São Paulo não paga, mas exige empenho de atletas

Os jogadores do São Paulo estão com a maior parte dos seus salários atrasados em quatro meses. Sem treinador, agora sem diretor de futebol, conseguiram três partidas sem derrota. Mesmo assim, o presidente e responsável pela confusão que domina o clube, Marcelo Portugal Gouvêa, teve a coragem de ir ontem ao centro de treinamento cobrar profissionalismo do time.

“Ele veio falar que precisamos manter o profissionalismo porque teremos na quinta-feira um jogo importantíssimo contra o Goiás pela Copa do Brasil. Nós ouvimos e respeitamos porque ele é nosso presidente. Mas não temos como negar que nosso direito de imagem está atrasado quatro meses. Ele deixou bem claro que será dentro do campo, vencendo, que conseguiremos atrair patrocinadores para o São Paulo e o dinheiro vai chegar. Estamos tentando fazer essa situação não influenciar em campo, mas somos pessoas comuns e que fazemos dívidas e precisamos pagá-las”, diz Jorginho Paulista.

“A saída para tudo voltar ao normal depende da gente. O time tem de ganhar, é simples. Mas ainda bem que o meus vencimentos são só salários e não direito de imagem”, afirma, aliviado, Júlio Baptista.

Para não deixar brecha para os seus atletas buscarem seus passes na Justiça, a diretoria do clube mantém em dia os salários e atrasa os direitos de imagem. Acontece que para pagar menos imposto de renda, os jogadores recebem a média de 30% do combinado como salário e os outros 70% em direitos de imagem.

“É sempre assim. A parte maior fica nos direitos. Os salários são muito mais baixos. Em todos os clubes é assim. No São Paulo não é diferente”, detalha Jorginho Paulista.

Marcelo Portugal Gouvêa não quis dar entrevistas. E segundo o superintendente, médico e genro de Juvenal Juvêncio, Marco Aurélio Cunha, não está conversando nem com dirigentes do próprio clube. “O presidente está em um momento difícil. Perguntas e pormenores podem aborrecê-lo”, revela o surperintendente que demonstrava nem ter sido chamado para a reunião entre o presidente e os jogadores. Chegou 25 minutos atrasado. Se sabia, o vice-presidente Márcio Aranha mostra ter razão. “O Marco Aurélio é médico. Tem seu consultório e pacientes. Não tem tempo para ser superintendente do São Paulo.”

Depois de Marcelo Portugal Gouvêa falar foi a vez do ex-diretor de futebol, Carlos Augusto Barros e Silva se despedir dos jogadores. Antes de sair ainda teve tempo para criticar o vice Márcio Aranha. “Esse vive de galho em galho. É um derrotista. Só vê o lado ruim de todas as coisas. Quer derrubar todo mundo. No passado ele quis derrubar até o Telê Santana”, detonou.

Carlos Augusto saiu da diretoria por não ter voz ativa na escolha do novo treinador. E ainda o presidente preferir conversar com Aranha do que com ele sobre quem deverá substituir Oswaldo de Oliveira. Marcelo Portugal se recusou até a dar entrevista no programa que o São Paulo banca na rádio Trianon.

Voltar ao topo