São Paulo vence Liverpool e conquista tricampeonato

Yokohama – O São Paulo realizou um sonho ontem: é tricampeão mundial. Num jogo bem difícil, conseguiu vencer o Liverpool por 1 a 0 – gol de Mineiro – na decisão do Mundial de Clubes da Fifa e garantiu a conquista do título em Yokohama, no Estádio Internacional, no Japão.

Esta é a primeira conquista são-paulina no torneio promovido pela maior entidade do futebol mundial, a segunda de um time brasileiro (o primeiro foi

o Corinthians, em 2000). As conquistas de 1992 e 93 são reconhecidas pela entidade e foram pela extinta Copa Intercontinental, chamada no Brasil de Mundial Interclubes.

O primeiro tempo da partida – que logo a um minuto de jogo precisou ser paralisado devido à invasão de campo de um torcedor – foi melhor para o Liverpool, que começou no campo de ataque, mas finalizava pouco. O São Paulo tentava se organizar e emplacar um contra-ataque, mas tinha dificuldades em acertar.

Só foi conseguir isso aos 26 minutos, numa jogada perfeita. Fabão, na direita, ainda na intermediária, tocou para o meio, onde Aloísio recebeu e tocou, de ?três dedos?, para a frente, no meio da defesa do Liverpool. Na base da surpresa, Mineiro apareceu sozinho e só tocou a bola na saída do goleiro Reina, fazendo 1 a 0.

No minuto seguinte o time inglês assustou, com Xabi Alonso acertando uma cabeçada no travessão, numa cobrança de escanteio. Apesar de outras boas chances, o time tricolor virou o tempo com a vantagem no placar.

Essa vantagem, porém, foi ameaçada no segundo tempo desde o começo. Logo aos seis minutos, numa cobrança de falta, Gerrard obrigou Rogério Ceni a fazer uma grande defesa. E o time brasileiro fez o possível para segurar o adversário, já que o Liverpool ameaçou bastante.

Com essa pressão, o Liverpool criou boas chances e continou desperdiçando jogadas. Teve gols anulados corretamente e colecionou muitos escanteios. Pressionou o tempo todo, mas não conseguiu fazer. E a festa é dos são-paulinos, que seguraram o placar e ergueram a taça.

Bom e modesto

Yokohama – Mineiro está agora ao lado de Raí (duas vezes), Palhinha, Toninho Cerezzo e Muller como jogador do São Paulo que fez gols em uma final de Campeonato Mundial. Fez também o primeiro gol em Mundiais de Clubes da Fifa. O Corinthians ganhou em 2000 nos pênaltis, após um 0 a 0.

São dados que não mudam o estilo discretíssimo de Carlos Luciano da Silva, o volante de 29 anos que chegou ao clube no início do ano, vindo do São Caetano. Ele continua falando baixo e sorrindo pouco. ?Foi um gol importante, mas poderia ter sido de qualquer um. Foi Deus que me iluminou naquele momento e saí como artilheiro.?

Ele aponta o passe de Aloísio como perfeito. ?Me deixou na cara do goleiro. Tive mérito de escolher bem o canto e tocar no lugar certo, mas o Aloísio ajudou muito.?

O São Paulo chegou bem longe, nenhum time brasileiro foi tão longe. Mas, gigantes como Real Madrid, Milan, Boca, Peñarol e Nacional (ambos do Uruguai) já tinham os três títulos. ?Você vê como foi importante ganhar hoje (ontem)?, completou Mineiro.

Foi o sexto gol de Mineiro pelo São Paulo, em 63 jogos. Com certeza, o mais importante de todos.

Lugano elogia Edcarlos

Yokohama – Lugano pára a entrevista e puxa Edcarlos, que vem andando com um tamborim na mão. ?É com ele que vocês têm que falar. O cara jogou muito. Era uma final de Mundial e ele não errou nada. Salvou uma bola superdifícil em que estava cercado por três jogadores.? Edcarlos pára encabulado. ?Obrigado, meu pai. Acho que eu fui bem, sim, mas todo o time foi. Sei que a torcida reclama de mim, mas não ligo. Sei que é por bem. Eles querem o melhor para o time e eu quero isso também.? E sai.

Fica Lugano e sua bandeira uruguaia. ?Tenho certeza que tem gente em Montevidéu comemorando esse título. Em Canelones, minha cidade, todo mundo está nas ruas. Fui com a bandeira de meu país porque o povo uruguaio pode ver essa cena de novo: uma bandeira uruguaia no pódio. Eu me sinto como um embaixador do São Paulo no Uruguai e do Uruguai no Brasil.?

A bandeira serviu também para que ele tentasse esquecer um pouco a mágoa de ter sido eliminado da Copa de 2006 pela Austrália, na repescagem. Não adiantou muito. ?São coisas diferentes. Aquela dor

é muito grande, muito difícil de terminar. Mas, hoje, nem quero pensar nela.?

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