O sobrenome Salazar é sinônimo de surfe no Brasil. Picuruta é um dos maiores surfistas brasileiros de todos os tempos. Seu irmão mais velho, Almir, é o único tetracampeão paulista profissional da história. Ambos, já com mais de 40 anos, continuam na ativa, perseguindo títulos e dando exemplo aos atletas mais jovens. E a próxima taça da família pode vir neste fim de semana prolongado pelo feriadão da República, quando Almir busca o bicampeonato na categoria master, da 4.ª e última etapa do Circuito Okdok Paulista de Surf.
A competição será realizada hoje e amanhã no Quebra-Mar, em Santos, a praia preferida do destaque do evento. "Eu gosto muito de competir em Santos, pois conheço muito bem a onda do local. Foi onde tudo começou", diz Almir, que lidera o ranking master (para surfistas com mais de 35 anos), mesmo enfrentando rivais até 10 anos mais jovens.
Venceu a etapa inicial, em ondas gigantes de mais de 3m, na praia de Maresias, em São Sebastião, e foi o vice nas duas etapas seguintes, no Tombo, em Guarujá, e em Praia Grande.
Almir só pode ser alcançado hoje pelo ubatubense Ricardo Toledo, outro competidor que fez história no surfe brasileiro, e ainda assim se ele vencer. "Minha expectativa é a melhor possível, estou ansioso para ver o que acontece", revela Almir.
História
Almir fala com o conhecimento de causa de quem surfa há mais de 30 anos. "Comecei em 1971. Meus irmãos Picuruta e Lequinho já pegavam onda e entrei por influência deles e de alguns amigos", recorda. Eram os chamados "tempos românticos" e, em três décadas, muita coisa mudou no esporte. "Nos anos 70 praticamente não havia competições e o equipamento era mais artesanal, com pranchas pesadas e monoquilhas", explica Almir.
"Já nos anos 80 o desenvolvimento veio, com grandes campeonatos e pranchas melhores. E os anos 90 uma sequência, com o surfe passando a ser visto no País de forma mais ampla", acrescenta o surfista, lembrando que neste período passou algumas temporadas em Portugal, onde se sagrou campeão português e vice europeu ambas na pranchinha.
"Vejo os brasileiros cada vez mais se destacando, com uma nova geração bem radical. Aliás, as manobras também evoluíram muito com o tempo, assim como o equipamento", avalia o surfista sobre o momento atual e que conhece como poucos as pranchas, pois é considerado um dos melhores shapers do Brasil. Desde 1979 ele trabalha como fabricante de pranchas, atividade que exerce paralelamente à prática do esporte.
Além de Almir Salazar e Ricardo Toledo, o Okdok Paulista vem reunindo grandes nomes do surfe brasileiro. Entre os exemplos estão os lendários irmãos do Tombo, Neno, Paulo e Amaro Matos, todos com títulos importantes. Outras feras que estarão em Maresias são Tekinho do Tombo, Marco Aurélio, Willian Diegues, Kias de Souza e Antonio Augusto, o Sapo.
Programa
A competição será realizada hoje e amanhã em função da previsão de ondas boas para esses dias. As baterias começam domingo às 8h e as finais serão disputadas segunda-feira, a partir das 12h. Além da master, estarão em disputa as categorias open, feminina e longboard (pranchões).