Saladino volta ao Brasil por vitórias no atletismo

Foi no litoral da Colômbia – especificamente em Cartagena – que o reencontro entre Brasil e Panamá foi selado. Irving Saladino, campeão mundial em 2007 e olímpico em 2008 do salto em distância, estava no Campeonato Sul-Americano do ano passado quando viu Nélio Moura. “E aí, careca?”, foi a frase de aproximação do panamenho com o (então) ex-técnico, aquele que o ajudou a conquistar seus principais títulos.

Saladino treinou em São Paulo, na pista do Ibirapuera, de 2004 até 2010. Agora, está de volta. Foram três anos longe do Brasil. O encontro em Cartagena, em julho, selou a reaproximação entre atleta e técnico. “Falei um pouquinho com o Nélio e perguntei se poderia voltar ao Brasil. Ele disse que eu sempre teria as portas abertas aqui”, conta o saltador, que manteve o português afiado, apesar de não ter vindo ao País entre 2010 e 2013.

Da jovem promessa que chegou ao Brasil por meio de um programa da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), Saladino passou a ser uma estrela do atletismo. Mas a saudade falou mais alto e ele decidiu voltar para a sua Cólon natal.

Campeão mundial em Osaka/2007, Irving deu ao Panamá sua primeira medalha de ouro olímpica ao vencer os Jogos de Pequim. Ao desembarcar da China, Irving parou a Cidade do Panamá com uma carreata de cinco horas. Tornou-se o “sultão das areias”, deu nome a um centro esportivo em sua cidade… Enfim, tornou-se uma celebridade. O que não foi necessariamente bom para sua carreira. “Naquela época, era o beisebol e eu”, diz, sobre as preferências panamenhas no esporte.

Foi em 2009 que Saladino disputou sua última final em um grande torneio – no Mundial de Berlim, zerou todos os saltos. Competiu em Daegu, dois anos depois, e alcançou apenas 7,94m na qualificatória, insuficiente para ir à decisão. Para quem tem a oitava marca da história, 8,73m, obtida em 2008, era muito pouco. Depois, chegaram as lesões. Ele foi submetido a cirurgia no joelho esquerdo em 2012, mas recuperou-se a tempo de ir à Olimpíada. Em Londres, zerou na qualificatória e não defendeu o título.

Por isso, decidiu voltar ao Brasil. “Quero ser o Irving de anos atrás, quero voltar a ser o Irving de antes.” O saltador admite que a rotina de astro foi um problema, assim como o jejum de títulos. “O primeiro ano depois da Olimpíada foi muito difícil para mim. Eu ligava para tudo o que falavam. Brigava, respondia para jornalistas. Mas comecei a consultar um psicólogo esportivo, que me ajudou muito.” No período, ele se casou e, no início de 2013, veio “a melhor medalha” de sua vida: o filho, Irving David.

Com os treinos ininterruptos no Brasil desde outubro, Saladino tem como meta ir ao Mundial Indoor de Sopot, na Polônia, em março. Para isso, precisa alcançar a marca de 8,16m. Em São Paulo, no dia 25, fez 8,10m. Na Suécia, quinta-feira, saltou 8,11m. “Até o Mundial, dá para melhorar, tenho um bom técnico e ainda tenho coisas novas para aprender.” O sonho, claro, é reconquistar o título olímpico em 2016. E ele conta com o apoio da torcida do Brasil, seu segundo país, para isso.

DUDA É AMIGO E RIVAL – Mauro Vinícius da Silva, o Duda, é o principal atleta brasileiro do salto em distância. Campeão mundial indoor em 2012, Duda viaja hoje para Portugal, onde fará sua preparação para o Mundial de Sopot, em busca do bicampeonato.

Com Irving de volta, Duda ganhou um rival “em casa”. Mas, para o panamenho, os dois saltadores só tem a ganhar com isso. “Eu acredito muito no Duda que é um bom saltador, além de ser uma boa pessoa”, descreve Irving. “A gente se fala muito, brinca, e eu acredito que ele vai saltar muito longe. Ele gostou que eu voltei para o Brasil e a competição aqui vai ficar muito boa. Mas na amizade, porque não somos rivais.”

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