Os dois são amigos, nunca brigaram em público, mas não escondem o desconforto diante de certas perguntas. Michael Schumacher e Rubens Barrichello mostraram isso ontem, depois da pré-classificação para o GP da Inglaterra, em Silverstone. O alemão, primeiro colocado, foi questionado por uma repórter da TV italiana sobre o papel do brasileiro no time, que rodou em sua volta lançada e ficou em penúltimo. “Rubens não está podendo te ajudar muito neste ano, Michael”, comentou a moça. “E quando é que ele me ajudou?”, devolveu de bate-pronto o líder do Mundial.
Barrichello, horas depois, estava tranqüilo no motorhome da Ferrari quando seus recentes maus resultados foram igualmente questionados pelos jornalistas. “Eu não vivo do que dizem as pessoas, mas pelo que eu penso. Dou importância zero aos que me criticam. Não estou nem aí. Estou tranqüilo comigo mesmo. Só tenho de dar satisfação à Ferrari e a mim mesmo, não aos outros”, respondeu, também de bate-pronto.
Assim foi a sexta-feira da Ferrari no primeiro dia de treinos para a 11.ª etapa do campeonato. Um dia de extremos. O alemão ficou 0s275 à frente de Juan Pablo Montoya e foi 0s314 mais rápido que seu irmão Ralf. A dupla da Williams é a maior preocupação do time italiano, já que nas últimas quatro provas fez 65 pontos, contra 39 dos italianos. Já Barrichello vinha numa volta boa quando rodou na curva 15. “Peguei a zebra um pouco molhada, estava começando a chover, a traseira balançou e eu fui direto na brita”, explicou.
A chuva só molhou mesmo as zebras. A pista esteve seca o tempo todo e a previsão para hoje é um pouco diferente. Pode chover depois das 14h locais. Se isso acontecer, Rubens se dá bem. Ele será o segundo na pista para fazer sua volta lançada no treino que define o grid do GP da Inglaterra. Se vier água depois, suas chances de largar na frente são boas.
Os dois ferraristas gostaram do desempenho do carro. “Essa pista é boa para nós”, disse Schumacher. “Vou manter o meu espírito positivo”, completou Barrichello, que no ano passado teve problemas no grid, largou em último e chegou em segundo. Para a corrida de Silverstone, a equipe fez várias mudanças em seu carro. “Nós testamos aqui mesmo há algumas semanas e os resultados foram bons. Sabíamos que andaríamos bem neste circuito”, resumiu Michael.
Entre os brasileiros, o melhor acabou sendo Cristiano da Matta, da Toyota, em décimo. Antonio Pizzonia, da Jaguar, ficou em 11.º. A sessão que define o grid hoje começa às 10h de Brasília.