barbas de molho. “Se a gente continuar brincando, ele continua ganhando”, resumiu seu companheiro Rubens Barrichello, que, mais uma vez, nem saiu do lugar na volta de apresentação e abandonou o GP.

Schumacher teve dificuldades para vencer a corrida de Magny-Cours.

Michael vibrou ao receber a bandeira quadriculada, balançou o carro de um lado para o outro e chorou dentro do capacete. As lágrimas voltaram no abraço em Jean Todt, o diretor-esportivo da Ferrari. Rolaram de novo no pódio, discretamente, quando o Hino da Alemanha foi executado.

Durante quase meio século, Fangio, que morreu em 1995 aos 84 anos, ostentou com justiça o título de melhor do mundo. Sua carreira foi curta e esplendorosa, 51 GPs em nove temporadas incompletas. Um de seus cinco títulos, o de 1956, foi conquistado a bordo de uma Ferrari. Em 1958, em sua segunda corrida, decidiu parar. Em Reims, na França. A França de reis coroados e depostos. Domingo, caiu Fangio e ascendeu ao trono Schumacher. Viva o novo rei.

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